11 de janeiro de 2023

Por pior que seja o governo, bolsonarismo se mostra pior, por Érico Firmo

Anderson Torres, Ibaneis Rocha e Bolsonaro devem ser responsabilizados por atos terroristas (Foto: Reprodução/Twitter)

Os eventos protagonizados no domingo pelos manifestantes em Brasília, além da violência, da truculência, do autoritarismo e da intransigência, também demonstram agudo déficit de inteligência, caráter, honestidade, sanidade ou até todos esses juntos. São desprovidos ainda de qualquer senso de estratégia — mas aí eu sei que é querer demais de quem demonstra grau tão extremo de descolamento da realidade. Se a ideia era enfraquecer o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), parabéns, conseguiram o exato oposto.

Não dá para dizer, de nenhuma maneira nem para ninguém, que os acontecimentos de 8 de janeiro em Brasília tenham tido algo de positivo. Não tiveram. Foram tristes e expuseram o grau de deterioração social brasileira. Porém, apesar de todos os aspectos negativos, que afetam também o governo em curso, as cenas de terror na Praça dos Três Poderes fortalecem a posição do presidente Lula.

Na política normal, esse é o período em que os derrotados se recolhem. O governo em curso atrai as atenções. Depois de certo tempo, variável, passa a ser cobrado. Então, a oposição, após certo período, volta à carga e aponta os problemas. É assim que a política opera.

A primeira semana de governo Lula foi movimentada e atribulada. Houve iniciativas controversas e passou a haver muitas críticas de diversos segmentos e reações negativas, em particular na economia. Os recuos foram diversos. Essa pauta está agora em segundo, terceiro, décimo plano. Os extremistas bolsonaristas conseguiram mudar a agenda política brasileira nos primeiros dias de governo, o que era muito improvável. E fizeram isso a favor do adversário. Um clássico instantâneo da incompetência política.

Raposa velha nesse negócio, Lula tratou de reunir as principais autoridades do País. Todos prestaram solidariedade aos poderes agredidos. O presidente, ele é bom nisso, cuidou de produzir uma poderosa imagem política. Os chefes de poderes, instituições e governadores do País todo trataram de cruzar a pé a Praça dos Três Poderes, do Palácio do Planalto ao Supremo Tribunal Federal (STF). Caminharam pelo que havia sido o palco dos confrontos pouco mais de 24 horas antes. Uma sinalização de que a barbárie não irá se impor e o Estado brasileiro irá prevalecer.

Os extremistas aloprados relembram a quem já torcia o nariz que, por pior que venha a ser o terceiro governo Lula, ainda assim será muito melhor do que seria com Bolsonaro e sua trupe de destrambelhados. Aliás, dificilmente seria pior com qualquer um do que com Bolsonaro.

As posições no Congresso

O Congresso Nacional referendou a intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal. A votação foi simbólica. Só dois partidos não orientaram voto a favor. O PL, dos Bolsonaro, e o Novo, que liberaram as bancadas.

No Senado, foram oito votos contra. Um deles, do senador cearense Luis Eduardo Girão (Podemos). Filho do presidente, Flávio Bolsonaro (PL-RJ) também foi contrário. Completaram os votos contra a medida Styvenson Valentim (Podemos-RN), Plínio Valério (PSDB-AM), Carlos Portinho (PL-RJ), Carlos Viana (PL-MG), Luis Carlos Heinze (PP-RS), Zequinha Marinho (PL-PA), Lasier Martins (Podemos-RS) e Marcos do Val (Podemos-ES).

Publicado originalmente no portal O Povo Online

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