Bolsonaro durante cerimônia do Dia Internacional da Mulher no Palácio do Planalto (Foto: Sérgio Lima) |
O governo federal decidiu liberar a distribuição gratuita de absorventes como parte das políticas públicas anunciadas no Dia Internacional da Mulher. Depois de vetar a medida em projeto de lei aprovado pelo Congresso em outubro do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro (PL) editou decreto ontem autorizando a oferta do item - que, no entanto, será restrita a alguns grupos de mulheres e condicionada à existência de orçamento.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse a jornalistas no Palácio do Planalto que serão alocados R$ 130 milhões para a distribuição de absorventes. O texto enviado pelo governo à imprensa, porém, não cita nenhum valor.
"A execução do Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual fica condicionada à disponibilidade orçamentária e financeira", ressalta a Secretaria-geral da Presidência, em nota oficial.
Segundo o secretário de Atenção Primária do Ministério da Saúde, Raphael Câmara, serão contemplados pelo programa cerca de 3 milhões: aquelas mulheres em situação de rua; em cumprimento de medidas socioeducativas; e alunas de 9 a 24 anos matriculadas em escolas inscritas no programa Saúde na Escola que tenham mais de 50% de estudantes de famílias inscritas no Auxílio Brasil. O texto do decreto divulgado pelo governo não traz menção a homens trans, que também menstruam.
Queiroga afirmou ainda que o decreto de ontem, ao regulamentar o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual, amplia o projeto de lei sancionado por Bolsonaro em outubro - mas cujo dispositivo sobre distribuição de absorventes fora vetado pelo presidente. "Lá (no projeto de lei) não se tinha feito cálculo do impacto orçamentário de forma apropriada", justificou o ministro sobre o veto.
Em outubro do ano passado, Bolsonaro sancionou a lei que criou o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual, mas vetou o artigo 1º, que previa a distribuição gratuita de absorventes para estudantes de baixa renda de escolas públicas e pessoas em situação de rua ou de vulnerabilidade. Além disso, vetou um trecho que incluía absorventes nas cestas básicas dadas pelo Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional.
À época, o presidente chegou a ironizar o programa e a chamá-lo de "Auxílio Modess", em alusão a uma marca de absorventes, durante uma de suas lives semanais. "É só o Parlamento derrubar o veto, que daí eu sou obrigado a promulgar depois", disse Bolsonaro, na ocasião, chegando a afirmar que estava "torcendo" pela derrubada do veto. Depois, concluiu: "Aí a gente vai se virar e vamos estender o auxílio modess". Agora, porém, o presidente regulamentou o programa. Críticos veem isso como estratégia para se aproximar de mulheres em ano eleitoral.
Com
informações portal O Povo Online
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