Apoiadores de Bolsonaro não admitirão mesmo que discordem (Foto: Marcos Corrêa) |
Na educação, qual a marca de Bolsonaro na melhora da qualidade do aprendizado? O que mostraram os três ministros que passaram pelo cargo em dois anos e nove meses? O combate ao comunismo? A Paulo Freire, cujo centenário se comemora este ano? O que há no campo do ensino?
Na Economia, houve a reforma da Previdência e agora se tenta a reforma administrativa. Sinaliza-se uma reforma tributária. Não é pouca coisa, embora se discuta se as mudanças a fazer seriam essas mesmas. Houve a criação do auxílio emergencial, cujo valor o governo queria que fosse menor e teve de ceder sobre ameaça de derrota no Congresso Nacional. Mas fez. Essa é a parte que se pode considerar positiva. Porque há hoje no Brasil o pior casamento possível: recessão com inflação.
A recessão é consequência previsível e inevitável das quarentenas. Mas não a inflação, a desvalorização da moeda, mais grave que todas as economias mais expressivas do mundo. O encarecimento dos alimentos, dos combustíveis, energia são problemas que pioram drasticamente a vida da população.
Na saúde, tem-se a tragédia. Não houve coordenação nacional, pela primeira vez em cinco décadas de Plano Nacional de Imunização (PNI). O melhor que as vozes mais equilibradas de apoio ao governo dizem para defender a atuação é a compra de vacinas — que foi tardia e repleta de controvérsias agora investigadas na CPI do Senado. Mas, para além disso, simpatizantes dizem para agradecer porque "Bolsonaro comprou a vacina" — como se o dinheiro fosse dele ou ele tivesse direito de escolher não comprar. Enquanto isso, o Bolsonaro segue desacreditando as vacinas. Essas que dizem para agradecer por "Bolsonaro ter comprado".
Em outros governos, discutia-se se a situação era boa ou ruim. Então, se era desejada ou não a continuidade, conforme impressões de críticos e simpatizantes. Hoje, definitivamente a situação é ruim. Isso poucos apoiadores de Bolsonaro são obtusos a ponto de negar. O máximo que se discute é de quem é a culpa por estar ruim. Apoiadores do presidente dizem que a culpa é do Supremo Tribunal Federal (STF) e da imprensa. Até o ano passado, o Congresso Nacional estava junto nas críticas, mas agora é aliado. A situação melhorou? Não.
Ao falar do descontrole de preços, o próprio Bolsonaro ontem disse: “Nada não está tão ruim que não possa piorar”. Vê-se como está confiante nas ações de seu governo.
O que existe hoje não é aprovação de Bolsonaro. O que existe são defensores. Não é alguém que analisa o trabalho, acha que é bom e deve prosseguir. Há pessoas que já estavam ao lado do presidente e o defendem, independentemente dos erros que cometa.
Por que há esses torcedores de político? Por que alguém fica ao lado de um governo ruim com resultados piores?
Os
torcedores de político
Políticos são servidores públicos e têm obrigação de trabalhar pela população. Não fazer favor. Claro, quem trabalha de forma correta merece ser reconhecido. Mas, a figura dos “torcedores de políticos”, que apoiam de forma incondicional e acrítica, são sintoma de distorção da cultura política.
Os apoiadores de Bolsonaro, com exceção dos mais desinformados ou menos inteligentes, parecem-me saber que o governo não é bom. Longe disso. Muitos têm consciência do desastre. Eles não acham que a situação está boa. E sabem que Bolsonaro faz bobagens dia e noite. Por que apoiam mesmo assim?
Porque
foram longe demais para dar o braço a torcer. Compraram brigas pelo presidente,
esbravejaram no Whatsapp e nas redes. Simplesmente não têm condições de voltar
atrás. Mesmo que vejam erro, eles não dirão. Mesmo que achem ruim, não vão
admitir. Servem assim de orquestra do Titanic.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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cita 'problemas' em ministérios
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