O filme "Medida Provisória" marca a estreia de Lázaro Ramos como diretor e reflete sobre o racismo e a luta antirracista (Foto: Fernanda Barros) |
Depois de duas semanas extensas de viagens, entrevistas e diálogos com os espectadores, o ator e diretor Lázaro Ramos concedeu entrevista a equipe do jornal o Povo e explica que a energia que ainda tem para continuar com a programação vem do público. Ele diz que não se sente sozinho, porque sua batalha para a valorização da cultura e sua luta antirracista são compartilhadas com as milhares de pessoas que foram - e vão - assistir ao longa-metragem.
Lázaro conta que durante o processo de lançamento, "Medida Provisória" sofreu uma série de atrasos, ataques e tentativas de boicote. A Agência Nacional de Cinema (Ancine), por exemplo, demorou mais de um ano para liberá-lo. Um mês antes de sua estreia oficial, o órgão que regulamenta a indústria cinematográfica ainda não tinha dado um parecer e a equipe de produção precisou se manifestar publicamente sobre o assunto. O filme teve que ser adiado quatro vezes.
Em março do ano passado, Sérgio Camargo, então presidente da Fundação Palmares, tentou boicotar a veiculação. "O filme, bancado com recursos públicos, acusa o governo Bolsonaro de crime de racismo. Temos o dever moral de boicotá-lo nos cinemas. É pura lacração vitimista e ataque difamatório contra o nosso presidente", escreveu em suas redes sociais. Ele chegou a apagar a publicação, mas reforçou: "Não vi e não gostei".
Nas últimas semanas, Mário Frias, que foi secretário da Cultura de Jair Bolsonaro, e o deputado Eduardo Bolsonaro também fizeram ataques ao longa-metragem. Um dos principais alvos foi Taís Araújo, que faz parte do elenco, e criticou o governo em vídeos recentes.
Na entrevista, Lázaro Ramos reflete sobre o processo de produção do
longa-metragem, suas reações em relação à recepção do público, além de traçar
paralelos entre a ficção e a realidade brasileira.
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