Bandeira branca no PDT busca minimizar desgastes internos

Roberto Cláudio e Izolda Cela abraçados ao ex-governador Camilo Santana em recente confraternização  (Foto: Reprodução/Facebook)

O desgaste no PDT, principal partido da base governista, já estava crescendo com defensores de Izolda Cela e de Roberto Cláudio a trocarem críticas cada vez mais incisivas, razão pela qual o sentido de unidade deu a tônica dos últimos dias de pré-campanha pedetista. A avaliação é do cientista político e pesquisador vinculado ao Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem-UFC), Cleyton Monte.

"A gente tem que lembrar que um grupo político, quando é muito grande, tem várias áreas de atuação. Isso de certa forma atrapalha a gestão porque você tem cada um puxando pro seu lado. A governadora falou que isso cria desgastes de energia muito grande", mencionou Monte.

"Eu penso que isso dispersa uma energia muito importante, que tem que estar focada, no meu caso, no serviço, e, no caso da aliança, na unidade. Dispersar energia com o que não tem importância não é uma coisa boa”, afirmou Izolda na última terça-feira, 24, durante evento junto a representante da Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDL).

O PDT tem quatro pré-candidatos ao Palácio Abolição: atual governadora Izolda Cela, o ex-prefeito Roberto Cláudio, o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão, e o deputado federal Mauro Filho. Na prática, atualmente, a disputa se centra em Izolda e Roberto.

Apesar dos dias mais amenos, ambos estão conversando com atores importantes do jogo sucessório. Izolda faz questão de tornar públicas nas redes sociais imagens de algumas dessas articulações. O périplo de RC pelo interior, passando por municípios como Beberibe, Santa Quitéria e Canindé também foram registrados nas redes. Os dois dão mostras de que querem liderar a empreitada.

Os momentos de tensões pelos quais o partido passou, ainda segundo Monte, são sintomáticos de um ciclo político em seus estertores. "A gente está vivendo momento de transição. Já são 16 anos no poder e acaba acentuando ainda mais esses conflitos internos."

Quando Camilo Santana (PT) foi alçado de deputado estadual a candidato a governador do Ceará, em 2014, ele cita que Zezinho Albuquerque e Domingos Filho se frustraram. No entanto, passada a "ressaca", Monte relembra que a cúpula do ferreiragomismo chamou à unidade.

"O Sarto nunca foi consenso, não era nem o candidato do Roberto Cláudio, que era Samuel (Dias, então secretário de Governo). A partir do momento em que se escolhe o Sarto, o Roberto Cláudio deixa as mágoas de lado e vai fazer campanha pro cara, (assim como) o Salmito, o Idilvan", diz o pesquisador. E adiciona: "O grupo é forte porque nos momentos decisivos você tem certo nível de unidade."

O cientista político usa os dois exemplos para dizer que, desta vez, novas frustrações devem ocorrer, o que não deve ser empecilho para a união trabalhista na disputa. Ele observa, inclusive, que isso será importante diante de um cenário em que Capitão Wagner (União Brasil), pré-candidato de oposição, tem chances reais de vitória.

O jornal POVO procurou dois pedetistas, um apoiador de Izolda e outro, de Roberto. O deputado federal Idilvan Alencar (PDT), aliado da governadora, afirma que a "calmaria" a beneficia. "Fortalece quem está inaugurando obras todo dia, recebendo prefeitos, deputados, se encaminha para uma coisa natural, uma candidata natural, o que acontece com todo prefeito, vai para a reeleição, todo governador que quer vai pra reeleição, né?", ele avalia.

Por outro lado, o vice-presidente da Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor) e defensor ferrenho do ex-prefeito da Capital, o vereador Adail Júnior (PDT) afirmou que manterá o mesmo ritmo que tem adotado na tribuna do Legislativo. Nesta pré-campanha, isto significa não só defender RC, como criticar a concorrente Izolda, ou o PT, que tem resistências ao aliado de Roberto Cláudio.

Ex-presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE), o deputado estadual Zezinho Albuquerque (PP) afirmou que a governadora Izolda Cela (PDT) é a pré-candidata de sua preferência entre os governistas para disputar o Governo do Estado.

“Nós estamos bem entregues até janeiro. A nossa governadora tem direito a uma reeleição”, afirmou o deputado nesta quarta-feira, 25, em discurso na tribuna da AL-CE. Zezinho elogiou os primeiros meses de Izolda no Palácio Abolição e destacou o “papel fundamental” dela para o reconhecimento da educação no Ceará.

O deputado, que ocupou o cargo de secretário de Cidades durante o governo de Camilo Santana (PT), enfatizou o diálogo que Izolda está tendo com prefeitos e lideranças do Interior. “Izolda, com o seu jeito simples, as coisas estão acontecendo. Os prefeitos estão encantados com Izolda. Andando pelo interior, conversando com as pessoas e ouvindo, estou presenciando satisfação e ouvindo sugestões”, acrescentou.

Em janeiro, pouco antes de deixar o PDT e migrar para PP em busca de "mais espaço", Zezinho disse ao O POVO que cobraria mais diálogo dentro da base governista no processo de escolha da candidatura.

“Como é? Vamos ficar com um nome porque é meu amigo e gosta mais dele? Tem que ouvir as pessoas. Sobre os nomes para o Governo do Estado, a gente vai ter que conversar isso, não adianta só chegar um nome. Eu não tenho mais idade para apoiar um candidato por nada, a gente vai aguardar um pouco isso. Essa coisa de votar o que está ali, o nome é aquele, acho que não deve ser assim”, destacou à época.

Com informações portal O Povo Online

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