Brasileiros vencem medo após episódios de violência e lotam Esplanada (Foto: Ricardo Stuckert) |
Mais de 10 mil policiais e um dos maiores esquemas de segurança da história de Brasília garantiram um dia de festa e de paz para os 300 mil brasileiros que escolheram o Planalto Central para comemorar a chegada de 2023 e prestigiar a cerimônia de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Embora o clima de tensão que antecedeu a solenidade, o dia transcorreu sem grandes ocorrências.
De acordo com a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), a central recebeu apenas quatro chamadas, sendo dois alarmes falsos para a presença de artefatos explosivos. À tarde, um agente da Polícia Federal (PF) usou uma arma especial para neutralizar um drone que sobrevoava a Esplanada dos Ministérios. Apenas uma pessoa foi presa durante a revista. O homem portava uma faca e fogos de artifícios e foi conduzido à delegacia.
O forte esquema de segurança incluiu policiamento reforçado em toda a região pela Polícia Militar (PMDF). Unidades especializadas da corporação e da Polícia Civil (PCDF), como tropas de choque, cavalaria, operações aéreas, policiamento com cães e operações especiais também foram acionadas. A ação especial contou com o bloqueio de avenidas, barreiras para revista dos presentes e a criação de uma Cidade da Segurança na área do Museu Nacional.
Outro detalhe que chamou atenção foi o número de seguranças que acompanhou o veículo conversível utilizado pelo presidente para o desfile, que saltou de 10 para 40 agentes.
Para a manutenção de um clima pacífico, as forças de segurança determinaram uma série de restrições. A entrada com armas brancas ou objetos pontiagudos, garrafas de vidro, latas, hastes de bandeiras, espetos de churrasquinhos, laser, armas de brinquedo, barracas, tendas, fogões, fogos de artifício, artefatos explosivos e dispositivos de choque elétrico ou sonoros estavam proibidos.
Até
o fechamento desta edição, o Corpo de Bombeiros contabilizou um total de 160
atendimentos. Cinco pessoas foram encaminhadas a hospitais, mas sem gravidade.
Outras 34 foram levadas ao posto do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
(Samu). Os atendimentos foram clínicos, como pressão alta, desidratação e mal
estar devido ao calor.
Filas
e espera
Nem mesmo o Sol que voltou a dar às caras na capital do país afastou o público. Ainda nas primeiras horas do dia, longas filas se formaram no Eixo Monumental, no acesso à Esplanada. Animadas e entoando canções e gritos em homenagem ao presidente, o público aguardava a revista para ingressar na arena mostrada para festa.
Por motivo de segurança, a área em frente ao Palácio do Planalto, na Praça dos Três Poderes, foi reservada para 40 mil pessoas. Segundo informações da PMDF, por volta das 13h, o quantitativo foi atingido e o acesso foi bloqueado. O público passou a se concentrar em frente ao palco reservado para o Festival do Futuro, na área entre os Ministérios e o Congresso Nacional.
Clima
tenso
O clima pacífico e brando até causou estranheza para as autoridades e para quem acompanhava a cerimônia, uma vez que nas últimas três semanas a capital passou por momentos de tensão e pavor. O sinal de que algo grave poderia ocorrer soou em 12 de dezembro — dia em que Lula foi diplomado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) —, quando extremistas bolsonaristas deixaram um rastro de destruição no centro da cidade, após a prisão de José Acácio Serere Xavante, conhecido como cacique Tsereré, detido por promover atos antidemocráticos.
Os vândalos incendiaram oito veículos, entre carros particulares e ônibus, e depredaram edifícios e a 5ª Delegacia de Polícia, localizada na área central. Os atos levaram quatro bolsonaristas à cadeia. Todos foram presos em uma operação conjunta entre a PF e a PCDF. Os presos são pessoas que se candidataram a cargos públicos e pastores. Todos eles chegaram a ficar acampados em frente ao Quartel-General do Exército (QG).
Não bastasse o vandalismo, na véspera do Natal, uma bomba encontrada no eixo de um caminhão-tanque, na via de acesso ao Aeroporto, colocou Brasília em alerta. O artefato foi detonado pelo Esquadrão de Bombas do Batalhão de Operações Especiais (Bope). A explosão teria provocado uma tragédia sem precedentes na história da cidade, segundo avaliação da perícia.
O responsável por dispensar o artefato é George Washington de Oliveira Sousa, 54 anos, natural do Pará. O empresário bolsonarista está preso no Complexo Penitenciário da Papuda desde 25 de dezembro. A polícia investiga a atuação de mais envolvidos.
Alerta
Na semana passada, a PM atendeu a outras quatro ocorrências por suspeita de bombas. Em uma área de mata no Gama, região administrativa distante cerca de 35 km do centro de Brasília, policiais encontraram 40 kg de dinamite e fizeram a detonação no local. Ontem, a PM atendeu a dois chamados semelhantes.
Pouco antes de meio-dia, a operação Petardo foi acionada para verificar uma sacola plástica suspeita deixada na Estação 108 Sul do Metrô. A ameaça levou à evacuação do espaço e à suspensão temporária da passagem de trens. Segundo o Corpo de Bombeiros do DF, por volta das 11h, o piloto de uma composição avistou duas bolsas próximas a um dos trilhos e contatou as equipes de segurança. O objeto, no entanto, era uma sacola plástica com materiais de construção.
Horas depois, policiais foram acionados para averiguar duas mochilas, uma encontrada nas imediações da Praça dos Três Poderes, e outra próximo ao Ministério da Aeronáutica. Por precaução, os objetos foram removidos e detonados pelo Bope. Em nenhum dos itens foi constatada a presença de artefato explosivo.
Com
informações portal Correio Braziliense
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