10 de abril de 2022

Os palanques presidenciais na eleição para o governo do Ceará

Bolsonaro, Ciro Gomes e Lula (Foto: Montagem/redes sociais)

As eleições que serão realizadas no Ceará e no Brasil em outubro são disputas com realidades próprias, mas com intensa relação entre si. São parte de um único jogo, no sentido de que a montagem dos palanques estaduais repercutem nas campanhas nacionais. Fortalecendo-as ou enfraquecendo-as. E o que se acorda no plano nacional interfere em cada canto do País. Nessa fase de pré-campanha, os pré-candidatos e os partidos conversam visando a composição de alianças que lhes deem forças pelos estados brasileiros.

Na esfera nacional, PDT e PT andam às turras com as críticas que Ciro Gomes contra Luiz Inácio Lula da Silva, fazendo com que no Ceará todos os esforços sejam no sentido de blindar a aliança que tem nos dois partidos as principais forças. Ao que tudo indica, a aliança permanecerá inabalada. O PDT apresentará candidatura ao governo estadual apoiada pelo PT, que terá Camilo Santana na disputa pelo governo.

Petistas do Ceará com os quais O POVO conversou entendem como previsível que Izolda Cela, Evandro Leitão, Roberto Cláudio ou Mauro Filho apoiem abertamente Ciro Gomes, ainda que isso signifique uma ruptura com o modo de o ex-governador Camilo Santana (PT) participar de campanhas em que as duas siglas mediram forças.

Os petistas são uníssonos, contudo, ao reivindicar que a candidatura pedetista respeite o PT. Ou seja, não endosse as críticas cada vez mais ácidas de Ciro contra Lula, como as que o chamam de "ladrão". Um dirigente estadual do PT foi questionado sobre qual seria o palanque de Lula no Ceará.

"Nós temos candidato a senador (Camilo Santana). Nós temos hoje sete deputados estaduais. Nós temos 29 prefeitos. Portanto, nós temos um palanque, ou vários palanques. Temos três deputados federais", respondeu. Perguntado sobre Camilo e neutralidade característica, respondeu que o ex-governador trabalha com "palanques duplos", razão pela qual avalia que se torna ainda mais necessário que a candidatura pedetista tenha cordialidade no tratamento com o PT.

"Já pensou candidato a governador que se posiciona contrário ou faz coro junto com o Ciro contra o PT e contra o Lula? Temos de ter um palanque que dialogue. Nós respeitamos muito a Izolda, ela faz campanha pro Ciro, Evandro faz campanha pro Ciro; mas respeitam o PT, precisamos que o PT seja respeitado", disse essa fonte ao O POVO.

No governo, Camilo evitava se posicionar entre Lula ou Ciro. Na eleição de 2018, ele deu apoio a ambos os lados. Se Ciro Gomes fazia um ato, ele aparecia ao lado dele. Se o petista Fernando Haddad visitava o Estado, Camilo participava das atividades com ele. Agora no comendo do Estado, Izolda Cela (PDT) já age diferente. Em entrevista ao colunista do O POVO Eliomar de Lima, ela declarou apoio a Ciro. "Eu vejo que o Ciro tem a visão mais lúcida, a proposta mais estruturada, adequada. Uma história, uma experiência importantíssima, que pode estar a serviço do Brasil", afirmou.

A adesão do PT à aliança pedetista revolta setores do PT, liderados pelos deputados federais Luizianne Lins e José Airton Cirilo. A ex-prefeita de Fortaleza conversou com o Psol e a Rede, cogitou sair do petismo após 33 anos. Ela acredita que o PT tem de ter protagonismo na sucessão estadual e, além disso, assegurar a Lula um palanque fiel no Ceará, algo que uma candidatura pedetista não poderá conferir. Contudo, decidiu ficar.

Líder do grupo majoritário do PT, o deputado José Guimarães quer Lula eleito presidente, mas entende que para isso não será necessário por fim ao consórcio PT-PDT. No Ceará, Lula ainda dispõe do apoio do presidente estadual do MDB, o ex-senador Eunício Oliveira, pré-candidato a deputado federal e sério candidato a assumir a presidência da Câmara dos Deputados em caso de vitória do petista. Ou um ministério importante para o Nordeste, como apontam os cálculos dele.

Mas, a preferência de Eunício pelo petista não implica dizer que, a nível local, as conversas com defensores de outros projetos políticos para o Brasil não ocorra. Pré-candidato de oposição ao Governo do Ceará, Capitão Wagner (União Brasil) é aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL) e irá conversar com o emedebista, com o fim da janela partidária.

O principal estrategista do PDT, Cid Gomes, afirmou que espera contar com o MBD na aliança liderada por um pedetista.

"Espero que venha também, espero que venha, quem pode falar melhor é o presidente Eunício Oliveira", disse em coletiva de imprensa concedida no último sábado, 2.

AS FORÇAS NO CEARÁ E OS PALANQUES PRESIDENCIAIS

PDT: Candidato a presidente: Ciro Gomes; Candidatura ao Governo do Ceará: própria

PT em federação com PV e PCdoB: Candidato a presidente: Luiz Inácio Lula da Silva; Candidatura ao Governo do Ceará: PDT

PSB: Candidato do PSB nacional a presidente: Lula; Candidato do PSB estadual a presidente: Ciro Gomes; Candidatura ao Governo do Ceará: PDT

PSDB: Candidato a presidente: João Doria; Candidatura ao Governo do Ceará: PDT

PL: Candidato do PL a presidente: Jair Bolsonaro; PL estadual: ala pró-Ciro Gomes e ala pró-Bolsonaro; Candidatura ao governo do Ceará: própria, do PDT ou de Capitão Wagner

PP: Candidato a presidente: Jair Bolsonaro; Candidatura ao Governo do Ceará: PDT

MDB: Candidata do MDB nacional: Simone Tebet; Candidato do MDB estadual: Lula; Candidatura ao Governo do Ceará: conversa com Capitão Wagner

União Brasil: Candidatura do União Brasil a presidente: indefinida; Candidato do União Brasil estadual: Bolsonaro; Candidatura ao Governo do Ceará: Capitão Wagner

Podemos: Candidatura do Podemos a presidente: indefinido desde que Moro desfiliou; Candidatura ao Governo do Ceará: Capitão Wagner

Psol: Candidato a presidente: Lula; Candidata ao governo do Ceará: Adelita Monteiro

PSD: Candidatura do PSD a presidente: própria; Candidatura ao Governo do Ceará: PDT

Com informações portal O Povo Online

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As outras forças no palanque governista

 


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