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5 de janeiro de 2022

Por que é urgente vacinar crianças contra a Covid-19

 

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, defende a aplicação sob condição de prescrição médica (Foto: Marcelo Camargo)

O início da vacinação de crianças contra a Covid-19 no Brasil tem sido postergado por obstáculos postos pelo Governo Federal. Impasse fica em evidência sobretudo porque o uso da Pfizer na faixa etária de 5 a 11 anos foi aprovado há quase três semanas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). As razões para a vacinação dessa população são muitas e urgentes e levam em consideração a segurança das crianças principalmente com a disseminação da variante Ômicron.

Por que não vacinar crianças? Conforme especialistas, não há argumento que sustente essa não imunização. De fato, não vacinar essa parcela da população é um imperativo. "Infelizmente, somos um dos países com maior número de mortes em crianças por Covid-19. Cada dia que perdemos para iniciar a vacinação tem um custo muito alto, pois cada vida importa, não pode ser medida em valores, não tem volta", lamenta Robério Leite, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC) e diretor da Regional Ceará da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm-CE).

 

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, defende a aplicação sob condição de prescrição médica e um termo de responsabilização assinado pelos pais. Essas exigências não foram estipuladas em outros grupos sociais que já receberam a imunização contra a doença. Além disso, proposta destoa da prática do Programa Nacional de Imunizações (PNI).

 

Nesse domingo, 2, a pasta encerrou uma consulta pública sobre a vacinação de crianças contra o coronavírus para "informar e conhecer as dúvidas e contribuições da sociedade científica e da população" sobre o tema. Além disso, nessa terça-feira, 4, ministério realizou audiência pública sobre vacinação infantil contra a Covid-19.

 

Riscos da Ômicron

O infectologista pediátrico afirma que o risco para as crianças pode ser maior, considerando que os não vacinados são mais suscetíveis "sobretudo em países em que o percentual de crianças e adolescentes na população é bastante expressivo, como o Brasil, por exemplo".

 

O risco aumenta nesse contexto de uma epidemia de Influenza dentro de uma pandemia do coronavírus com transmissão aumentada exponencialmente pela variante Ômicron. Ele explica que o vírus Influenza, proporcionalmente, tende a causar problemas mais graves em crianças, comparado com a Covid-19.

 

Entretanto, como o número de crianças com Covid-19 está aumentando muito devido à maior capacidade de transmissão do vírus e ao fato de ser o grupo não ter sido protegido pelas vacinas, "aquilo que é proporcionalmente menor, acaba ficando muito expressivo em números absolutos".

 

"Se é verdade que adoecem menos, também é verdade que podem morrer por Covid-19", corrobora Jocileide Sales Campos, coordenadora de políticas públicas de saúde da criança da Sociedade Cearense de Pediatria e professora de Medicina do Centro Universitário Christus (Unichristus).

"Por que não vacinar as crianças? Se não tem contraindicação e vou ter a proteção das crianças e das pessoas ao redor?", questiona. Ela detalha que a ocorrência de eventos adversos é registrada em número muito inferior do que os eventos gerados pela vacinação. "O custo-benefício da vacinação é melhor".

 

"As crianças sempre recebem as vacinas normalmente como uma ação de proteção rotineira. É o mesmo caso da vacina da Covid-19, aprovada pela Anvisa e por outros organismos vacinais. Como já está sendo aplicada na Europa, nos Estados Unidos", justifica Jocileide.

 

A médica destaca ainda a importância dessa parcela da população para reduzir a circulação do vírus na população geral. "A não vacinação facilita a maior ocorrência do número de casos e a transmissão para outras pessoas de outras faixas etárias não completamente vacinadas", acrescenta. O infectologista pediátrico Robério Leite acredita que "não vacinar esse grupo populacional, é manter um reservatório muito importante de indivíduos mais suscetíveis para serem infectados".

 

Decisão no Ceará

As crianças de 5 a 11 anos do Ceará devem receber a vacina contra a Covid-19 sem a necessidade de apresentar atestado médico. A decisão foi tomada durante reunião da Comissão Intergestores Bipartite (CIB), que é formada pela Secretaria da Saúde do Estado e as secretarias da Saúde municipais das 184 cidades cearenses. Para receber o imunizante, a criança deverá estar acompanhada de pais ou responsáveis e apresentar um documento de identificação oficial.

Com o aumento preocupante de casos de Covid-19 e Influenza no Estado, o governador Camilo Santana (PT) anunciou nessa terça a criação de um plano de ampliação de leitos públicos para atendimento de síndrome respiratória, além da ampliação da testagem.

Com informações portal O Povo Online

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