12 de dezembro de 2022

12 histórias sobre as eleições em Altaneira


Encerrando a série #BA12Anos selecionamos 12 histórias sobre as eleições de Altaneira. Fatos marcantes para os leitores/eleitores e relatos que não foram divulgados e outros que caíram no esquecimento. Confira os relatos selecionados:


1) A eleição que o prefeito não fez campanha, por Louro Duarte

Existe uma máxima em Altaneira que "A Prefeitura nunca perdeu uma eleição", mas poucos sabem que no pleito de 1.972 o então prefeito Euclides Nogueira Santana, popularmente conhecido por Seu Quido, não declarou apoio formal a nenhum dos dois candidatos.

Disputaram aquele pleito dois ex-prefeitos, Francisco Fenelon Pereira e José Rufino de Oliveira, ambos da ARENA, naquela época existia a sublegenda. Os dois candidatos também eram compadres do prefeito.

Fenelon Pereira tentava ser lançado candidato único, uma vez que todas as lideranças já tinham se revezado no comando do Município, ele tem a maioria no Diretório Municipal, mas o partido, através da atuação do deputado Cincinato Furtado Leite assegurou a candidatura do ex-prefeito Oliveira.

Naquele pleito se criou os apelido FELIPE para eleitores de Oliveira e PALETÓ para os eleitores de Fenelon.

O ex-vereador Raimundo Rufino conta que na véspera da votação um eleitor perguntou a Seu Guido em quem ele iria votar e recebeu a seguinte resposta: "gato por ser apressado nasce com os olhos fechados".


2) O meu primeiro voto, por Ivanildo Cidrão

Eu me lembro com saudade da campanha política de 1976, pois marcara um dos momentos mais esperado por mim, o meu primeiro voto.

Com o período aberto para as qualificações, via aquele movimento de ambos os lados levando gente para o Cartório Eleitoral na cidade de Farias Brito, para se qualificarem. Ficava a contar os dias para o meu aniversário de 18 anos.

Passavam por minha mente e visão muitas cenas do pleito anterior: aquelas pessoas pregando os retratos, os comícios, as pesquisas, a eleição, a apuração em Farias Brito e por fim, a festa da vitória dos eleitos.

Com a definição dos escolhidos para o pleito, a campanha toma uma dimensão mais competitiva e ganha um meio de publicidade inédito: a rural de Raimundo de Zé Vicente, chegando de surpresa, já no horário noturno e percorrendo as principais ruas da cidade com a propaganda dos candidatos Ivan e Orlando. Nos dias seguintes era um atrativo por onde passava e logo os simpatizantes da dupla já cantavam e acenavam na passagem do veículo. Minha mãe, não demorou para aprender um pouquinho que dizia: “No Tabuleiro, Valério, Estevão e São Romão. Ivan e Orlando vão ganhar a eleição”.

Isto fazia eu sentir um desejo forte de participar daquela escolha para prefeito (Ivan) e de um ex-colega do curso ginasial Mundim Soares para vereador.


3) Lembranças de uma campanha histórica, por Maria Duarte

No ano de 1996 eu era filiada ao Partido da Frente Liberal, o famoso PFL, o qual meu irmão Lourival era presidente, fui convidada para participar de uma reunião com o objetivo de escolher um candidato do grupo de oposição, uma vez que o candidato natural, o Dr. Eluizo desistiu da disputa.

Era a minha primeira participação em uma reunião política pela oposição, mas tinha vários amigos e amigas de outras campanhas.

O nome de consenso foi do então vereador Adevaldo Arrais, do PMDB, que simboliza a maior força de oposição naquele período, pois além de boas qualidades como empresário e cidadão, foi responsável por formar uma maioria na Câmara Municipal. Foi confirmado como candidato a vice-prefeito o vereador Caboquinho, a maior liderança do Vale do São Romão.

Lembro bem que foi a campanha mais organizada da história política de Altaneira, os discursos eram pautados em propostas de governo. Toda a campanha foi pautada no diálogo, na verdade e na seriedade.

Foi uma campanha de luta com fé e garra, mas prevaleceu a cultura de quem vence em Altaneira é sempre quem está no Poder e perdemos a eleição para João Ivan Alcântara.


4) O meu primeiro voto já foi na oposição, por Ariovaldo Soares

Em meados de 1986, cursava então a oitava série do ensino fundamental, outrora designado de "ginásio", foi quando através de um colega, chamado Edmar Vieira, que era adepto do falecido Antonio Rufino, passamos a conversar sobre política. 

De logo, fiquei convencido da militância em favor do candidato Tasso Jereissati, que concorria ao governo do Estado do Ceará. Participei ativamente daquele comício realizado na praça Pe. Agamenon Coelho. Todavia, em razão de não ser eleitor inscrito, só vim a exercer o direito de voto na eleição de 1988, quando optei pelo candidato Antonio Rufino, derrotado nas urnas pelo ex-prefeito João Ivan, em contrariedade a toda minha família que o apoiava, o que me rendeu muitos infortúnios. 

Desde então, segui minha militância política sempre apoiando os grupos de oposição, exceção para as votações no ex-prefeito Delvamberto Soares e para o atual prefeito, a contra gosto, em 2016. 

Candidato pelo grupo de oposição em 2020, o povo de altaneira, elegeu me vereador, a qual tenho a honra de representar.


5) A minha primeira aposta, por Ana Flávia

Em 2004, aos 10 anos de idade, participei da minha primeira campanha eleitoral em Altaneira. Apesar da pouca idade não permitir que eu votasse, o fato de nascer e crescer num ambiente onde a politíca partidária é uma espécie de religião, foi suficiente para me fazer vestir a camisa, lançar mão da bandeira, decorar os jingles e participar de todos os comícios de Zé David e Mago. 

Pé-de-boi da gema, eu adorava ameaçar "quebrar o bico dos tucanos" e nunca tive a pretensão de "pegar o beco", como sugeria o jingle de Dorival e Fenelon. Como a eleição precedia em poucos dias a festa da padroeira e eu estava muito confiante na vitória do 23, apostei um ingresso do parquinho com uma amiguinha da escola. 

Fomos até a ARCA, usamos uma máquina de datilografia para digitar os termos da aposta e assinamos no final do documento com mais duas amigas de testemunha, afinal, uma pé-de-boi não confia na palavra de uma tucana e vice-versa. 

O resultado todos sabem... perdi a aposta! De lá pra cá em Altaneira é só derrota! 


6) Com uma câmera na mão e um sonho na cabeça, por Fabrício Ferraz

Cheguei em Altaneira no início de 2003 e mesmo não tendo me filiado a algum partido, busquei, de alguma forma, engajamento político, apoiando os grupos de oposição. Naquela época, havia forte rivalidade entre os grupos denominados de “Tucano” e “Pé-de-Boi”, gerando enorme divisão no município em períodos eleitorais. 

Das eleições que participei enquanto morei em Altaneira, indiscutivelmente, a que trago mais forte em minha memória é a de 2008. Participei ativamente, ao lado dos “Pé-de-Boi”, buscando eleger o então candidato Delvamberto Soares. O jingle de maior sucesso anunciava “Lula lá e Delvamberto cá”

Na campanha, atuei principalmente na produção de material audiovisual, que era utilizado nos comícios. Além disso, recordo-me de um episódio, em especial, onde fiz uma filmagem do evento de convenção da coligação PSDB/DEM, que haviam cometido irregularidades, fazendo propaganda antecipada e promovendo um show artístico durante o ato, fato que gerou multa ao então candidato a Prefeito, Antonio Dorival e aos partidos. 

Depois fiquei sabendo que por pouco não apanhei, pois, um grupo de Tucanos estava planejando me arrancar do evento e foram impedidos por outros companheiros. Mesmo tendo sido uma campanha maravilhosa, perdemos a eleição por uma diferença de apenas 15 votos. 

Hoje não tenho mais domicílio eleitoral em Altaneira, mas acompanho à distância o desenrolar da política no município.


7) O histórico Comício das Mulheres, por Micirlandia Soares

A campanha de 2008 foi marcante por vários fatos, como foi bem descrito no BA, mas o grande marco daquele pleito foi a realização do Comício das Mulheres.  Idealizado e organizado pela professora Meirenildes Alencar juntamos no palanque dezenas de mulheres altaneirense que apoiavam o processo de mudanças em Altaneira.

Realizaram uma grande caminhada pelas ruas da cidade e um comício onde discursaram a Dra. Magdala, candidata a vice-prefeita, nossas candidatas a vereadoras e esposas de candidatos e outras lideranças femininas.

O ato também foi um desagravo em favor da Dra. Magdala que teve sua candidatura impugnada pela promotora eleitoral, pelo fato de assinar uma receita médica com o timbre da Prefeitura.

Centenas de mulheres altaneirenses cantavam os jingles da campanha e gritavam palavras de ordem.

Foi de fato um momento histórico.


8) A minha primeira eleição, por Francisco Adeilton

No ano de 2008, véspera da convenção partidária do PSDB, alguns amigos começaram me incentivar a ser candidato a Vereador, algo que jamais havia pensado em concorrer. Após diversas conversas, no dia da convenção aceitei esse desafio. Primeiro tive que pedir exoneração dos cargos de professor, pois era temporário no município e no estado. 

Iniciamos uma campanha de diálogos, apresentando propostas e garantindo aos nossos aliados e demais amigos que teriam na Câmara uma voz firme, leal, de defesa dos nossos direitos e pela melhoria da vida de nossa gente. 

A medida que a campanha tomava corpo na cidade, comecei receber apoio de todos os lados e lugares, consegui ser o mais votado com 9,87% dos votos válidos. 

Confesso que achei essa primeira campanha muito divertida, fácil e apoiada por muitos. Acredito que por assim ser, me motivou a realizar um grande mandato como vereador de Altaneira, sendo homenageado e reconhecido pela grande atuação parlamentar, elevando meu eleitorado na segunda campanha.


9) A primeira campanha, por Paulo Robson

A primeira campanha eleitoral que participei ativamente, em Altaneira, foi também a primeira que exerci efetivamente minha cidadania e meu direito ao voto num pleito municipal. Já havia votado em 2002, nas eleições presidenciais, em Ciro Gomes. 

Em 2004, 19 anos, como um jovem sonhador, cheio de esperanças em uma Altaneira mais desenvolvida, obediente às escolhas e decisões familiares, pois sempre que morei com meus pais procurei honrá-los respeitando e acompanhando suas decisões políticas, decidi votar e apoiar o então vereador Antônio Dorival (PSDB), que disputava a eleição com o advogado José David (PPS). 

Minha participação na campanha se deu de maneira ativa visitando alguns amigos, principalmente aqueles que integravam os meios esportivos e sociais que eu participava, além de sempre estar presente nos “movimentos partidários”, os saudosos comícios, as carreatas e passeatas, os conhecidos “mungunzás” nas casas dos apoiadores, etc. 

Naquela época o que não faltava era motivo para criar uma maloca e fazer uma boa zoada regada a muita política.


10) Uma campanha diferente, por Junio Carvalho

A primeira campanha eleitoral que realmente participei de fato foi na eleição suplementar de 2011, uma campanha totalmente diferente das que tinha testemunhado.

O prefeito eleito em 2008 foi cassado pela Justiça Eleitoral, o presidente da Câmara assumiu a Prefeitura e o empresário Delvamberto Soares que quase ganha aquele pleito disputava novamente, dessa vez com professor Joaquim Rufino.

Foi a campanha mais fiscalizada, com equipes da Polícia Federal, Polícia Civil e Polícia Militar com grande contingente, além de promotor e juiz eleitoral o tempo todo na cidade.

O sentimento que pude observar foi que sem a pressão dos mandatários, que há muitos anos estavam no poder, o povo ficou a vontade para escolher e optou pela mudança, algo que já se via nos grandes comícios e arrastões.

A apuração paralela foi realizada no escritório jurídico da campanha, instalado ao lado da Chácara de Ariovaldo Soares, a cada boletim que chegava era uma emoção diferente, a gente sentia a emoção das pessoas em cada gesto, alguns ainda sem acreditar.

O resultado foi a maior maioria da história política de Altaneira e mesmo antes do término da apuração o povo começou a comemorar e saíram em um grande arrastão pelas ruas para comemorar a vitória de Delvamberto.


11) A segunda vez que um partido elegeu seis vereadores, por Eduardo Amorim

Desde muito jovem me interessei pela política. E pude participar efetivamente das duas últimas campanhas eleitorais municipais. Em 2016 mais timidamente, apenas auxiliando os profissionais dos serviços jurídicos e contábeis. Já em 2020, com mais experiência tomei a frente do administrativo da campanha dos candidatos do PT, coordenando a integração entre jurídico, contábil e político.

Foi um trabalho difícil por ser a primeira eleição após a Comissão Processante que o Prefeito enfrentou na Câmara Municipal e a consequente reorganização dos grupos políticos, onde figuras antes antagônicas estavam juntas. Não se podia negar que havia um clima, não verbalizado, de desconfiança – creio eu, que em ambos os lados.

O momento que mais me marcou naquele trabalho foi a reunião que realizamos uma semana antes do pleito com todos os oito candidatos a vereadores.

A equipe montou o sistema de apuração de votos, e mostrou simulações de resultados para a composição do legislativo. Demonstramos naquela oportunidade que com o fim das coligações e todos nossos candidatos concentrados em um único partido, enquanto os candidatos da oposição divididos em três partidos, era possível a eleição de seis, ficando apenas dois suplentes. Não sei quantos deles acreditaram naquela hipótese ou imaginaram que o objetivo era apenas evitar “fogo amigo”, mas quando as urnas confirmaram este fato histórico mostramos que estávamos certos.


 12) 
Acreditar e esperançar, por Alana Soares

Entender a política como parte fundamental da nossa sociedade se deu após minha entrada no movimento estudantil universitário em 2011. 

Um ano antes, eu participava pela primeira vez com meu voto cidadão em eleição geral. 

A efervescência de ideias, proposições e debates sobre como as políticas públicas, em especial para a educação, ciência e pesquisa, afetavam todos nós de maneira direta naquele ambiente universitário me instigou a participar de outros debates (desigualdade, capitalismo, direitos humanos, feminismo, direito à cidade, memória e justiça, comunicação etc) que, de maneira irreversível, me levou a ser o que hoje sou. 

Desde então, em cada campanha que participei, de maneira militante, atuando voluntariamente, entregando panfleto sob sol no centro da cidade, dedicando horas de andança, conversa e diálogo sobre o país, estado e cidade que podemos ter, tenho a sobriedade de dizer que foi por acreditar e esperançar (como ensina Paulo Freire) por dias melhores para uma sociedade justa e solidária.

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