O presidente do Senado Rodrigo Pacheco, em solenidade concorrida, se filiou ontem ao PSD (Foto: Ed Alves) |
A cerimônia ocorreu no Memorial JK, em Brasília. A escolha do local é simbólica. Juscelino Kubitschek era membro do PSD quando governou o Brasil, no período entre 1950 e 1955, e foi constantemente lembrado no evento. Após assinar a ficha de filiação, Pacheco recebeu da neta de Juscelino, Anna Christina Kubitschek, um broche de sua nova legenda.
Apesar de evitar já se apresentar como pré-candidato ao Planalto, Pacheco discursou em clima de campanha eleitoral e pregando conciliação e desenvolvimento do país, ideais de JK. Ele mencionou a fome, que voltou a assolar o país; o desemprego e a inflação alta como desafios a serem superados, sem citar nomes ou apontar culpados. “Não podemos tolerar que um país com base agrícola e pecuária tenha o cidadão passando fome e buscando comida no lixo. Portanto, já passou da hora de voltarmos ao diálogo, retomarmos o equilíbrio e a paz”, defendeu.
Segundo Pacheco, somente por meio da união dos agentes públicos será possível garantir melhores condições de vida para os brasileiros, com mais saúde e educação. “Nós hoje vivemos um momento de enorme preocupação quanto ao futuro da nossa gente. Temos desafios enormes pela frente, que precisam ser solucionados: o desafio da pandemia; do social; do emprego; da área ambiental, do qual não podemos nos apartar; da saúde e da educação de qualidade, sobretudo nos primeiros momentos da vida. A economia e a fome — um flagelo inaceitável, que tem castigado tantos e tantos brasileiros em um país tão produtor de comida como o nosso”, acrescentou.
O
senador disse, também, que espera contribuir para que o país recupere a
autoestima. Ele destacou que o brasileiro “está deixando de acreditar no
futuro”. “Não é esse o Brasil que desejamos. O país precisa dar exemplo no
respeito aos contratos, às leis e aos valores da Constituição Federal”,
pontuou. “Da minha parte, eu quero contribuir para que o Brasil recupere a sua
autoestima e a sua paz, que voltemos a sorrir, ter esperança e felicidade, para
ser o país que queremos e merecemos.”
O marido de Anna Christina, o empresário Paulo Octavio, ex-vice-governador do Distrito Federal e atual presidente do PSD do DF, elogiou o senador. “Bem-vindo, presidente Pacheco. Você terá uma grande missão. Você é jovem, determinado, 44 anos, um futuro brilhante pela frente. O partido o recebe de braços abertos”, frisou.
Diversos outros caciques da legenda prestigiaram o evento, como o deputado Antonio Brito (BA), líder do PSD na Câmara. Ele afirmou que o partido “cresce ainda mais” com a chegada de Pacheco e que a filiação é um grande acontecimento para a sigla.
Também
estiveram presentes os senadores Omar Aziz (AM), Otto Alencar (BA) e o líder do
PSD no Senado, Nelsinho Trad (MS), além dos outros dois senadores da bancada de
Minas Gerais, Carlos Viana e Antonio Anastasia, que não poupou elogios a
Pacheco. Em sua fala, ele ressaltou que o presidente do Senado poderá levar os
ideais de Juscelino Kubitschek à Presidência.
“O simbolismo deste evento se faz aqui, no ambiente de JK, que denominou Brasília, a capital da esperança, e é exatamente essa esperança, presidente Rodrigo Pacheco, que nós depositamos nos seus ombros. Ombros altos e altaneiros como as montanhas de Minas”, destacou. “(...) Queremos, nessa mensagem de esperança, convocar Rodrigo Pacheco para ser o seu arauto, para levantar a bandeira do desenvolvimento, da democracia, da liberdade e da inclusão social.”
Integrantes de outras siglas também prestigiaram o chefe do Congresso. Os senadores Eliziane Gama (Cidadania-MA) e Marcos Rogério (DEM-RO) foram cumprimentar Pacheco. Ao Correio, a parlamentar disse acreditar que o presidente do Senado tem as características necessárias para ser o principal nome da terceira via em 2022.
“Ele tem um perfil de uma pessoa do diálogo, do entendimento, da unidade. E esse ato de hoje (ontem), com a grandeza que foi, com tantas representações entre senadores, deputados, demonstra que ele tem uma grande capilaridade e pode se consagrar como esse candidato da terceira via do Brasil”, ressaltou.
Na
avaliação de Eliziane Gama, se Pacheco chegar ao segundo turno em 2022, será o
próximo presidente da República. “Uma candidatura (alternativa) apresentada com
robustez, com envolvimento da sociedade brasileira, com a apresentação de uma
proposta de unidade para o Brasil, se chegar ao segundo turno, na minha
opinião, vai ser o presidente do Brasil, e o Rodrigo Pacheco encarna isso muito
bem”, sustentou.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), enfatizou que não abrirá mão da sua postura conciliadora e continuará conversando com os atores políticos, inclusive os eventuais adversários na corrida eleitoral em 2022, como é o caso do presidente Jair Bolsonaro.
“Nós precisamos separar as coisas. Os interesses político-partidários de 2022 não podem interferir nas boas relações que nós precisamos ter neste momento. O que as pessoas querem de nós são soluções, e não há soluções no Brasil que não seja partindo de uma convergência de interesse e de ideais”, ressaltou.
Pacheco reafirmou o compromisso com o Congresso, enquanto presidente da instituição, e disse que jamais permitirá antecipação de “qualquer tipo de discussão de ordem política e eleitoral”. “Eu continuo hoje no PSD com a mesma linha que eu sempre tive, pregando essa união, pregando esse diálogo e, sobretudo, não antecipando interesses e discussões político-eleitorais para o momento de agora. O momento agora é para resolver os problemas do Brasil”, acrescentou.
A postura, no entanto, não é a mesma adotada pelo Planalto após Pacheco entrar no páreo para o próximo pleito. No fim de semana, ao lado de Bolsonaro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, alfinetou o senador e disse que ele não pode fazer “militância” e travar pautas de interesse do Executivo, como as reformas, para obter vantagens eleitorais.
Ontem, Pacheco disse encarar críticas com naturalidade e que manterá “o diálogo absoluto com todos os personagens da política, inclusive do Palácio do Planalto, com o governo federal”. “Não há nenhuma má vontade da Presidência do Senado de querer engavetar algum processo que seja de interesse da República”, frisou.
Ele
explicou que propostas como a da reforma do Imposto de Renda e a da
privatização dos Correios, pretendidas pelo governo, estão paradas na Casa porque
precisam ser amadurecidas e aperfeiçoadas. “Os projetos têm seu tempo certo”,
finalizou.
Confira os principais trechos do discurso de Rodrigo Pacheco:
Vítimas da covid-19: “Se por um lado eu tenho a alegria de estar aqui neste momento, por outro não posso deixar de me entristecer pelo saldo de mais de 600 mil brasileiros que foram tirados de nós por essa terrível pandemia. Expresso aqui o meu respeito a todos os profissionais da saúde, a todos que lutaram e seguem lutando bravamente para tratar e salvar vidas. E a todos que perderam amigos próximos, a todas as famílias que perderam seus entes queridos, a minha solidariedade e as minhas orações.”
Volta da fome: “Nós vivemos um momento de enorme preocupação quanto ao futuro da nossa nação e da nossa gente. Não há dúvida de que estamos atravessando um dos momentos mais difíceis de toda a nossa história. Nós temos desafios enormes pela frente, que precisam ser enfrentados e solucionados. Desafios sociais e no mercado de trabalho, desafios na área ambiental, na saúde, na educação, na produção de energia e, agora, também o desafio da fome, um flagelo inaceitável que tem castigado tantos e tantos brasileiros, e isso num país tão rico como o nosso. (…) Precisamos, urgentemente, retirar milhares de brasileiros da miséria absoluta em que vivem. Não podemos tolerar que o nosso país, com a base agrícola, repleto de heróis do campo, tenha um cidadão sequer passando fome.”
Impactos da carestia: “O cidadão sente no seu dia a dia os efeitos de uma economia que não deslancha, pena com o aumento dos preços dos alimentos, do combustível, do gás de cozinha. Sofre com a falta de emprego e oportunidades de trabalho e, por fim, deixa de acreditar no seu próprio futuro.”
Apelo à união: “O caminho para solucionar as várias crises que estamos enfrentando é a união. Quando falamos em unirmos o país é porque chegamos ao limite dos extremos. A boa política decorre de um trabalho conjunto dos agentes do poder, dos representantes do povo. A política, na sua melhor acepção, é a busca do bem comum.”
Retomada do diálogo: “Já passou da hora de voltar ao diálogo, de retomar o equilíbrio, o desenvolvimento e a paz. Somente por meio da união de esforços dos agentes públicos é que poderemos fazer respeitar a Constituição, garantindo dignidade, trabalho, moradia, segurança, saúde e educação para a nossa população.”
Parafraseando Juscelino: “Como o próprio Juscelino disse um dia: ‘Queremos, em uma palavra, a paz da justiça, a paz da liberdade, a paz do desenvolvimento’.”
Elogio ao partido: “O PSD que me acolhe hoje (ontem), mais do que um partido maduro e um ator importante da cena política brasileira, é um partido comprometido com o Brasil, com uma clara visão de futuro e um projeto sólido para o nosso país.”
Com
informações portal Correio Braziliense
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