Os episódios envolvendo Jefferson levaram desorientação à campanha de Bolsonaro (Foto: Reprodução/Twitter) |
O criminoso Roberto Jefferson, dirigente do PTB, pretendia transformar-se em mártir da extrema direita, provocando um confronto com a Polícia Federal (PF), que foi à casa dele para cumprir um mandado judicial. Os agentes foram recebidos a tiros de fuzil e lançamento de granadas — dois deles ficaram feridos por estilhaços das bombas.
Mas depois de algumas horas de negociação Jefferson entregou-se à PF, sem coragem de autocompletar o serviço. Na casa de Jefferson dando apoio ao bandido (atenção, estou usando a terminologia bolsonariana) estava o deputado Daniel Silveira, do PTB (aquele que recebeu “graça” de Bolsonaro por seus crimes) e também Kelson, conhecido como “padre de festa junina”.
A PF cumpria ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de levar Jefferson de novo às grades, depois dele ter descumprido medidas cautelares à que foi submetido para ter direito à prisão domiciliar. O STF atendeu a uma solicitação da Procuradoria Geral da República (PGR).
Tudo indica que a ação de Jefferson foi planejada pois, na sexta-feira (21/10/2022), ele dirigiu palavras brutais à ministra do STF Cármen Lúcia, após ela votar a favor de direitos de resposta a Lula na Jovem Pan.
Escreveu Jefferson, na rede social de sua filha, que a ministra lembrava “aquelas prostitutas, aquelas vagabundas, arrombadas, né?” E seguiu: “E, benzinho, no rabinho, nunca dei o rabinho, pela primeira vez. É a primeira vez”, uma comparação grotesca pelo fato de Carmen Lúcia, segundo ele, ter aberto mão da constitucionalidade pela “primeira vez”.
Os episódios envolvendo Jefferson levaram desorientação à campanha de Bolsonaro. É recorrente em casos assim, que podem assustar os eleitores mais “moderados”, mas é aplaudido pela ala de fanáticos, que é o alicerce do bolsonarismo, matilha que tem de ser alimentada com porções cada vez mais fortes de carniça.
Hoje, enquanto transcorria a ação policial na casa de Jefferson no Rio, Bolsonaro publicou o seguinte post:
"Repudio as falas do Sr. Roberto Jefferson contra a Ministra Carmen Lúcia e sua ação armada contra agentes da PF, bem como a existência de inquéritos sem nenhum respaldo na Constituição e sem a atuação do MP".
A mensagem que ele manda aos "moderados" é o "repúdio" à ação armada. Aos fanáticos ele faz equivalência entre a tentativa de assassinato contra agentes da PF e inquéritos judiciais.
Na sequência publicou um áudio, dizendo o seguinte:
“Como determinei ao ministro da Justiça, Anderson Torres, Roberto Jefferson acaba de ser preso. O tratamento dispensado a quem atira em policial é o de bandido. Presto minha solidariedade aos policiais feridos no episódio”.
No curto espaço de tempo de 17 segundos Bolsonaro mente e comete uma hipocrisia. O presidente da República não pode mandar prender ninguém, somente o Judiciário pode fazer isso ou a polícia, em caso de flagrante. Ele é hipócrita quando manifesta solidariedade formal aos policiais feridos, pois no post anterior procurou justificar o crime de Jefferson.
Agora é esperar para ver como isso vai repercutir na campanha. Talvez não muito, pois o bolsonarismo tornou-se uma seita, na qual o “sumo-sacerdote” é um charlatão chamado Jair Bolsonaro.
Mas
para quem ainda não foi convertido à seita bolsonariana, é bom tomar cuidado:
se por uma desgraça Bolsonaro vencer as eleições no dia 30 de outubro, o Brasil
vai se transformar em um faroeste governado por pistoleiros da extrema direita.
Publicado originalmente no portal O Povo Online
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