A manifestação contou com a participação de lideranças da esquerda cearense (Foto: Fco Fontenele) |
Com bandeiras, faixas e cartazes, os participantes pediram o impeachment de Bolsonaro e culparam o presidente pela disparada nos preços da gasolina, botijão de gás e de alimentos da cesta básica, como carne, arroz e feijão. Os manifestantes também criticaram a condução da pandemia pelo Governo Federal, cobraram a ampliação do valor do auxílio emergencial para R$ 600,oo e classificaram como “genocida” a postura do chefe do Executivo durante a crise sanitária que já resultou na morte de 583.810 brasileiros.
Ao
contrário dos anos anteriores, a manifestação, que tradicionalmente era
realizada durante a manhã, ocorreu já entre o fim da tarde e o começo da noite.
A mudança de horário, segundo os organizadores, teve o objetivo de prevenir
eventuais confrontos com grupos bolsonaristas, que foram às ruas da Capital já
nas primeiras horas do dia manifestar apoio ao presidente e pedir o fechamento
do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Não havia interesse nenhum em confronto, de nossa parte. Ao contrário deles [manifestantes a favor de Bolsonaro], defendemos a democracia e jamais iremos para as ruas pedir o fim do STF. Nós viemos aqui para pedir os direitos da população. Para dizer que o povo pobre desse país não aguenta mais a inflação que nós estamos vivendo, a crise econômica e desdém que o governo faz com a crise sanitária”, afirmou Bruno Rocha, presidente do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará (Adufc)
Ele ainda lembrou que a marcha dos excluídos ocorre desde 1995 na Capital e tem como pauta central a luta pelos direitos das populações que vivem nas periferias. “Esse ano, por causa da polarização política que a gente vive no país, a manifestação ganhou um outro patamar”, complementou Rocha.
O movimento contou com a participação maciça de membros dos partidos políticos que fazem oposição ao Governo Bolsonaro, como o PT, PCdoB, Psol e PSTU. Lideranças da esquerda cearense, como o deputado federal José Guimarães (PT), os estaduais Guilherme Sampaio (PT) e Renato Roseno (Psol), e os vereadores Gabriel Aguiar (Psol) e Larissa Gaspar (PT) participaram estiveram presentes na mobilização.
O ato ainda teve a presença de ativistas da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Frentes Brasil Popular, Povo Sem Medo e integrantes do Fórum Sindical, Popular e de Juventudes de Luta pelos Direitos e pelas Liberdades Democráticas.
Integrantes das pastorais sociais da Arquidiocese de Fortaleza também foram ao protesto. Antes, eles haviam distribuído cestas básicas em regiões periféricas da Capital, como forma parte das atividades da campanha “Vida em primeiro lugar”, ação encabeçada por lideranças religiosas e sociais em vários bairros da cidade.
Diferentemente dos protestos anteriores realizados em Fortaleza contra o presidente Jair Bolsonaro, dessa vez havia um número expressivo de manifestantes vestidos nas cores verde e amarelo, mais recentemente associadas aos movimentos da direita.
O deputado José Guimarães, que chegou ao local segurando uma bandeira do Brasil, defendeu que os movimentos de esquerda “recuperem” os símbolos e ícones nacionais que, segundo ele, “estão nas mãos” do presidente Jair Bolsonaro. “Os símbolos e cores do Brasil pertencem ao povo brasileiro, não são patrimônio de uma ou outra pessoa, muito menos daquele que ameaça a democracia”, disse o petista em referência ao presidente.
Eudes Guimarães, 65, dirigente da Federação da Associação de Bairros e Favelas de Fortaleza (ABFF), que também usou a bandeira brasileira durante a manifestação, considera que os movimentos sociais e grupos de esquerda devem aderir aos símbolos nacionais progressivamente nas próximas manifestações.
“A gente precisa entender que a bandeira brasileira é um símbolo nacional, é um símbolo de todo o brasileiro, não é de A, de B ou de C. É da pátria. Por isso, certamente nos próximos atos já iremos ver mais pessoas de verde e amarelo, usando as cores do nosso país sem medo e com orgulho”, opinou.
Com informações portal O Povo Online
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