O filme teve sua pré-estreia no Cineteatro São Luiz (Foto: Fernanda Barros) |
“Medida
Provisória”, que marca a estreia de Lázaro Ramos como diretor de um
longa-metragem, está em cartaz nos cinemas de Fortaleza. O filme, que mistura
elementos de drama, ação e humor, aborda a luta antirracista a partir de uma
realidade distópica do Brasil.
No
enredo, o governo brasileiro decreta que todos os cidadãos negros serão
obrigados a migrar para a África. Neste contexto, o casal Capitú (Taís Araújo)
e Antonio (Alfred Enoch), junto com o primo André (Seu Jorge), dialogam sobre
questões sociais e raciais e compartilham de anseios de
mudança. Trabalho também marca a estreia do rapper Emicida como ator.
O roteiro foi baseado na peça “Namíbia, Não!”, escrita pelo dramaturgo Aldri Anunciação. “Comecei a dirigir pensando em passar o bastão para outra pessoa. Quando eu vi, já estava apaixonado, já estava envolvido por essa possibilidade de fazer um filme que fala sobre um tema que tem sido discutido, mas pouco filmado, e, além de tudo, em um formato que misturava gêneros”, explicou Lázaro Ramos em entrevista exclusiva ao O POVO.
O
longa-metragem é uma distopia, mas o diretor revela que fica constrangido em
definir seu projeto dessa forma. “Hoje eu já fico até constrangido de dizer que
esse filme é uma distopia. Eu não sei se ele é mais uma distopia”, reflete.
“Em 2015, quando a gente escreveu, ele era uma distopia, era uma lente de aumento, era um alerta. De lá pra cá, muitas coisas aconteceram similares ao que têm no filme e algumas até piores e mais cruéis. Foram coisas inimagináveis, que a gente, na ficção, nem pensou”, afirma.
Durante
seu processo de lançamento, “Medida Provisória” sofreu uma série de atrasos,
ataques e tentativas de boicote. A Agência Nacional de Cinema (Ancine), por
exemplo, demorou mais de um ano para liberá-lo. Um mês antes de sua estreia
oficial, o órgão que regulamenta a indústria cinematográfica ainda não tinha
dado um parecer, e a equipe de produção precisou se manifestar publicamente
sobre o assunto. O filme teve que ser adiado quatro vezes.
Em
março do ano passado, Sérgio Camargo, então presidente da Fundação Palmares,
tentou boicotar a veiculação. “O filme, bancado com recursos públicos, acusa o
governo Bolsonaro de crime de racismo. Temos o dever moral de boicotá-lo nos
cinemas. É pura lacração vitimista e ataque difamatório contra o nosso
presidente”, escreveu em suas redes sociais. Ele chegou a apagar a publicação,
mas reforçou: “não vi e não gostei”.
Nas últimas semanas, Mário Frias, que foi secretário da Cultura de Jair Bolsonaro, e o deputado Eduardo Bolsonaro também fizeram ataques à produção. Um dos principais alvos foi Taís Araújo, que faz parte do elenco, e criticou o atual governo em entrevistas recentes.
Com
informações portal O Povo Online
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