12 de janeiro de 2022

Covid e Influenza: volta às aulas pode intensificar transmissões se cuidados não forem mantidos

Escolas devem manter protocolos para reduzir contaminação por Covid-19 (Foto: Fabio Lima)

A volta às aulas nas escolas públicas e particulares, mais uma vez é de incerteza causada pelos dois anos de pandemia de Covid-19 e a atual alta de casos resultado da variante Ômicron e de Influenza, em Fortaleza. Especialistas ouvidos pelo O POVO alertam para os riscos de intensificação das transmissões com a volta às aulas. “Em uma sala de aula, se uma pessoa estiver infectada, e não seguir todas as medidas de precaução, muito provavelmente elas podem infectar outras pessoas”, informa Gláucia Ferreira, médica e infectologista pediátrica.

A médica explica que as infecções respiratórias são transmitidas através de gotículas aerossóis e contato. Desta forma, apesar de pessoas infectadas-sintomáticas transmitem com maior frequência, aquela na fase pré-sintomática (pacientes que apresentam cargas virais semelhantes a quem tem sintomas, mas ainda não sabem que estão infectadas, ou acreditam que, por não terem sintomas) e assintomática (pacientes que contraíram o vírus mas não apresentaram nenhum sintoma durante todo o período de desenvolvimento da doença)  podem transmitir infecção para outros indivíduos.

Em relação ao cenário de contaminação por Covid, no Ceará, os dados indicam que o número de casos confirmados na primeira semana de 2022 apresentou crescimento de 216% em relação à primeira semana do mês anterior.

Segundo o painel IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), entre os dias 1º e 8 de janeiro, o Estado registrou 3.157 novos diagnósticos positivos para a doença. Esse número é mais que o triplo do total verificado no mesmo intervalo de dezembro, que somou 997. Em média, foram 394 casos contabilizados a cada 24 horas considerando todos os 184 municípios cearenses.

Tais dados levam mães, como a educadora Karla Amorim, 30 anos, a se preocuparem com a saúde dos filhos durante o período de retorno presencial às aulas. “Eu estou bem receosa, porque meu filho (Dionísio, 3) tem uma imunidade um pouco fraca. Ele entra em crise alérgica só com a mudança de clima”.

A mãe conta que, se pudesse deixar o filho ser cuidado em casa, não hesitaria. “Confesso que se eu tivesse com quem deixá-lo, eu não o levaria agora para a escola. Nossa família continua bem isolada e seguindo um esquema semelhante ao do ano de 2020, em relação aos cuidados e exposições contra o vírus”, finaliza.

Segundo o médico e imunologista, Cícero Inácio, toda doença infecciosa transmitida por vias aéreas (resfriado, gripe e Covid-19) aumenta contágio com o início das aulas das crianças. “Porém a gripe é mais perigosa, em números, para crianças que a Covid-19, mas não se param aulas por gripe. O importante é tratar os doentes e isolar os infectados”, argumenta o imunologista.

O médico recomenda sempre observar os indicadores, e enfatiza a importância das vacinas para combater as ações das contaminações. “Vida normal com os devidos cuidados sanitários adequados: isolamento dos doentes, tratar os doentes, vacinar todos, inclusive crianças, obedecendo os princípios de segurança, eficácia e imunogenicidade de cada vacina. Além disso, aplicar as outras vacinas, pois gripe, coqueluche e sarampo também matam”.

Por ter apenas 3 anos, crianças como Dionísio ainda não pode tomar a primeira dose do imunizante contra Covid-19. No entanto, para os pequenos de 5 a 11 anos de idade, o Ceará já se prepara para aplicar a D1 contra o coronavírus. O início da imunização das crianças desse grupo está programado para  15 ou 17 de janeiro, conforme informou o secretário da Saúde do Ceará, Marcos Gadelha.

"A vacina recomendada para Sars-Cov-2 liberada, a partir dos cinco anos, é a vacina da Pfizer. Nessa faixa etária é feita com uma dose menor e uma composição diferente da utilizada para as crianças maiores de 12 anos. É necessário que sejam feitas duas doses com intervalo de pelo menos 21 dias, com objetivo da prevenção dos casos graves da doença, das hospitalizações e morte", explica a infectologista pediátrica.

A estipulação de uma data para que as crianças pudessem receber a imunização serviu para tranquilizar pais e responsáveis como a advogada Fernanda Menezes, de 25 anos, mãe de Miguel, 7: “O início da vacinação em crianças e a preparação da escola para receber os alunos me deixa menos preocupada com os casos de contaminação por Covid no ambiente escolar”, comenta.

“Lá na escola, eles possuem acesso ao álcool em gel por todos os lugares, tem a questão do distanciamento entre os alunos, utilização de no mínimo três máscaras. Eles fazem trocas durante toda a manhã”, finaliza.

Já no caso dos adolescentes, que também voltarão às aulas nos próximos dias, a Prefeitura de Fortaleza, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, relata ter aplicado a primeira dose da vacina em 202 mil adolescentes, entre 12 e 17 anos, até o último domingo, 9.

Mas o imunologista alerta que a aplicação de apenas uma dose não é suficiente para evitar a transmissão e a contaminação nas escolas. "Assim como nos adultos não é suficiente (apenas aplicação da D1), também não será para as crianças".

"Nos adultos vacinados com três doses estão ocorrendo casos de Covid-19 e transmissão também, bem como ocorrerá com as crianças. Porém as crianças têm menor potencial de doença grave e morte que adultos, facilitando o cronograma de aplicação da vacina para crianças", finaliza o médico Cícero Inácio.

A médica e infectologista Gláucia Ferreira explica que há medidas de precaução, que podem ajudar a evitar a contaminação nas situações de retorno ao ambiente escolar:

"Pessoas com sintomas gripais, mesmo que leves, não podem comparecer no ambiente escolar.

Indivíduos sem sintomas devem respeitar o distanciamento de um metro.

Estimular o uso de máscaras a partir dos dois anos.

Higienização das mãos através da lavagem ou uso de álcool 70%.

Vacinação de todos os funcionários da escola e das crianças a partir dos cinco anos de idade, quando elas foram convocadas.

O ambiente da sala deve ser bem ventilado com janelas e portas abertas.

As escolas precisam proporcionar aos alunos um ambiente limpo, ventilado, com distanciamento entre as carteiras de um metro".

Os familiares também têm um papel importante na prevenção dessa disseminação das infecções respiratórias nas escolas, como manter as crianças em casa, se forem identificados sintomas gripais. Até mesmo no caso dos filhos terem contatos com pessoas com esses sintomas, ficarem em observação por pelo menos 72 horas.

Com informações portal O Povo Online

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