8 de outubro de 2022

Aos gritos, Bolsonaro volta a atacar Lula e o presidente do TSE

 O apresentador Datena ao lado do presidente Bolsonaro no Palácio do Planalto (Foto: Gabriela Biló)

 O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) (07/10) chamando-o de “pinguço”. Em tom alterado, a declaração ocorreu durante entrevista a jornalistas no Palácio da Alvorada ao lado do apresenta Datena da Band.

“Se vocês botarem um pinguço para dirigir o Brasil, um cara sem qualquer responsabilidade, que tem um rastro de corrupção, um rastro de deboche para com a família brasileira, de ataques a padres e pastores, de ataques às Forças Armadas, de ataques aos policiais, vocês acham que vai dar certo?”, declarou.

Bolsonaro também ironizou as escolhas de Lula para ministros em eventual gestão. “Esse regime dele só dá certo até acabar o dinheiro do país. E acaba rapidamente. Comparem, vejam meus ministros e os futuros ministro de Lula. Ele não diz quem vai ser, está na cara que o José Dirceu deve estar na Segov, Gleisi Hoffmann na Casa Civil. Dilma nas Minas e Energia. Vai trazer essa quadrilha de incompetentes para comandar o Brasil. Não vai dar certo. Não estou lutando por mim, queria estar na praia uma hora dessa, tomando um caldo de cana com minha filha Laura de 11 anos. Tem semana que não a vejo, mas faço isso pelo futuro do meu Brasil. É a nossa liberdade que está em jogo”, alegou.

Em nova indireta ao petista, o presidente disse ainda que “o povo está entendendo cada vez mais que é um presidente que fala duro, mas fala a verdade é muito melhor do que um mentiroso que usa palavras dóceis, que não chega a lugar nenhum”.

Bolsonaro também repetiu que há mudanças que podem ocorrer para “pior”. “O Brasil está voando na economia. Desemprego lá para baixo, PIB lá em cima. O Brasil já voltou ao período melhor do que era pré-pandemia e, muitas vezes, a pessoa quer mudar. Cuidado que a mudança às vezes pode ser pior. Todas as mudanças que a América do Sul fez piorou o respectivo estado e sabemos que essas pessoas que pioraram com escolhas mal feitas, parece que querem repetir essa escolha no Brasil”.

Bolsonaro reconheceu falar palavrões, mas que "não é ladrão". “Se alguém tem raiva, rancor comigo, lamento. 'Ah, o Bolsonaro fala palavrão'. Falo, tenho tentado me policiar, mas de vez em quando eu falo, mas não sou ladrão. 'Ah, o Bolsonaro é grosso'. Sou grosso em alguns momentos, desde a Câmara, ou a minha formação militar também, mas sempre procuro fazer o melhor de mim. Imagine pandemia com Haddad presidente”.

“Arrisco a minha vida pelo meu Brasil. É isso que eu faço o tempo todo”, bradou, emendando que as maiores votações de Lula estão em presídios. “Está na cara, você vota naquele que você mais se identifica com ele”.

Por fim, acrescentou: “Não vou perder a minha originalidade, vou continuar dizendo o que penso , o que acho do meu Brasil, do Brasil de todos vocês”, concluiu.

Bolsonaro também  subiu o tom e voltou a criticar o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, dessa vez, pela quebra do sigilo bancário do ajudante de ordens do chefe do Executivo, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid. Bolsonaro disse que o ministro cometeu “crime”.

“O tempo todo usando a caneta para fazer maldade, tentar me tirar de combate, para desgastar. Já desafiei o Alexandre de Moraes, que vazou a quebra de sigilo telemático do meu ajudante de ordens, que é um crime o que esse cara fez. O que esse cara fez é um crime. Esse cara fez um crime. Meu ajudante de ordens, em especial o Cid, é um cara de confiança meu”, disse.

“Ele vê as contas particulares da primeira-dama e fala ‘ó, movimentações atípicas’. Alexandre de Moraes mostre o valor das movimentações, tenha caráter”. “Deixar bem claro Alexandre de Moraes, a minha esposa não tem escritório de advocacia, mostre a verdade. Você está ajudando a enterrar o Brasil por questão pessoal, não sei qual, mas é pessoal”, emendou, aos gritos.

Em live do último dia 29, Bolsonaro atacou o ministro pedindo que o magistrado "seja homem uma vez na vida" e o chamou de "patife" e “moleque”. Algumas das mensagens trocadas levantaram suspeitas de investigadores sobre transações financeiras feitas no gabinete do presidente da República. O material indicava que algumas movimentações se destinavam a pagar contas pessoais da família presidencial e também de pessoas próximas da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

Bolsonaro também insinuou sobre um complô, dizendo que seria de interesse de Moraes que o ex-presidente Lula seja eleito, para tirá-lo do poder e empossar o vice da chapa, Geraldo Alckmin (PSB). “Qual o nosso futuro? Ser uma republiqueta? Não sou refém de ninguém. Por que muitos preferem o Lula, alguns do Supremo? Porque vai ser mandado, vai ter rabo preso. Quer vontade, né, de cassar o Lula assim que ele chegar para o Alckmin, amigo íntimo de Alexandre de Moraes, assumir o governo. É mentira o que eu estou falando?.

Ele também reclamou de outra medida, na qual Moraes o multou em R$ 20 mil por propaganda antecipada em uma reunião com embaixadores estrangeiros, onde, sem provas, o presidente atacou o sistema eleitoral e as urnas eletrônicas em encontro no Palácio do Alvorada, em julho. "Será que é difícil enxergar? Tudo isso que eu estou lutando não é por mim, é pelo Brasil. Para mim era muito mais fácil estar do outro lado do balcão, do lado daquele cara que está no Supremo e está no TSE [Alexandre de Moraes]. Tudo canetando contra mim. Acabou de me dar uma multa de R$ 20 mil porque eu reuni embaixadores aqui", relatou.

Bolsonaro comentou também a decisão do então presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Edson Fachin, que vetou um pronunciamento do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, na televisão e no rádio, com elogios à atuação da pasta no combate à pandemia da covid-19. Em agosto, o magistrado ressaltou que em meio ao período eleitoral, o princípio da impessoalidade "desautoriza a personificação de programas da administração pública federal".

Marcelo Queiroga faria um pronunciamento sobre vacinação contra a poliomielite e multivacinação de 2022. Ele planejava dizer que, "durante a pandemia de covid-19, demonstramos nossa capacidade de adquirir e vacinar, em tempo recorde, a nossa população".

Já Moraes, negou no último dia 5 um novo pedido do governo para veicular, um pronunciamento do ministro da Saúde sobre o aumento da cobertura vacinal contra a poliomielite. “De fato, mesmo que a divulgação de dados e alertas assuma inegável importância para a adequada conscientização e, consequentemente, aumento da cobertura vacinal, mostra-se plenamente viável que a população tenha acesso a tais informações por outros meios, razão pela qual, no caso, não se revela imprescindível que, para atingir a mesma finalidade pretendida, o titular da Pasta se pronuncie na rede nacional de rádio e TV, sob pena de violação ao princípio da impessoalidade, tendo em vista a indevida personificação, no período eleitoral, de ações relacionadas à administração pública”, versou um trecho da decisão.

Nesta sexta, um dia após a Secretaria de Saúde anunciar que investigava um caso da doença em uma criança de 3 anos no Pará, o presidente citou a decisão. No entanto, o caso foi descartado pelo Ministério da Saúde. “O Alexandre de Moraes, pela segunda vez, proíbe o Ministério Saúde a realizar uma campanha de vacinação de pólio. Vai ter criança, certamente que vai ser infectada e vai ter problemas pelo resto da vida por uma questão pessoal de Alexandre de Moraes. Vai começar a dizer que Bolsonaro não quer vacina”, acrescentou.

Na entrevista Bolsonaro estava acompanhado do jornalista José Luiz Datena, mas o apresentador da rede Bandeirantes não declarou voto ao presidente.

“Como jornalista, eu jamais poderia negar um convite do presidente da República, como vocês jornalistas, se fossem convidados, viriam aqui. Meu interesse aqui é puramente jornalístico. É um dos dois únicos candidatos à Presidência da República, quem me convidar, eu falo”.

Pelo PSC, Datena aventou disputar o Senado por São Paulo, mas declinou da ideia. “Eu declinei da posição de sair candidato ao Senado porque achei que poderia atrapalhar a campanha por conta dos ruídos. O presidente foi firme e manteve a palavra até o fim. Quem não tem gratidão, não tem caráter”, disse Datena.

Já Bolsonaro disse que Datena sempre o tratou bem durante as entrevistas e o caracterizou como uma pessoa influente. “Estou muito feliz dele ter vindo a convite meu e espero que ele saia daqui com mais certeza ainda do que ele quer para o nosso Brasil”.

Com informações portal Correio Braziliense

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