O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, defende a aplicação sob condição de prescrição médica (Foto: Marcelo Camargo) |
Por
que não vacinar crianças? Conforme especialistas, não há argumento que sustente
essa não imunização. De fato, não vacinar essa parcela da população é um imperativo.
"Infelizmente, somos um dos países com maior número de mortes em crianças
por Covid-19. Cada dia que perdemos para iniciar a vacinação tem um custo muito
alto, pois cada vida importa, não pode ser medida em valores, não tem
volta", lamenta Robério Leite, professor da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal do Ceará (UFC) e diretor da Regional Ceará da Sociedade
Brasileira de Imunizações (SBIm-CE).
O
ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, defende a aplicação sob condição de
prescrição médica e um termo de responsabilização assinado pelos pais. Essas
exigências não foram estipuladas em outros grupos sociais que já receberam a
imunização contra a doença. Além disso, proposta destoa da prática do Programa
Nacional de Imunizações (PNI).
Nesse
domingo, 2, a pasta encerrou uma consulta pública sobre a vacinação de crianças
contra o coronavírus para "informar e conhecer as dúvidas e contribuições
da sociedade científica e da população" sobre o tema. Além disso, nessa
terça-feira, 4, ministério realizou audiência pública sobre vacinação infantil
contra a Covid-19.
Riscos
da Ômicron
O
infectologista pediátrico afirma que o risco para as crianças pode ser maior,
considerando que os não vacinados são mais suscetíveis "sobretudo em
países em que o percentual de crianças e adolescentes na população é bastante
expressivo, como o Brasil, por exemplo".
O
risco aumenta nesse contexto de uma epidemia de Influenza dentro de uma
pandemia do coronavírus com transmissão aumentada exponencialmente pela
variante Ômicron. Ele explica que o vírus Influenza, proporcionalmente, tende a
causar problemas mais graves em crianças, comparado com a Covid-19.
Entretanto,
como o número de crianças com Covid-19 está aumentando muito devido à maior
capacidade de transmissão do vírus e ao fato de ser o grupo não ter sido
protegido pelas vacinas, "aquilo que é proporcionalmente menor, acaba
ficando muito expressivo em números absolutos".
"Se
é verdade que adoecem menos, também é verdade que podem morrer por
Covid-19", corrobora Jocileide Sales Campos, coordenadora de políticas
públicas de saúde da criança da Sociedade Cearense de Pediatria e professora de
Medicina do Centro Universitário Christus (Unichristus).
"Por
que não vacinar as crianças? Se não tem contraindicação e vou ter a proteção
das crianças e das pessoas ao redor?", questiona. Ela detalha que a
ocorrência de eventos adversos é registrada em número muito inferior do que os
eventos gerados pela vacinação. "O custo-benefício da vacinação é
melhor".
"As
crianças sempre recebem as vacinas normalmente como uma ação de proteção
rotineira. É o mesmo caso da vacina da Covid-19, aprovada pela Anvisa e por
outros organismos vacinais. Como já está sendo aplicada na Europa, nos Estados
Unidos", justifica Jocileide.
A
médica destaca ainda a importância dessa parcela da população para reduzir a
circulação do vírus na população geral. "A não vacinação facilita a maior
ocorrência do número de casos e a transmissão para outras pessoas de outras
faixas etárias não completamente vacinadas", acrescenta. O infectologista
pediátrico Robério Leite acredita que "não vacinar esse grupo
populacional, é manter um reservatório muito importante de indivíduos mais suscetíveis
para serem infectados".
Decisão
no Ceará
As crianças de 5 a 11 anos do Ceará devem receber a vacina contra a Covid-19 sem a necessidade de apresentar atestado médico. A decisão foi tomada durante reunião da Comissão Intergestores Bipartite (CIB), que é formada pela Secretaria da Saúde do Estado e as secretarias da Saúde municipais das 184 cidades cearenses. Para receber o imunizante, a criança deverá estar acompanhada de pais ou responsáveis e apresentar um documento de identificação oficial.
Com
o aumento preocupante de casos de Covid-19 e Influenza no Estado, o governador
Camilo Santana (PT) anunciou nessa terça a criação de um plano de ampliação de
leitos públicos para atendimento de síndrome respiratória, além da ampliação da
testagem.
Com
informações portal O Povo Online
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