Maracatu Solar se apresentou no bairro Benfica em Fortaleza (Foto: Fábio Lima) |
Teve reencontro no renascer dos festejos mominos no Paracuru, no Litoral Oeste, estampado em sorrisos e rostos sujos de goma. Teve quem redescobrisse os abraços debaixo do sol a pino no cortejo do Solto na Buraqueira, um improviso que resgatou uma vontade de passeio fantasiado, serpenteando pelas ruas do Benfica, Em Fortaleza. Teve reencontro até mesmo com o desejo de calmaria, banhada pelo pôr-do-sol da Sabiaguaba.
Teve o glitter passado de rosto em rosto, como se o Mercado dos Pinhões fora um salão de beleza. Teve um sem-fim de plaquinhas, dessas com trocadilhos de arrancar um riso, e uma profusão de fantasias: o homem-aranha que nesse multiverso se encontrou em um beijo com uma coelha; ou a palhaça enlaçada pelo pirata; corações muitos deles em arcos de cabeça a propagar o amor bem ao lado de onças e Fridas.
Tiveram os corpos formando uma fronteira no resguardo das sombras das árvores na Praça da Gentilândia, na programação cedinho, à espera que o sol desse uma trégua. Teve acocho suado e aquela dorzinha que vem no joelho desacostumado a despencar no Luxo da Aldeia. Quando a Superbanda cantou, a lotação era tanta, que os corpos seguiam um fluxo involuntário, a gente ia se deixando levar. Teve a fascinação de subir em árvores, estender os braços e tentar alcançar uma icônica Pabllo Vittar em meio a multidão que tomou Aracati, no Litoral Leste.
Teve o reencontro com uma saudade que ainda lateja, com Gal Costa celebrada pela Borogodó e sendo o ponto alto do show de Zeca Baleiro. Em sua multiplicidade, o Carnaval deu espaço também para uma programação na Praia de Iracema que nem parecia fevereiro e ainda assim, com olhos de fantasia, o coração se enchia de esperança, esse sentimento que também retorna e foi cantado e propagado por Geraldo Azevedo. E reverbera.
“O Geraldo no show dele falou muitas vezes que esse era o Carnaval da esperança, que a gente pode voltar a respirar, se encontrar, se abraçar. É histórico, voltamos pras ruas, estamos abraçando de novo, encostando um no outro. E a música é um meio de dividir, de compartilhar os anseios, as dificuldades, e também as alegrias”, conta João Paulo Martins, um dos vocais do bloco Luxo da Aldeia, que no último show no Benfica, na segunda-feira, 20, também puxou um viva ao amor, à rua, e à liberdade.
Sentir-se livre foi uma querência que também teve espaço no Carnaval. Dona Ângela Maria Leite Pereira, 73, decidiu que, ainda que com cautela, era hora de ver o mundo. “Ficamos todos guardadinhos com medo da doença, que é muito perigosa, ainda hoje a gente tem que ter cuidado. Mas agora a gente se sente um pouquinho livre”, contou, enquanto curtia a folia da Capital.
Acostumado
em tempos idos a fazer do Carnaval um palco para suas criações, o designer Zé
Filho, 30, este ano escolheu o amor em canções como tema para costurar as
quatro fantasias. Exagerado, de Cazuza, A Loba, de Alcione, Alucinação, de
Belchior, e Santo, de Marina Sena, foram revisitadas. Zé traça um paralelo
entre a sensação que toma o corpo quando se apaixona com aquilo que vibra em si
quando é Carnaval. Passados três anos, os últimos dias foram, pois, o
reencontro com um amor antigo.
“Quando idealizo algo, eu tenho algumas etapas: sonhar, projetar, realizar e celebrar. E eu conseguia ainda sonhar e projetar, em casa, e tinha ainda algumas realizações. Mas eu não conseguia celebrar nada, porque não via motivação no grande caos que a gente vivia. O Carnaval é pra mim um reencontro com a celebração!”, resume.
Mais votada na enquete do jornal O POVO para música do Carnaval, com mais de 70% dos votos, "Zona de Perigo", do Léo Santana, dividiu os auto-falantes na folia com "Cria da Ivete", da cantora Ivete Sangalo
Com
informações portal O Povo Online
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