Equipes da TV Vanguarda e da TV Aparecida foram hostilizadas no pátio da Basílica (Foto: Reprodução/Twitter) |
Equipes
da TV Vanguarda, afiliada da TV Globo, e da TV Aparecida, emissora da Igreja
Católica, foram hostilizadas no pátio da Basílica. Durante a cobertura do
evento religioso, os apoiadores gritaram com os funcionários da TV Aparecida,
ao mesmo tempo que colocavam o dedo no rosto do jornalista e cinegrafista.
Enquanto alguns bolsonaristas hostilizavam a imprensa, outros entoavam o coro
“É Bolsonaro!”.
De
acordo com a repórter Daniela Lopes, da TV Vanguarda, ouvida pelo UOL, os
bolsonaristas tentaram agredir fisicamente a imprensa, que ficou acuada em meio
ao grupo de pessoas vestindo verde e amarelo e carregando a bandeira do Brasil.
A tentativa de agressão foi impedida por um segurança que acompanhava os
jornalistas.
A
confusão se estendeu para dentro do Santuário, onde o padre Eduardo Ribeiro
celebrava a missa das 14h. Seguidores do presidente interromperam o momento com
vaias, palavras de ordem e tentaram puxar o coro de “mito”, que não teve
adesão. O padre pediu silêncio e rogou aos fiéis que preparassem o “coração,
viemos aqui para rezar”.
Arcebispo
vaiado ao falar sobre fome e direito ao voto
Durante
a homilia na principal missa celebrada no Santuário de Aparecida nesta
quarta-feira (12), pela manhã, o arcebispo da Arquidiocese, Dom Orlando
Brandes, falou no sermão que o Brasil precisa “vencer muitos dragões”. “Temos o
dragão do ódio, que faz tanto mal. E o dragão da mentira, e a mentira não é de
Deus, é do malígno. O dragão do desemprego, o dragão da fome. O dragão da
incredulidade", declarou.
O
arcebispo defendeu o direito ao voto e disse aos cristãos que é “necessário
exercer esse direito e poder do povo”. Logo em seguida, o católico voltou a
falar sobre a fome e ressaltou que o Brasil precisa de “paz e fraternidade”.
"Escutar Deus, mas escutar também o clamor do povo. Porque ela escutou
muito bem no Evangelho. Eles não têm mais vinho. No nosso caso, faltando pão,
faltando paz, faltando fraternidade. Esses são os vinhos que todos nós
precisamos nos dias de hoje”, aconselhou.
Nas
redes sociais, internautas afirmam que os apoiadores do presidente vaiaram o
arcebispo por suas falas sobre a fome. Usuários do Twitter também registraram
que os causadores dos alvoroços estavam com canecas de bebida alcoólica dentro
do templo. “O mais absurdo foi ver os apoiadores do B [Bolsonaro] com canecas
de chopp na mão, em frente à igreja, xingando padre e tentando agredir repórter
da TV Aparecida, a Tv da basílica”, escreveu Pastor Fellipe na rede.
Também
circula no Twitter e Instagram um vídeo de bolsonaristas, do lado de fora da
Basílica, encurralando um jovem que vestia uma camiseta vermelha. A multidão
enfurecida perseguiu o fiel com gritos de “mito”, de “Lula, ladrão, seu lugar é
na prisão” e de “a nossa bandeira jamais será vermelha”. A perseguição parou
quando o jovem conseguiu despistar os apoiadores do presidente e sumiu entre os
corredores da igreja.
“Hoje
não é dia de pedir voto”, diz padre
Em
outra celebração religiosa em homenagem ao Dia de Nossa Senhora Aparecida, o
padre Camilo Júnior, na basílica antiga, parabenizou os fiéis que foram ao
local com o intuito de buscar a Deus e Nossa Senhora. “Parabéns a você que está
aqui dentro da basílica rezando, a você que entendeu que hoje é dia de Nossa
Senhora Aparecida”, afirmou.
O
padre também alertou sobre a devoção e disse que, neste dia, as palmas devem
ser a Nossa Senhora. “É a ela as nossas palmas, é a ela a nossa clamação, é a
ela o nosso ‘viva’, porque só temos segurança nas mãos de Deus e no colo de
Maria”, ressaltou.
Na
fala, o religioso aproveitou para chamar atenção sobre a ida de Bolsonaro à
Basílica como compromisso da agenda de campanha. “Hoje não é dia de pedir voto,
hoje é dia de pedir benção”, exclamou o padre, que foi aplaudido pelos fiéis.
A
ida de Bolsonaro ao Santuário estava prevista dentro do cronograma eleitoral
dele, que vem priorizando eventos em busca do voto dos religiosos. O
presidente, que se declara católico, foi à missa acompanhado do candidato ao
Governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos), do senador eleito por
SP, Marcos Pontes, do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e da deputada
federal Bia Kicis (PL-DF). A primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que é
evangélica, não esteve presente.
Mesmo
se dizendo católico, Bolsonaro não cumpriu os protocolos da religião durante a
missa. Como apontou o portal UOL, o presidenciável não comungou, ao contrário
dos políticos que o acompanhavam, não rezou o Pai Nosso e permaneceu calado a
maior parte da cerimônia religiosa, sem completar as orações.
Na
programação do chefe do Executivo estava ainda um encontro com católicos
conservadores para rezar o terço, o que não foi cumprido. Logo após a missa, o
presidente visitou uma tenda de peregrinos, em frente à Basílica, e foi embora
do local sem falar com a imprensa.
Com
informações portal Correio Braziliense
Leia também:
"Ou
somos evangélicos ou católicos", diz arcebispo sobre presença de Bolsonaro
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