7 de agosto de 2022

A eleição que começa agora no Ceará por Henrique Araújo

Elmano Freitas, Roberto Cláudio e Capitão Wagner disputam o Governo
do Estado do Ceará (Foto: Reprodução/Facebook)

A eleição para governador do Ceará em 2022 já começa sob o signo do ineditismo. Capitão Wagner (União), Elmano Freitas (PT) e Roberto Cláudio (PDT), a despeito de seus diferentes desempenhos em pesquisas, são igualmente competitivos.

Os três tiveram sucesso em reunir em torno de si um sólido arco de apoios, traço que, de partida, já diferencia a disputa deste ano em relação às anteriores, quando houve tendência de polarização, com a briga concentrada em um nome governista montado numa superaliança e um desafiante sem tanto capital partidário, mas muita força política pessoal.

Mesmo se pensarmos em 2020, quando o PT lançou Luizianne Lins à Prefeitura contra José Sarto e o mesmo Wagner, a candidatura petista entrava no tabuleiro sem Camilo Santana, que defendeu entendimento com o PDT e apoiou Sarto indiretamente, e um Lula à época inelegível. Elmano, hoje, tem ambos a seu lado, e não apenas concorrendo no pleito, mas liderando em seus respectivos campos - Camilo para o Senado e Lula para o Planalto.

No estado, segundo o Ipespe, a dupla tem a maior capacidade de influir no voto do cearense. Há ainda uma diferença significativa entre esta eleição que apenas se inicia e as demais: até dois anos atrás, Wagner chegava sempre à campanha sem conseguir superar a dificuldade de arregimentar partidos de peso numa coligação forte que o ajudasse no enfrentamento contra máquinas amplamente superiores. Não é o caso de agora.

Diante desses elementos, a corrida ao Abolição neste ano tem tudo para ser uma das mais concorridas. Colaboram para isso, obviamente, algumas variáveis. Nacionalmente, Lula e Jair Bolsonaro (PL) polarizam, com Ciro Gomes (PDT) muito distante desse bloco. Todos eles terão palanque local importante.

Outro fator a se considerar é a ruptura entre PT e PDT, sem a qual todo o processo eleitoral, da definição de chapas até a escolha dos candidatos, seria bem distinto do que se vê neste momento. O fim desse ciclo, que durou 16 anos, produziu a abertura para uma nova configuração no poder. Quem quer que vença para o Governo em outubro próximo, seja Wagner, RC ou Elmano, dará início a uma outra etapa da política local, com grande impacto pela próxima década.

O perfil ideológico do eleitor cearense

A primeira rodada da pesquisa Ipespe contratada pelo O POVO traçou um perfil ideológico do eleitorado cearense, segundo seu alinhamento no espectro político que vai da direita à esquerda. De acordo com a sondagem, 25% dos consultados se reconheceram como sendo de esquerda, enquanto outros 24% se posicionaram à direita. Somados, os dois campos, sozinhos, respondem por quase metade das respostas, ou seja, direita e esquerda polarizam as preferências entre eleitores no estado.

Ainda de acordo com a pesquisa, 6% se autodeclararam de centro-esquerda, 8% de centro e 4% de centro-direita, somando 18% de eleitores que se situam na órbita do centro, pendendo para um lado ou para outro. A maior parte dos pesquisados pelo Ipespe, contudo, não soube ou não quis responder se se identifica mais com esquerda, centro ou direita: 32%.

Esse patamar é superior ao de eleitores que se declararam mais ao centro e maior também do que o daqueles que se relacionaram com cada ponta do espectro político (esquerda e direita).

Os dados estão em levantamento feito pelo instituto entre 30 de julho e 2 de agosto. A pesquisa foi às ruas de cidades de todas as regiões do Ceará. A margem de erro máxima estimada é de 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95,5%.

O Ipespe ouviu mil pessoas com 16 anos ou mais, por telefone, via sistema Cati Ipespe. A sondagem foi contratada pelo O POVO e está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com os números BR-03845/2022 e CE-01693/2022.

Publicado originalmente no O Povo Online

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Pesquisa Ipespe e a disputa no Ceará


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