Parlamentares recém-filiados ao PL em encontro com Jair Bolsonaro exibem a palavra “Lealdade”, em referência a sua postura em relação ao governo (Foto: Divulgação/PL) |
O saldo reconhecidamente favorável da janela partidária, fechada na última sexta-feira, para Jair Bolsonaro (PL), acendeu a luz de alerta nas campanhas dos demais pré-candidatos ao Palácio do Planalto. Com a máquina do governo a favor do presidente, proporcionando uma agenda intensa de inaugurações e eventos — além da exposição natural da imagem de quem ocupa o principal posto da República —, os postulantes à Presidência prometem intensificar as movimentações para a construção de palanques estaduais, acordos ainda pendentes e, sobretudo, garantir espaço no noticiário. A força de Bolsonaro deixou todos atordoados.
Nos bastidores da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cresce a pressão para que ele se lance a candidatura o quanto antes — a princípio, a data será 13 de maio —, apesar da vantagem que ainda sustenta sobre Bolsonaro nas pesquisas de intenção de votos. Por enquanto, o petista tem investido nas articulações e nos bastidores.
Porém, a depender do que disserem as próximas sondagens de opinião junto ao eleitorado — é dada como certa a possibilidade de Bolsonaro diminuir a vantagem do petista, em boa parte pela desenvoltura com que utiliza o poder para fazer campanha —, o PT pode antecipar alguns movimentos. Por enquanto, o grande evento previsto pelo partido é a presença de Lula e Geraldo Alckmin juntos em palanque na comemoração do Dia do Trabalho, em 1º de maio.
O crescimento de Bolsonaro não é razão de preocupação apenas para o PT e Lula — que ainda têm que evitar o impacto que os permanentes ataques de Ciro Gomes (PDT) podem estar causando à campanha do ex-presidente. Os representantes da terceira via também sinalizam com a intensificação das movimentações. O ex-juiz Sergio Moro, por exemplo, esteve com a pré-candidata do MDB, a senadora Simone Tebet (MS), e com o ex-governador gaúcho Eduardo Leite. Embora tenha ficado evidente que não será candidato à Presidência pelo União Brasil, Moro recebeu sinal verde para manter conversas com outros postulantes. A expectativa é de que esses contatos sirvam para a construção de uma convergência entre os nomes que se apresentam como representantes da terceira via.
Quem também começa a se mexer com mais vigor, a partir de hoje, é o pré-candidato do PSDB João Doria. Depois da ameaça, na semana passada, de permanecer à frente do governo de São Paulo — negando a possibilidade de Rodrigo Garcia sucedê-lo e disputar o Palácio do Bandeirantes, em outubro, no cargo —, há sinais contraditórios nas hostes tucanas se, realmente, vão botar a bola no chão.
Isso porque, se por num lado César Gontijo, tesoureiro do partido, deixou a posição habitualmente discreta de homem das finanças da legenda para reforçar que o resultado das prévias é soberano — principalmente agora que Doria está solto das amarras que limitavam seus movimentos enquanto ocupou o cargo de governador —, por outro o presidente do PSDB, Bruno Araujo, assegurou que as movimentações de Leite não serão coibidas.
"(João Doria) causou muita colisão para ser escolhido candidato (à Presidência), mas, antes disso, também para concorrer ao governo de São Paulo. Ele tem alguns embates, como com o grupo de Aécio (Neves, deputado federal), e está isolado, mesmo tendo vencido a prévia", analisa o cientista político André Rosa.
Interlocutores do partido ouvidos pelo Correio, mas que pediram para não serem identificados, estão seguros em afirmar que o ex-governador de São Paulo não sairá da corrida eleitoral como se estivesse desistindo — ou seja, abrirá mão da disputa caso seu desempenho nas pesquisas não engrene nos próximos meses, e Leite ou outro candidato esteja mais bem posicionado. Já os apoiadores do ex-governador gaúcho acreditam que Doria desidrata até junho e, assim, joga a toalha, permitindo lançar um candidato mais competitivo ou mesmo aderir a uma campanha mais bem avaliada.
Processo semelhante é vivido por Simone Tebet. Na mais recente pesquisa do Ipespe, divulgada em 25 de março, a senadora amarga modesto 1% da preferência do eleitorado, ao lado de André Janones (Avante), Felipe D'Ávila (Novo) e Eduardo Leite (PSDB), que nem pré-candidato declarado é. Interlocutores da parlamentar aguardavam apenas que a janela para a troca de partidos fechasse para que ela pudesse sair em campo. Mas o resultado foi desolador para o MDB na Câmara: passou a ser a sétima bancada na Casa. Por causa disso, já a enxergam como um possível nome a vice numa chapa da terceira via.
Para o cientista político Nauê Bernardo, o eleitor não quer expectativas, e sim respostas. "No contexto em que a gente vive, o eleitor precisa de certeza. Sem isso, você não tem como avaliar o que o pré-candidato pode oferecer à população", avalia.
Com informações portal Correio Braziliense
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