Cid Gomes, Izolda Cela e Camilo Santana em solenidade recente (Foto: Thais Mesquita) |
Gratidão
ao antecessor
Em junho de 2014, Dilma Rousseff (PT) não havia completado nem seis meses como presidente. Cid Gomes foi entrevistado pelo jornalista Kennedy Alencar, na Rede TV, e expôs a tese que, 11 anos depois, talvez ajude a ilustrar como ele pensa a sucessão no Ceará.
“Se eu fosse a Dilma, faria tudo para estar bem em 2014, mas convidaria o Lula para ser candidato. É o que eu faria. A Dilma se elegeu pela força do Lula e gratidão é uma virtude que eu prezo muito. O caminho seria esse.”
A primeira coisa a considerar é que mais de uma década se passou. A opinião de Cid pode ter mudado. Ou não. Porém, naquela ocasião, ele achava que Dilma, presidente e com direito à reeleição, tinha dívida de gratidão com aquele que a projetou. O hoje senador não dizia que Lula deveria cobrar, mas que a própria Dilma deveria colocar para o antecessor a prerrogativa da escolha. O que isso tem a ver com o Ceará 2022?
Camilo virou governador pelas mãos de Cid, mais ou menos como Dilma virou presidente por causa de Lula. Camilo se reelegeu e não houve controvérsia — nem consta que ele tenha consultado Cid sobre se queria voltar. O irmão de Ciro foi para o Senado na ocasião. Mas, ao considerar a carta da gratidão, Cid pode achar que não cabe ao petista o comando da sucessão, mas àquele que viabilizou a chegada dele ao poder. Embora Cid tenha dado declarações poucos meses atrás atribuindo protagonismo a Camilo.
A questão é, ainda pelo raciocínio de Cid, se Camilo deveria abrir espaço para o antecessor decidir o que deve ser feito. Ou se a lógica vale em sentido estrito: apenas se o candidato fosse Cid. Vale lembrar, o senador tem dito que não será mais candidato e nega peremptoriamente hipótese de concorrer a governador. Talvez para salvar a aliança? Bem, ele vira e mexe é cogitado para concorrer — vide especulações sobre a Prefeitura de Fortaleza em 2020. Mas, Cid negar tão categoricamente algo e acabar embarcando na empreitada seria algo que eu nunca o vi fazer. O que não significa que não fará, mas eu não apostaria.
Lições
de Cid, parte 2
Uma
outra lição política de Cid talvez mereça ser reanalisada. Era março de 2013,
ele era governador e deixava cerimônia no Palácio do Planalto. Afirmou a
jornalistas: “Eu aprendi que o correto, para quem está no governo, é deixar
tudo para a última hora. Precipitar o debate eleitoral só acirra os ânimos e o
governo precisa de um ambiente mais tranquilo no Congresso, para aprovar os
seus projetos.”
Bem,
no Ceará de 2022, o que está acirrando os ânimos parece ser a demora na
decisão. Voltarei ao tema.
Publicado originalmente no portal O Povo Online
Leia também:
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andar para trás", diz Camilo sobre manutenção da aliança PT-PDT no Ceará
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