Os ex-senadores Eunicio Oliveira e Inácio Arruda e os ex-deputados João Alfredo e Moroni Torgan tentam vagas na Câmara Federal (Foto: Reprodução/TSE) |
Enquanto os holofotes estão voltados para a disputa ao Governo do Ceará, os partidos também concentram esforços nas eleições proporcionais para a Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE) e Câmara dos Deputados. A eleição é estratégica para a manutenção das estruturas partidárias ou mesmo para o fortalecimento delas.
As candidaturas majoritárias fortalecem as postulações a deputados estaduais ou federais. Repasses do fundo eleitoral e tempo de rádio e televisão, por exemplo, são maiores quanto mais robustas forem as bancadas na Câmara dos Deputados.
Ao mesmo tempo, postulantes a governos estaduais necessitam fazer com que suas mensagens tenham alcance, um objetivo que as candidaturas proporcionais ajudam a ser viabilizado. Nessas eleições, políticos com rodagem e conhecidos do eleitor cearense disputarão assento na Câmara Federal.
Moroni Torgan (Cidadania), Inácio Arruda (PCdoB) e João Alfredo (Psol) figuram entre os nomes tradicionais. Moroni e Inácio já foram deputados federais mais votados do Ceará. Ambos também tiveram experiência de segundo turno em disputas à Prefeitura de Fortaleza. Arruda perdeu para Juraci Magalhães (MDB), em 2000. Torgan foi derrotado por Luizianne Lins (PT), em 2004.
João Alfredo, além de já ter sido deputado federal, disputou o Governo do Ceará em 1990 e a Prefeitura de Fortaleza, em 2016.
Entre nomes que apareceram há menos tempo na política, estão candidato com notoriedade adquirida nas redes sociais, com votações recentes expressivas ou no centro de acontecimentos durante a CPI da Covid. Pela direita bolsonarista, são os casos de André Fernandes (PL), Mayra Pinheiro (PL) e Coronel Aginaldo (PL). Pela esquerda, Leo Suricate (Psol) tentará vaga na Assembleia Legislativa.
Atualmente maior partido do Ceará, o PDT pretende manter o poderio político com a eleição de 14 deputados estaduais e seis federais, conforme André Figueiredo, presidente estadual da sigla. Significa um acréscimo de um assento no Legislativo estadual e a manutenção do mesmo número de vagas na Câmara.
O ex-presidente do Congresso Nacional, Eunício Oliveira (MDB), tem adquirido apoios no Interior e firmado compromissos eleitorais com lideranças relevantes. O prefeito de Caucaia, Vitor Valim (sem partido), e o empresário Chiquinho Feitosa (PSDB) anunciaram que irão votar nele.
Ao jornal O POVO, apesar de o cenário ser em tese favorável, o emedebista afirma que não existe eleição fácil. Como exemplo, lembra a própria derrota para Eduardo Girão (Podemos) na disputa ao Senado, em 2018. Para a Assembleia Legislativa, neste ano, o dirigente emedebista diz ter expectativas de ver seis ou sete eleitos. Para a Câmara dos Deputados, dois ou três.
Para Eunício, a quebra da aliança entre PT e PDT tem interferência significativa no quadro das disputas proporcionais. "Vai ser uma luta, cada um puxando para o seu lado, não tenho dúvida de que interfere. Não para o MDB. O MDB já tem seis deputados estaduais. Tem uma boa chapa, bem montadinha. Federal tem boa chapa também", ele afirma.
Capitão Wagner, além de candidato a governador do Ceará, também é presidente do União Brasil. Ele prefere não citar nomes sobre os quais deposita expectativas eleitorais para mantê-los unidos. Exceto Dayany do Capitão (União Brasil), sua esposa, sobre quem Wagner se sente confiante. A missão é eleger cinco deputados federais e seis ou sete estaduais.
"A chapa tá muito consolidada. Temos hoje quatro deputados de mandatos na chapa, eu também sou deputado federal de mandato, mas não estou na chapa. E outros candidatos que eu não posso dar nomes pra não gerar mal estar", comenta Wagner.
João Alfredo listou, com a inclusão do próprio nome, candidaturas de Gabriel Aguiar, Ailton Lopes e Adelita Monteiro como possibilidades de triunfo inédito. O Psol ainda não fez nenhum deputado federal no Ceará, desde que criado, em 2004. Alfredo vê com bons olhos a força de Lula e os diferentes perfis de cada candidatura, desde a pauta LGBTQIA+ à questão ambiental. E frisa: "Todos são federais de Lula".
"Não
deu tempo de remodelar as bases políticas", diz pesquisador sobre fim da
aliança no Ceará
A ruptura entre dois principais partidos da aliança governista, PT e PDT, redesenha a política do Ceará. As candidaturas proporcionais também são impactadas. Candidatos a deputado estadual do PDT poderiam ter como cabo eleitoral nos municípios prefeitos petistas e vice-versa.
"Como essa ruptura foi muito recente, ela é muito recente, prestes a campanha começar, não deu tempo de remodelar as bases políticas", anota Cleyton Monte, cientista político vinculado ao Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem-UFC).
O docente menciona ainda as repercussões nos repasses do fundo eleitoral e a própria logística da campanha, que pode vir a ser afetada. A briga no PSDB, entre Tasso Jereissati e Chiquinho Feitosa é outro exemplo de como as candidaturas podem ser impactadas.
Ex-primeira-dama de Fortaleza, Natália Herculano (PSDB) era inicialmente candidata a deputada estadual, mudou para federal e, na última terça-feira, 23, retornou a mirar na Assembleia Legislativa. Os reflexos da briga nos repasses das verbas do fundo eleitoral, que vem da instância nacional, sobre a qual Tasso tem ascendência, fez com que filiados repensassem as candidaturas, como noticiado por O POVO.
Sobre
as campanhas proporcionais de modo geral, Cleyton tem avaliação negativa:
"não empolgaram".
Com
informações portal O Povo Online
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