Bolsonaro, Ciro Gomes e Lula são os candidatos mais influentes no pleito cearense (Foto: Reprodução/TSE) |
A configuração política da campanha eleitoral de 2022 no Ceará aponta para uma tripla polarização, projeta a professora do curso de Ciências Sociais da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Monalisa Torres. Na avaliação dela, Wagner, Elmano e Roberto Cláudio chegam à disputa com plenas condições de vitória. O resultado das urnas, calcula a especialista, dependerá das estratégias que cada um deles pretende colocar em prática.
Torres acredita que o cenário de acirramento pós-racha PT/PDT confere a estas eleições um ingrediente único em relação às últimas disputas vivenciadas no Ceará. Para realçar o grau de competitividade esperado neste ano, ela faz um paralelo com o cenário de 2014.
"Naquele ano, também havia acontecido um rompimento na pré-campanha, quando Eunício [Oliveira] saiu do Governo e se lançou candidato. Mas, dessa vez, já existe um nome consolidado na oposição", ressalta, em referência a Capitão Wagner. Para ela, o candidato do União Brasil é aquele que verdadeiramente "incorpora o discurso de oposição". "Ele é e sempre foi um candidato anti-ferreira gomista. Essa imagem já é bastante consolidada", pontuou.
O posicionamento de Wagner, segundo a professora, pode embaraçar o caminho de Roberto Cláudio, que diante do rompimento com o PT, de Camilo Santana, tem a difícil missão de adotar um discurso dual. "Ao mesmo tempo em que ele precisa construir uma fala de oposição, porque estará do lado oposto a Camilo, também tentará demonstrar que é o melhor nome para dar continuidade àquilo que foi bem sucedido nesse projeto. Não é fácil essa tarefa", analisa.
Em relação a Elmano, a especialista ressalta como fator negativo o desconhecimento do eleitor sobre a trajetória do candidato. Por outro lado, ela aponta o palanque de apoio a ele como variável capaz de exercer grande peso durante a campanha.
"Ele [Elmano] caiu de paraquedas nesse cenário de quebra de alianças, mas ainda que seja um candidato desconhecido, se comparado aos demais, tem um espólio importantíssimo, que é o próprio palanque. Os seus dois maiores cabos eleitorais são Lula e Camilo, que estão com a popularidade muito em alta no Ceará", comentou Torres.
Ainda de acordo com a professora, outro elemento que pode dar configuração única às eleições cearenses deste ano é a tendência de nacionalização das campanhas. De um lado, a tentativa de Elmano de colar sua imagem na do ex-presidente Lula. Do outro, Capitão Wagner querendo se desvencilhar de Bolsonaro, ainda majoritariamente rejeitado no Estado.
"Ele [Wagner] tem tido o cuidado de preservar a sua imagem como a de um líder político que iniciou a sua trajetória antes do bolsonarismo. Acredito, inclusive, que o Bolsonaro precisa muito mais de Wagner do que Wagner de Bolsonaro", pondera. "A rejeição do bolsonarismo deve ser bastante explorada e a popularidade de Lula também. Resta saber como ficará Ciro nesse cenário", acrescentou.
Pesquisa Ipespe encomendada pelo O POVO aponta quadro semelhante ao analisado pela especialista. Conforme o levantamento, Lula e Camilo são os políticos com maior potencial de influenciar na escolha do eleitor ao Governo do Estado. Bolsonaro, por outro lado, é o que mais tem peso negativo.
O apoio de Lula aumenta as chances de voto a um determinado candidato para 50% dos entrevistados. Camilo aparece na sequência, com 48%. Ciro está em terceiro, com 29%, seguido dos senadores Cid Gomes (28%) e Tasso Jereissati (28%) e da governadora Izolda Cela (23%). Bolsonaro aparece com apenas 17% das menções positivas, na última posição entre os sete políticos citados.
O presidente, contudo, lidera o ranking de influência negativa, aquele que mostra o eleitor rejeitando um candidato por associação a algum outro nome. Nesse caso, Bolsonaro tem 43%. O segundo colocado, Ciro Gomes, tem 22%, à frente de Lula (21%).
Com
informações portal O Povo Online
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