Líderes do G20 reunidos para a tradicional foto, antes do início dos debates, no Centro de Convenções La Nuvola, em Roma (Foto: Alan Santos) |
Começou ontem (31/10), em Glasgow (Escócia), a conferência sobre o clima das Nações Unidas (COP26). Especialistas apontam o evento como um ponto de inflexão para o futuro da Terra. Um rascunho da declaração final da cúpula do G20, obtido pela agência Reuters, indicava poucas ações consistentes para limitar as emissões de carbono, apesar do compromisso dos países de manterem a média de aumento da temperatura global abaixo dos 2 graus Celsius e de se esforçarem para restringir o acréscimo a 1,5 grau, em comparação aos níveis pré-industriais.
Um alto funcionário do governo dos EUA admitiu a jornalistas que elementos sobre o clima na declaração final "ainda estão sendo negociados". Durante o jantar de gala no Palácio do Quirinal, o presidente italiano, Sergio Mattarella, urgiu que não desviassem o foco do tema. "Não devemos deixar para aqueles que virão depois de nós um planeta atolado em conflitos, cujos recursos foram desperdiçados", defendeu Mattarella. "Os olhos de bilhões de pessoas (...) estão voltados para nós."
Na sexta-feira, o premiê britânico, Boris Johnson, defendeu ações ambiciosas para enfrentar as mudanças climáticas. De acordo com ele, um fracasso dos países na COP26 pode levar a "eventos geopolíticos muito difíceis". "Se você aumenta as temperaturas do planeta em quatro graus ou mais, (...) você produzirá escassez (de comida), desertificação, disputa por comida e água e imensas migrações de pessoas. São coisas muito difíceis de controlar, politicamente", advertiu.
"Pedimos aos líderes do G20 que parem de jogar uns com os outros. Escutem o povo e ajam em favor do clima, como a ciência reivindica há anos", declarou à agência France-Presse (AFP) Simone Ficicchia, de 19 anos, ativista do movimento Fridays for Future. Iniciado pela ativista sueca Greta Thunberg, este movimento promoveu, com organizações da esquerda, uma marcha na qual participaram 5 mil pessoas, ontem, no centro de Roma.
Os chefes de Estado e de governo não mantinham reuniões presenciais desde junho de 2019, quando o Japão recebeu os representantes do G20, nove meses antes de a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciar a pandemia. Além das questões tributária e climática, a crise sanitária provocada pela covid-19 permeou os debates de ontem.
Anfitrião do encontro, o primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, tachou de "moralmente inaceitável" a disparidade do acesso à vacinação entre os países mais e menos desenvolvidos. Presidente pro tempore do G20, ele lembrou que 3% das 6 bilhões de doses de imunizantes aplicadas foram para as nações mais pobres. Ele instou os colegas a fazerem "tudo o que puderem" para que 70% da população mundial esteja imunizada até a metade de 2022.
"A pandemia nos separou. Mesmo antes, enfrentamos protecionismo, unilateralismo, nacionalismo. Mas, quanto mais avançarmos com os nossos desafios, fica mais claro que o multilateralismo é a melhor resposta aos problemas que enfrentamos", declarou Draghi.
O
presidente da China, Xi Jinping, apelou pelo "reconhecimento mútuo das
vacinas". Ele contou que forneceu mais de 1,6 bilhão de doses de
imunizantes para o mundo e que trabalha com 16 nações para a fabricação do
fármaco. Assim com o líder russo, Vladimir Putin, Xi participa do evento por
videoconferência.
A medida se estrutura em dois pilares. Um deles é a alíquota mínima de 15% para empresas com faturamento superior a 750 milhões de euros por ano (US$ 867 milhões ou R$ 4,78 bilhões). O outro pilar visa garantir que os rendimentos pagos pelas grandes empresas cheguem aos países onde lucram e não onde têm sua sede, o que limitaria as polêmicas práticas de otimização fiscal.
Esta medida será aplicada às multinacionais cujo volume de negócios global seja superior a 20 bilhões de euros (cerca de 23 bilhões de dólares) e cuja rentabilidade seja superior a 10%.
Os líderes do G20 aproveitaram a cúpula para fazer também reuniões paralelas, como as do presidente da Argentina, Alberto Fernández, em plena renegociação da dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Fernández lançou, assim, uma ofensiva diplomática com dirigentes da Alemanha, França, Espanha — país convidado — e União Europeia (UE), antes de se reunir à tarde com a diretora do FMI, Kristalina Georgieva, na embaixada argentina da capital italiana. A Argentina renegocia uma dívida de US$ 44 bilhões (ou R$ 248 bilhões).
Com informações portal Correio Braziliense
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