A governadora Izolda em reunião do Comitê Estadual de Enfrentamento à Pandemia da Covid (Foto: Reprodução/Twitter) |
Desde que assumiu o comando do Governo do Ceará, no dia 2 de abril, Izolda Cela (PDT), cotada para concorrer à reeleição, manteve encontro com pelo menos uma liderança política de peso por dia. Nesses pouco mais de dois meses, segundo levantamento do jornal O POVO, foram 67 prefeitos de municípios cearenses e 23 deputados estaduais, totalizando 90 gestores ou parlamentares que passaram pelo Palácio Abolição, em reuniões individuais com a chefe do Executivo estadual.
Fora
os eventos de agenda conjunta da pedetista ou encontros com membros da bancada
cearense em Brasília ou outras lideranças políticas do estado.
Desses interlocutores de Izolda, figuraram o senador Tasso Jereissati (PSDB), o ex-senador Eunício Oliveira (MDB), o ex-vice-governador Domingos Filho (PSD) e o presidente estadual do PSDB, Chiquinho Feitosa.
O mais recente desses momentos foi com o ex-governador Camilo Santana (PT), na última segunda-feira, 13, na região do Cariri. Pré-candidato ao Senado, o petista tem se pronunciado reiteradamente a favor da sucessora.
Pelas
redes sociais, Izolda escreveu nesse dia: “Estive esta noite (segunda, 13), em
Barbalha, acompanhada do ex-governador Camilo Santana, deputados, prefeitos e
lideranças, no encerramento do tradicional festejo de Santo Antônio”.
Entre os deputados estaduais que a acompanhavam, estavam Fernando Santana (PT) e o presidente da Assembleia Legislativa (PDT), Evandro Leitão, também ele possível representante da chapa governista na disputa pelo Governo nas eleições de outubro próximo.
Vice-presidente nacional do PT, o deputado federal José Guimarães era outra dessas lideranças que integravam a comitiva, que posou para fotos, depois divulgadas via plataformas, nos perfis de Izolda, Camilo e Guimarães, e pelo WhatsApp, com envio de imagem exibindo apenas o trio.
Apenas três dias antes, o deputado havia voltado a se manifestar, agora em termos duros, em defesa do nome de Izolda para encabeçar a aliança entre PT e PDT, que sofre abalo sério depois de críticas de parte a parte, disparadas por Ciro Gomes e rebatidas por membros do partido do ex-presidente Lula no Ceará, como o dirigente estadual Antônio Filho, o Conin, e o próprio Guimarães.
Em entrevista ao repórter Carlos Holanda, que o questionou sobre que rumos o PT tomaria caso o nome escolhido pelo PDT seja o do ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT), Guimarães não deu margem para dúvidas.
“O PT vai buscar outro caminho”, respondeu, acrescentando que dizia isso “não para vetar nada”, mas deixando claro que a legenda não aceitará que o postulante seja RC.
Na mesma conversa com O POVO, publicada na sexta-feira, 10, o petista se perguntou ainda “como é que a Izolda está aguentando uns atrevimentos desses”, já que sua fidelidade ao grupo liderado por Ciro e Cid Gomes vem sendo motivo de dúvida pública levantada por pedetistas como o vereador Adail Júnior, vice-presidente da Câmara de Fortaleza.
Nesses mais de dois meses de administração, Izolda tem buscado conciliar a gestão da máquina pública, o calendário de entrega de obras deixadas por Camilo e a articulação política de olho no processo sucessório. É precisamente esse último ponto que tem chamado a atenção, pelo ritmo e pela desenvoltura da governadora.
Dentro do PDT, contudo, essa movimentação começa a despertar reações de correligionários, que se queixam internamente de que o Palácio da Abolição estaria entrando muito forte no jogo eleitoral, conforme apurou a reportagem.
Num cenário de polarização entre Izolda e Roberto Cláudio, estaria causando incômodo a uma ala do PDT o corpo a corpo com prefeitos e deputados, numa demonstração de que a governadora vem fazendo o dever de casa para quem lhe cobrava que desse prova de vontade de entrar na disputa.
No período à frente do Governo, a pedetista reuniu-se, por exemplo, com Eunício Oliveira, adversário do grupo pedetista, mas cuja posição no Ceará é a de apoiar um candidato estritamente alinhado com Camilo Santana. Esse nome, já afirmou Eunício, poderia ser o de Izolda, aceito dentro da sigla como uma virtual candidata.
Antes mesmo de assumir o cargo, Izolda havia se encontrado com a deputada federal Luizianne Lins (PT), também adversária de Roberto Cláudio no xadrez local, assim como Eunício.
Recém-ingresso no PSDB, Chiquinho Feitosa, com quem Izolda manteve tratativas, é outro que já declarou que a pedetista deve postular a reeleição em 2022.
Reservadamente, porém, pedetistas negam qualquer embaraço com a situação. Um deputado do partido considerou a conduta da governadora “com naturalidade”, ressalvando que “todo mundo sabia que isso ia acontecer e que ela tem mesmo é que andar”.
Outro parlamentar da sigla afirmou não ter tomado conhecimento de comentários negativos sobre os passos de Izolda. “Até porque Camilo fazia isso. Ela é continuidade, mas é outra pessoa. Todos querem conhecer, bater foto, dar andamento a alguns pedidos. E fazer novos pedidos. Uma governadora não pode ficar sem receber prefeito”, concluiu.
Com informações Jornal O Povo
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