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19 de julho de 2022

Que aliança apoiará Roberto Cláudio e qual o papel de Izolda?

Roberto Cláudio e Izolda Cela do lado de fora da sede do PDT
após reunião do diretório do partido (
Foto: Aurelio Alves)

Roberto Cláudio (PDT) era favorito para ser o candidato da base aliada a governador do Ceará desde que foi reeleito prefeito de Fortaleza. Citei várias vezes que Ciro Gomes, em entrevista em 2017, referia-se a ele como “predileto nessa fila”. Em agosto do ano passado, o senador Cid Gomes (PDT) dizia que Roberto Cláudio era “o melhor nome do PDT nesse momento, o mais popular, o que aparece com mais chances nas pesquisas eleitorais”.

Não é uma surpresa a escolha pedetista. Era tendência. Porém, o processo foi muito mais complicado do que se poderia supor. Izolda Cela (PDT) se tornar governadora nos quatro meses até a decisão era uma possibilidade. Que o ex-governador Camilo Santana (PT) e, sobretudo, Izolda brigariam tanto para se viabilizar é surpreendente. Isso deixou sequelas talvez insanáveis.

Ao discursar antes da votação, Roberto Cláudio disse que, se fosse derrotado, sairia dali em campanha por Izolda. A governadora falou depois dele e não tocou no tema. Nem depois da votação. Ao sair, não fez sinalização a favor de Roberto Cláudio. E a postagem que ela fez nas redes sociais foi, forte, dura, doída. Ela considera-se alguém que teve um direito negado. “Meu partido PDT decidiu hoje, em reunião de diretório, que não terei o direito a concorrer à reeleição. Respeito a decisão.”

O máximo que ela manifestou sobre como se portará é ao dizer respeitar a decisão. Com isso, sinaliza que provavelmente não levará a disputa à convenção no próximo domingo, 24, quando o PDT oficializará a escolha. Porém, isso não indica o nível de envolvimento que ela terá na campanha a governador.

As preocupações de Roberto Cláudio

Roberto Cláudio, na primeira manifestação, demonstrou duas preocupações. A primeira, a unidade interna. Com toda razão. O problema não está apenas fora. O partido se dividiu por dentro. A bancada de deputados, os prefeitos, líderes políticos. Até a família Ferreira Gomes rachou. A outra preocupação é buscar os aliados. Falou de forma específica do PT.

Os apoiadores de Roberto Cláudio trabalham, efetivamente, com a hipótese de dissidências da base. Aliás, uma é líquida, certa e declarada, do MDB. Roberto Cláudio já havia falado que o MDB foi o único partido aliado que não procurou, pois o ex-senador Eunício Oliveira tem ressalvas pessoais públicas a ele. O MDB já está no mercado. Mas, podem haver outras dissidências.

Dos partidos que estavam ao lado de Izolda, o PSDB é o menos provável de romper. O Progressistas é uma dúvida. Quanto ao PT, se decidir romper, arrasta junto PCdoB e PV, pois eles formaram uma federação e precisam marchar em bloco. Hoje, não há vozes públicas de peso no PT a favor de manter a aliança. Já defensores da candidatura própria são vários. Alguns mais cuidadosos, outros menos.

Camilo Santana se manifestou e lamentou a decisão. Não disse nada sobre a escolha de Roberto Cláudio, com quem teve parceria política e administrativa. Para além do silêncio, o lamento por Izolda já é uma peça de campanha da oposição — ao lamentar não ser ela a escolhida, ele ao mesmo tempo lamenta aquele que foi. Serão capazes de compor uma chapa? Camilo será determinante no rumo que o PT tomar.

Mas, talvez a principal interrogação seja a própria Izolda. Em qualquer campanha governista, o peso da máquina é crucial — e não falo de algo, necessariamente, fora do que é legal. A governadora fará campanha por Roberto Cláudio? Após 16 anos de poder e três eleições na qual foram situação, o grupo Ferreira Gomes está pronto para concorrer sem apoio governamental?

Com informações portal O Povo Online

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