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28 de setembro de 2021

O duplo padrão moral e a incongruência da seita bolsonarista por Ricardo Kertzman

Bolsonaristas em atos pela intervenção militar em 2020 (Foto: Reprodução/redes sociais)

O jornalista Ricardo Kertzman publicou na sua coluna no portal o Estado de Minas artigo em que afirma ser “a universitária otária” da banda Blitz o retrato do bolsonarismo. Ricardo Kertzman é blogueiro, colunista e contestador por natureza. Leia o artigo. 

Segundo a bolsolândia, a grande imprensa é militante, manipuladora e vendida. Para ela, imprensa imparcial, livre e sem interesses econômicos é o WhatsApp do Carluxo.

Segundo a bolsolândia, a velha política são os tucanos, o Kassab, o Temer. Para ela, a nova — e boa! — política são Ciro Nogueira, Arthur Lira, Fernando Collor e Roberto Jefferson.

Segundo a bolsolândia, corrupção significa exclusivamente mensalão e petrolão. Para ela, probidade administrativa são as rachadinhas e os superfaturamentos de 1.000%.

Segundo a bolsolândia, ditadura são o lulopetismo e suas linhas auxiliares das esquerdas. Para ela, democracia são Jair Bolsonaro, militares golpistas e intervenção militar.

Segundo a bolsolândia, filhos desonestos são apenas os Lulinhas da Silva. Para ela, filhos honestos são os bolsokids, com suas rachadinhas, mansões , lobbies, etc.

Segundo a bolsolândia, o sítio de Atibaia e o tríplex do Guarujá são propriedades suspeitas. Para ela, insuspeitas são as mansões do 02 e do 04 em Brasília.

Segundo a bolsolândia, Bolsa Família é assistencialismo e compra de votos. Para ela, o tal Renda Brasil — novo nome do 'Bolsa-esmola' — é apenas justiça social.

Segundo a bolsolândia, estocar vento na ONU é o máximo da humilhação. Para ela, mentir feito louco e defender curandeirismo (tratamento precoce) é ser estadista.

Segundo a bolsolândia, comprar o Congresso com mensalão é crime. Para ela, comprar o Congresso com bilhões de reais em emendas discricionárias é legal.

Segundo a bolsolândia, ameaçar e atacar empresários e ‘coxinhas’ é sinônimo de fascismo. Para ela, ameaçar e atacar jornalistas e opositores é sinônimo de democracia.

Segundo a bolsolândia, comprar com verba publicitária a opinião de jornais, revistas, rádios e TV’s é errado. Para ela, comprar blogueiros, youtubers e jornalistas aposentados, não.

Segundo a bolsolândia, a EBC era a TV Lula. Para ela, agora, com o mito em ação, é uma TV isenta que presta relevantes serviços de informação ao país.

Segundo a bolsolândia, os gastos secretos do PT com o cartão corporativo eram despesas inaceitáveis. Para ela, os gastos secretos do ‘mito’ são motivo de segurança nacional.

Donde se conclui que:

Eu poderia passar o resto do dia apontando a estupidez, contradição e submissão dolosa do gado bolsonarista, que só enxerga defeitos nos adversários.

Eu poderia passar o resto do dia provando que a autocracia do bolsonarismo é tão ou mais vil — e danosa à sociedade — que a cleptocracia do lulopetismo.

Eu poderia passar o resto do dia, inclusive, mostrando as inúmeras semelhanças entre o próprio Bolsonaro e Lula, bem como as pouquíssimas diferenças entre suas seitas.

Eu poderia passar o resto do dia provando como ambos aparelharam o Estado, cada qual a seu modo, cada qual com sua tribo, e como infestaram a política com gente da sua espécie.

Eu poderia passar o resto do dia escancarando a podridão que são estes fanáticos nazifascistas de extrema direita (fanáticos fascistas de extrema esquerda também).

Eu poderia passar o resto do dia fazendo tudo isso e mais um pouco, tentando trazer alguma razão ao gado e suas variantes, mas seria inútil, eu sei. Por isso usei o futuro do pretérito.

Ser um tosco, ignorante, fanático, subserviente, capacho, negacionista, lunático, malandro, sem vergonha, imoral, conivente e cúmplice é uma escolha legítima de cada um. Beleza.

Mas assumam que são — e o que são! — e sejam felizes consigo mesmos, nos bueiros escuros e fedorentos do submundo que habitam, e não encham o saco de quem não é.

Publicado originalmente no portal Estado de Minas

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