Ministro da Defesa José Múcio e comandantes militares (Foto: Reprodução/TV Brasil) |
Após admitir "desconfiança" em relação à atuação de militares ante os ataques e depredações em Brasília, no último dia 8, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dispensou 40 integrantes das Forças Armadas que atuavam na coordenação de administração do Palácio da Alvorada no regime de gratificação.
Em meio a relações estremecidas com os militares, Lula deve se reunir, ainda nesta semana, com os três comandantes das Forças Armadas e com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro. A pauta oficial é a modernização das corporações.
O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, negou que a reunião seja um agrado às Forças Armadas. "Não é afago porque não é novidade. O presidente não pediu isso agora, ele pediu antes. Antes de escolher os comandantes, ele disse que gostaria de receber e alinhar a modernização das Forças Armadas com o que as principais nações fazem", frisou, após almoço, ontem, com Monteiro. "Isso foi pensado antes dos ataques. Não é uma reação, compensação mitigadora do que aconteceu."
Costa enfatizou que Lula havia pedido às Forças, em dezembro, uma proposta em relação à modernização. "Eles já estão prontos, e nós vamos marcar agora. Vou tentar a agenda ali do presidente até sexta-feira, para ele assistir à apresentação deles, da modernização, dos investimentos, de que forma podem se alinhar nesse conceito", frisou.
O ministro evitou atrelar as medidas aos atos terroristas. "Diria que não podemos, de forma nenhuma, permanecer com nossas instituições contaminadas por esse conceito que se encerrou de governo no dia 31. Qualquer nação do mundo, se ela quer se desenvolver, se quer ser forte, democrática, tem de ter instituições de Estado, e não de governo, e instituições fortes", destacou.
"Um sistema judicial forte, com um Ministério Público forte, com Forças Armadas fortes, mas que sejam e pensem enquanto projeto de Estado. As ações de governo estão sendo pensadas e planejadas, não somente para o governo Lula, mas como políticas de planejamento de Estado, de longo prazo. E não podemos misturar isso com comportamentos inadequados de um, de dois, de 10", complementou.
Lula e Monteiro também se encontraram na segunda-feira. A agenda não constava nos compromissos presidenciais. A informação foi passada ao Correio por fontes próximas ao chefe do Executivo.
Entre os 40 militares dispensados por Lula, está o coronel Marcelo Ustra da Silva Soares, primo do torturador da ditadura militar Carlos Alberto Brilhante Ustra.
Já no Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que funciona no Palácio do Planalto, ao menos três perderam as funções. Também foi incluído um cabo que atuava na Granja do Torto, outra residência presidencial. As portarias com as dispensas foram publicadas no Diário Oficial da União (DOU) de ontem.
Em café da manhã com jornalistas, na semana passada, Lula sinalizou usar como ajudante de ordens servidores que já trabalhavam com ele, justamente por causa da perda de confiança em relação ao militares.
Lula afirmou, na ocasião, que o Planalto estava "repleto de bolsonaristas" e que pretende fazer uma "triagem profunda" no prédio com o objetivo de formar um "gabinete civil".
Rui Costa ressaltou que "ainda tem muita gente para sair" nessa reformulação do novo governo. Segundo ele, as substituições deverão ocorrer em maior volume a partir do dia 23 até o fim do mês.
"A troca de assessores, que são cargos comissionados, estão ocorrendo em todos os ministérios, e ocorrerão independentemente de serem militares ou civis", disse.
Ele alegou que as mudanças são naturais. "Não se trata de confiança. É normal que, mesmo dentro das Forças Armadas, haja um rodízio, para dar oportunidade a outros militares, até porque outras pessoas têm capacidade técnica para exercer esses cargos. Não tem nenhuma novidade ou mistério. Se mudou a filosofia, o conteúdo tem que mudar."
Com
informações portal Correio Braziliense
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