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17 de setembro de 2021

Ceará contraria Ministério da Saúde e mantém vacinação de adolescentes

Adolescentes de 12 e 13 anos fizeram filas no primeiro dia da vacinação contra Covid-19 para este público (Foto: Fabio Lima)

Contrariando recomendação do Ministério da Saúde para suspensão da vacinação de adolescentes sem comorbidades, o Ceará manterá imunização do grupo. O ministro Marcelo Queiroga justificou que não existem evidências conclusivas para a aplicação do imunizante nesse grupo. A Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) se contrapôs ao ministério e manteve indicação da vacina Pfizer para adolescentes. Para epidemiologistas, postura da pasta nacional enfraquece campanha contra a Covid-19.

Decisão foi tomada após reunião da Comissão Intergestores Bipartite (CIB-CE) realizada na tarde dessa quinta. O Ceará já vacinou 196.835 adolescentes. Não houve registros de eventos adversos pós-vacinação (EAPVs) graves, assegura a pasta estadual.

"A Sesa entende que a imunização desse grupo populacional é fundamental para as metas de diminuição de circulação viral e consequente abrandamento dos efeitos da pandemia e prosseguimento do plano de retomada das atividades econômicas no Estado", divulgou a secretaria por meio de nota.

Anaclaudia Fassa, membro da diretoria da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e professora da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), reforça que a vacina "foi aprovada pela Anvisa e por agências reguladoras de outros países, que confirmaram a segurança e eficácia da vacina para o grupo".

A epidemiologista afirma que a mudança de orientação compromete a imunização. "Reforça o receio de quem não quer se vacinar e dificulta a cobertura vacinal. É injustificável dizer que tem que interromper por causa da segurança", diz. Além disso, medida enfraquece o Programa nacional de Imunização e provoca políticas diferentes por parte dos estados.

Em nota publicada na manhã de ontem, a Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 afirmou que a vacinação deve acontecer apenas em adolescentes de 12 a 17 anos com deficiência permanente, comorbidades ou que estejam privados de liberdade.

Queiroga recomendou que o público já vacinado com uma dose não deve tomar a segunda. "Nós já temos evidências científicas com relação às vacinas que tem registro definitivo na Anvisa. As evidências são conclusivas naquele público estudado, mas em relação aos outros subgrupos essas evidências estão sendo construídas", justificou.

A Anvisa afirmou que investiga a morte de uma adolescente de 16 anos após inoculação da vacina Pfizer, mas destacou que, neste momento, não há relação causal entre o imunizante e a morte, motivo pelo qual defendeu que a vacinação prossiga.

"Os dados recebidos ainda são preliminares e necessitam de aprofundamento para confirmar ou descartar a relação causal com a vacina", diz a nota.

Diferentemente do dado fornecido pelo ministro —que indica efeitos adversos em 1,5 mil adolescentes — conforme a agência, até o dia 15 de setembro, teriam sido feitas 32 notificações de eventos adversos após vacinação de adolescentes com a vacina Pfizer. Segundo a Anvisa, nenhum óbito foi relacionado à vacina.

"A partir da notificação é preciso uma investigação rigorosa para comprovar se a vacina causou o evento, uma notificação no sistema por si só não configura um evento adverso pós-vacinal", detalha Ethel Maciel, epidemiologista da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Segundo ela, mudança causa insegurança e só seria justificável em caso de falta de vacinas.

O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) divulgou nota afirmando que a vacinação de todos os adolescentes é "segura e será necessária". O texto ressalta que deve ser priorizado neste momento aqueles com "comorbidade, deficiência permanente e vulneráveis, como os privados de liberdade e em situação de rua".

Com informações portal O Povo Online

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