Procissão luminosa atrai multidão de devotos no encerramento da Romaria das Candeias em Juazeiro

Romaria das Candeias voltou a ser presencial após dois anos (Foto: Vandson Domingos)

Segurando velas, lamparinas e candeeiros, milhares de devotos do Padre Cícero foram às ruas de Juazeiro do Norte, na região do Cariri, na noite desta quinta-feira, 2, para participar da "procissão luminosa", ritual que marca o encerramento da Romaria de Nossa Senhora das Candeias. O cortejo partiu da Capela do Socorro, local que abriga o túmulo do líder religioso, e seguiu até a Basílica de Nossa Senhora das Dores, onde a romaria foi oficialmente finalizada com a bênção do Santíssimo Sacramento.

Suspensa há dois anos por conta da pandemia de Covid-19, a procissão é o momento mais esperado da festa religiosa. A última edição tinha acontecido em 2020, pouco antes do surgimento da crise sanitária. A volta da tradição foi muito comemorada pelos romeiros, que reluziam nos olhos o brilho do grande cordão luminoso formado pelos pontos de chamas. Ao longo do percurso, eles entoavam cânticos em alusão à Mãe de Deus das Candeias e ao Padre Cícero. "Bendita e louvada seja a luz que mais alumeia. Valei-me meu padim Ciço [...]”.

 

A Romaria das Candeias é o primeiro grande evento religioso do ano na “Terra do Padre Cícero” e marca o fim do chamado ciclo de romarias, que começa em julho do ano anterior com a romaria em alusão ao aniversário de morte do padroeiro de Juazeiro. Este ano a Secretaria de Turismo e Romarias do Município (Setur) não divulgou estimativa de público. Na edição de 2020, o evento atraiu cerca de 250 mil fiéis.

 

Romeiros de Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco são maioria entre os que participaram da romaria. Por fé e devoção, muitos deles enfrentam horas de viagem até chegar a Juazeiro do Norte. A aposentada Terezinha de Jesus, 65, por exemplo, percorreu cerca de 487 quilômetros em uma caravana com outros 12 devotos. Eles são de Quipapá, pequena cidade da Zona da Mata Sul pernambucana.

 

O caminho, embora longo, leva a um destino que ela faz questão de visitar pelo menos uma vez por ano. "Já perdi as contas de quantas vezes eu já participei [da Romaria das Candeias]. Só tenho uma certeza: se Deus quiser, no ano que vem eu vou estar aqui de novo", contou a romeira. Nos dias de estadia em Juazeiro, Terezinha frequentou os principais templos católicos e visitou a estátua do Padre Cícero, considerada parada obrigatória para os devotos e turistas.

A romeira Maria Moêmia, 75, não precisou ir tão longe para renovar a fé. Ela mora em Juazeiro, bem perto da Basílica, o epicentro da movimentação de devotos em tempos de romaria. "Eu vejo romarias todos os anos, mas essa está a mais bonita", indicou ela, acrescentando que estava contando os dias para reviver a emoção da procissão luminosa. "Passei todo esse tempo pedindo a Nossa Senhora para acabar com essa doença e graças a Deus nós rompemos com esse tempo ruim".

 

Segundo a tradição popular, a Romaria das Candeias é a mais antiga festa religiosa de Juazeiro do Norte, com origem datada no fim do século XIX. A manifestação teria sido idealizada por Padre Cícero para ajudar um artesão desempregado que havia o procurado para pedir a bênção antes de ir embora da Cidade.

 

“O Padre Cícero deu uma solução a um caso pedindo para que aquele artesão fabricasse candeeiros para organizar a procissão", recorda padre Cícero José, reitor da Basílica. Após a conversa com o artesão, o líder religioso convocou os romeiros para a procissão e indicou a rua e o número da casa onde os seguidores deveriam comprar as lamparinas. Com o sucesso nas vendas, a festa entrou definitivamente para o calendário de eventos da igreja católica na Cidade.

Com informações portal O Povo Online

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