Bolsonaro disse ainda que após a nomeação, Barra Torres ganhou "luz própria" (Foto: Reprodução/Jovem Pan) |
O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou ontem (11/01) que se surpreendeu com a nota enviada pelo presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, no último sábado (08/01), na qual desafiou o chefe do Executivo a apresentar provas sobre corrupção no órgão regulador. Em entrevista à Jovem Pan, Bolsonaro caracterizou o documento como "agressivo". "Me surpreendi com a carta dele. Carta agressiva. Não tinha motivo para aquilo", apontou.
Na entrevista Bolsonaro disse que apenas perguntou: "o que é que está por trás do que a Anvisa vem fazendo?" e complementou: "Ninguém acusou ninguém de corrupto. Por enquanto, não tem o que fazer no tocante a isso daí. Eu que indiquei o Almirante Barra para a Anvisa. A indicação é minha, assim como outros da diretoria passaram pelo crivo meu, que eu indiquei, foram sabatinados no Senado, mas foram indicação do próprio Barra Torres. Mas ele não precisava agir daquela maneira".
O presidente disse ainda que antes teve uma conversa com o diretor presidente da Anvisa sobre a vacinação de crianças e indagou: "Olha, Barra, quantas crianças morreram no Brasil ao longo da pandemia?" e continuou: "Hoje eu tive contato com um blog lá do RS onde pegava dados do CDC, americana. E no Rio Grande do Sul, durante o ano todo de 20, parte 21, não morreu nem uma criança de 5 a 11 anos. Eu questionei ele no tocante do por que liberar isso daquela forma, sem jogar pesado. Na própria bula que falava das circunstâncias de efeitos colaterais, a própria Pfizer diz que alguns efeitos colaterais só teremos conhecimento em 2022, 23, 24, 25".
Segundo um levantamento do Ministério da Saúde, de março de 2020 a dezembro de 2021, 311 crianças de 5 a 11 anos morreram de covid no Brasil.
O presidente disse ainda que o trabalho da Anvisa "poderia ser diferente". "Falei para ele também: quem está vacinado transmite?". "Sim". "Quem não está vacinado, pode pegar?". "Sim". Acho que a Anvisa não sofre interferência, é um órgão independente, mas acredito que o trabalho poderia ser diferente".
Bolsonaro disse que após a nomeação, Barra Torres ganhou "luz própria" e voltou a negar que estivesse acusando o órgão de corrupção.
"Ele pode rebater agora em cima dessa crítica. Quem decide é ele. Eu sei que é ele quem decide. Eu nomeei para lá, depois da nomeação, ele ganhou luz própria. Espero que ele acerte na Anvisa. Mas não tivemos nenhum atrito a ponto tal dele falar que eu tinha que identificar qualquer indício de corrupção. Deixo claro, em novembro a PF foi na casa de diretores antigos da Anvisa. Então, nenhum órgão está livre de corrupção. Agora, eu não acusei a Anvisa de corrupção. Eu perguntei o que está por trás dessa gana, dessa sanha vacinatória".
O líder do Planalto repetiu o questionamento sobre quais seriam as intenções da Anvisa ao liberar a vacinação para crianças de 5 a 11 anos.
"Repito: o que que está por trás, quais segundas intenções, quais outras intenções da Anvisa? Não houve da minha parte nenhuma acusação. A palavra corrupção não saiu da minha boca em nenhum momento e ele resolveu fazer uma carta bastante agressiva".
Por fim, questionado sobre as duas próximas indicações ao STF a que o próximo presidente terá direito e 2023, Bolsonaro voltou falar em Barra Torres, dizendo que se tivesse mais convivência com ele, "talvez não o tivesse indicado".
Barra torres divulgou uma nota rebatendo declarações feitas por Bolsonaro durante uma entrevista, na quinta-feira (06/01). Na ocasião, o chefe do governo questionou "o que está por trás" da decisão da Anvisa de autorizar a vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a covid-19. Também chamou os defensores da imunização infantil de “tarados por vacinas”. Desde a nota pública, Bolsonaro não havia se pronunciado sobre o assunto.
"Se o senhor dispõe de informações que levantem o menor indício de corrupção sobre este brasileiro, não perca tempo nem prevarique, Senhor Presidente. Determine imediata investigação policial sobre a minha pessoa, aliás, sobre qualquer um que trabalhe hoje na Anvisa, que com orgulho eu tenho o privilégio de integrar", escreveu o diretor.
"Agora, se o Senhor não possui tais informações ou indícios, exerça a grandeza que o seu cargo demanda e, pelo Deus que o senhor tanto cita, se retrate. Estamos combatendo o mesmo inimigo e ainda há muita guerra pela frente. Rever uma fala ou um ato errado não diminuirá o senhor em nada. Muito pelo contrário", concluiu no documento.
Com
informações portal Correio Braziliense
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