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Altaneira festejava esse dia como um dia de Declaração a Liberdade. No primeiro momento, os libertadores festejavam na essência da causa. Depois, todos festejavam lembrando a essência da coisa. Não digo do ponto de vista de festas propriamente ditas, fogos de artifícios, etc, etc, etc.
Falo
das festas nossos corações, do sentimento de pertencimento as nossas raízes
culturais e afetivas.
A
data em dezembro agregava a ela a ideia de os filhos ausentes retornarem as
suas origens altaneirenses para os festejos de fim de ano e isso incluía também
o aniversário de Altaneira.
Aquela
Altaneira que era tão festejada.
Mas
mexeu-se na essência do povo altaneirense. Não resta dúvida. Mexeu-se na alma
do altaneirense. Hoje já se percebe no nosso povo um desencantamento da nossa
história como identidade de um povo altamente dedicado e hospitaleiro. Uma
desesperança de que dias melhores hão de vir. Uma descontinuidade temporal. As
fases de Altaneira mudam a cada mudança de representação do executivo. O que já
está bem claro que é extremamente prejudicial a nossa existência enquanto casta
social.
Já
passei por muitos 18 de dezembro. Nos primeiros, aplaudi, participei, ajudei a
construir enquanto povo, enquanto agente participativo da história em que me
sentia incluído. Depois fui visitante, para aplaudi e para prestigiar,
reconhecendo os valores que ainda se mantinham. Muito depois me ausentei pela
presença. A minha poesia, a minha crônica, a minha oração e o meu cuidado distante,
a minha preocupação contínua. Hoje... 18 de dezembro... Não me leva mais a
Altaneira. Tenho medo dos reencontros. Não tenho medo do progresso, o quero
para minha Altaneira, mas sinto falta da simplicidade do povo altaneirense. O
povo altaneirense que não é respeitado nas suas particularidades e identidade
cultural, visto que não lhe observam as características culturais que tem, mas
o submete a um modelo padrão cultural arcaico, engessado e com vistas aos
modelos das células circunvizinhas. Que triste realidade!
Altaneira
não sai de mim, do meu íntimo, porque está na formação das minhas entranhas.
Não penso, ou lembro, ou escrevo sobre ou para Altaneira aos 18 de dezembro.
Não! Penso sempre, escrevo sempre, falo sempre. E contribuo como posso. Há o
momento em que contribuo com o silêncio, diante dos escândalos que cercam de
imoralidade a administração pública; contribuo com minha poesia quando tento
resgatar a sua história; continuo com a minha crônica quando tento fantasiar a
nossa cidade e a nossa gente a fim de que esqueçam-se um pouco dos problemas do
progresso e dos sistemas entendidos apenas por aqueles a quem a justiça de
quando em quando espreita nas madrugadas altaneirenses, que até nisso ajuda ao
Brasil quando deixa despontar o sol mais cedo do que nas células vizinhas;
contribuo com o meu cuidado e com a minha biografia que, se até hoje não deu a
Altaneira um filho ilustre, porque não tenho méritos pra isso, mas não haverá
de dar-lhe um filho indigno, pois jamais me candidatei para tanto.
Esse
18 de dezembro me levou a essa reflexão mais intensa no sentido de buscar na
essência da Altaneira de agora o que ainda há de bom da Altaneira antiga. Não
falo do retrocesso, da miséria, da falta d'água... Falo do que se é possível...
Do que se é visível... Do que se é necessário.
O
progresso que mantem o povo distante das praças talvez não seja exatamente o
progresso, talvez seja a falta e praças. A falta do cuidado com as praças. A
falta de atrativo nas praças. E a quem se deve cobrar isso? A quem ja usou a
praça um dia, nao faz nada pela praça hoje e amanhã falará de outros no lugar
da praça e em pé. Porque ali já não haverá mais praça!
Entenda-se
por praça, que ganhou aqui um capitulo repetido a parte, muitos outros prédios
e monumentos e equipamentos municipais.
18
vezes homenageei Altaneira como filho ausente. Mas nesse 18 de dezembro entendi
que deveria quebrar fechar o ciclo. Essa não é a 19 homenagem. Mas a primeira.
A primeira que remomora ao nosso povo a Altaneira que estão deixando se perder
em prol de grupos que visando apenas interesses próprios, negam a história
altaneirense e a sua gente.
Aos
que me entenderem a minha indignação, elevo o meu abraço e a certeza de que
ainda terei em Altaneira com quem compartilhar a dor de perder-se na história dos
tempos onde perderam-se também aqueles que não preservaram a sua história local
e não zelaram pela sua identidade moral.
Aos
que não me entenderem... Terei paciência. Eu ainda guardo os valores morais que
aprendi em Altaneira.
Leia também:
Altaneira completa 64 anos de Emancipação Política, por Nicolau Neto
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