Tanto Cid quanto Sarto demonstraram as respectivas mágoas e incômodos com a situação partidária (Foto: Reprodução/Twitter) |
Tanto Cid quanto Sarto demonstraram as respectivas mágoas e incômodos. De diferentes naturezas. Cid se considera o mais sacrificado — sacrifício que reconhece que ele mesmo se impôs. Já Sarto se considera vítima dessa situação, por sentir o impacto na Prefeitura.
O
sacrificado
"Ninguém foi mais sacrificado pessoalmente, no sentido de me impor um autosacrifício, do que eu. Eu me impus um sacrifício no processo eleitoral, em função das decisões que foram tomadas e, enfim, fiquei calado o tempo todo", disse Cid Gomes.
Ele discordou da estratégia eleitoral conduzida pelo irmão, Ciro Gomes. A situação levou a um conflito familiar que ganhou contornos públicos como eu nunca tinha visto nos Ferreira Gomes.
A
vítima
O prefeito Sarto também proferiu algumas boas frases. "Me sinto o único... a vítima dessa história, porque logo quando eu sou prefeito a negada resolve brigar", disse sobre a divergência entre PT e PDT, após tanto tanto de harmonia.
"(Há) incompreensões cá e lá, mágoas persistem ainda pós-eleição”, falou o prefeito sobre a situação.
O
erro
Cid: "Houve a divergência. O partido perdeu. A estratégia foi claramente, as urnas mostraram isso, equivocada. Mas, infelizmente algumas pessoas não admitem o erro e querem continuar alimentando uma divergência que não é a característica do PDT".
Parece-me difícil negar que a estratégia do PDT deu errado, muito errado. Não sei se não contavam que Camilo Santana (PT) não aceitaria a escolha de Roberto Cláudio como candidato a governador, ou não contavam com o modo com que o hoje ministro entrou na campanha. O fato é: se Elmano venceu no primeiro turno, a tendência seria uma eleição ainda mais fácil para Izolda Cela, no cargo de governadora e com apoio de uma ampla aliança.
O erro é claro, embora Cid diga que há quem não admita. Aí está o ponto de atrito com os protagonistas da estratégia de 2022: Ciro e Roberto Cláudio.
Governo
Elmano
"O PDT tem uma postura, por sua maioria, de cumplicidade, no bom sentido, com esse projeto. Enquanto o Elmano estiver dando sinais de fidelidade no sentido de projeto", acrescentou Cid.
"Então, por que nós vamos divergir? Por uma questão pessoal, de fígado?", indagou. Nessa fala, o senador questiona a motivação da ala divergente. Não ficou por aí.
Postura
que desagrada Cid
Cid apontou o que entende como contradição da parte de aliados de Sarto e Roberto Cláudio.
"O engraçado. Quando o prefeito Sarto, por obrigação legal, faz a Taxa do Lixo, a pessoa aprova. Quando o governador Elmano manda uma elevação de alíquota do ICMS, que ninguém gosta de fazer, ninguém gosta de aumentar imposto. Mas o maluco do Bolsonaro, irresponsavelmente, demagogicamente, na véspera da eleição, aprovou uma série de questões que fizeram com que a receita dos estados caísse. Isso tem de ser compensado", apontou. "Você não pode nessas horas criticar. Diz que o Sarto está certo quando implanta a Taxa do Lixo, que, repito, era uma obrigação. Se ele não fizesse isso, ele podia ser responsabilizado criminalmente. E quando o Elmano faz para recompor receita, critica. Não dá para ser assim".
Apenas acrescento que a mesma crítica tem sido feita por pedetistas a petistas que foram contra a Taxa do Lixo e a favor de aumentar o ICMS.
Postura
que desagrada Sarto
O prefeito, por sua vez, demonstrou o incômodo com vereadores dentro do próprio PDT que fazem oposição a ele — especificamente Júlio Brizzi e Enfermeira Ana Paula. “Começaram já fazendo oposição. Preconceituosamente. Sem saber a que vim, para onde vou e o que estou propondo”.
Ceará
é uma coisa, Brasil é outra
Apesar da afinação com o PT local, Cid deixou claro que a situação nacional é outra. "O PT do Ceará é diferente da média do PT do Brasil". Ele afirmou que pregou o voto em Lula no segundo turno nacional para derrotar Bolsonaro. "Acho que aqui no Ceará a gente tem de virar a página também".
Rumo
Nesse clima, Sarto comentou para onde pode ir o partido, e de que forma. "Conversa em que não há franqueza, sinceridade, em que não existem esses componentes, não pode progredir. Quando há franqueza, paz no coração, tranquilidade, a gente diverge, compreende diferenças, compreende projetos diferentes e, se ao final a gente não chegar a um consenso, aí o partido define em votação".
Publicado originalmente no portal O Povo Online
"Blocão"
que vai de PT a PSDB é criado
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