13 de setembro de 2021

Baixa adesão e pluralidade política marcam protestos contra Bolsonaro

Vista parcial da Avenida Paulista em São Paulo (Foto: Fernando Sigma)

O domingo (12/09) foi marcado pelas manifestações contra o presidente Jair Bolsonaro, convocadas em 15 capitais. Os protestos, organizados pelo Movimento Brasil Livre (MBL) e pelo Vem Pra Rua (VPR), a princípio, mantinham o slogan “Nem Bolsonaro, nem Lula” e tinham apoio apenas de partidos liberais, que buscam pela terceira via para as eleições de 2022. Após os atos pró-Bolsonaro no feriado da Independência, os grupos resolveram convidar a esquerda para unir forças pelo impeachment do presidente. Lideranças do PCdoB, PDT e PSB participaram dos atos.

Logo pela manhã, os atos contra o governo começaram no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte. Ao mesmo tempo, em Brasília, ainda ocorria movimento pró-Bolsonaro, com baixa adesão da população. À tarde, foi a vez de a oposição se reunir na Esplanada dos Ministérios, na capital federal, e na Avenida Paulista, em São Paulo. Apesar de o número de participantes ter sido bastante inferior ao visto em 7 de setembro, a diversidade de espectros políticos entre os manifestantes foi o que chamou a atenção.

Mauro Vinícius da Silva, membro do Comitê Regional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e secretário-geral da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), afirmou que não é de hoje que o PCdoB defende a unificação das vozes contra o atual governo. “Há bastante tempo a gente defende que apenas uma frente ampla, que una não só a esquerda, mas todos os democratas e patriotas, é capaz de derrotar o Bolsonaro e o fascismo”, afirmou o bancário e sociólogo, durante o ato em Brasília.

A unificação, apesar da baixa adesão, foi confirmada neste domingo, quando a pluralidade política e a ideológica se misturaram entre as bandeiras nas ruas. O verde e amarelo e o vermelho conviveram entre faixas e camisetas com frases em defesa da democracia e contra o autoritarismo de Bolsonaro. Muitos optaram pelas vestimentas brancas, como forma de mostrar imparcialidade.

Uma dessas pessoas foi Rodrigo Galletti, servidor público, de 45 anos, que participou dos protestos de forma apartidária. “Estou focado no Fora, Bolsonaro”, disse. “O país de Bolsonaro é um país armado, misógino e preconceituoso, baseado em um cristianismo distorcido. Não é o país que quero para mim, nem no presente, nem no futuro”, desabafou. Sobre a escolha da cor branca, completou: “Tomaram posse da nossa bandeira e das nossas cores”.

A bancária Keila Rocha e o marido, Dayberth Gottschalk, mandaram confeccionar camisetas personalizadas contra o presidente Bolsonaro. “Os ataques à democracia jogam fora opinião partidária, colocam em risco qualquer ideologia partidária. O importante, neste momento, é que a gente está vivendo um governo omisso, com desemprego, falta de vacina, pandemia gritante, miséria latente, e todos que são contra essa situação e que estão vivendo isso devem se unir para que não se repita o que ocorre hoje, em 2022”, afirmou a moradora de Brasília.

Segundo o militante do PCdoB, o partido tem esperanças de ver um movimento muito maior em 2 de outubro. “Não houve da parte do PT, PSol ou do Fora Bolsonaro nenhum ataque. A gente quer que todos estejam juntos em 2 de outubro, não para fazer campanha eleitoral, mas para garantir que as eleições de 2022 aconteçam e sejam válidas”, disse Silva.

O protesto de 2 de outubro citado por Silva foi convocado pelo PT que, ao contrário de PDT, PCdoB e PSB, se recusou a participar das mobilizações deste domingo, sendo seguido pelo PSol na decisão. Um dos motivos para a resistência dos principais líderes de esquerda em apoiar o movimento é o fato de os dois grupos organizadores das manifestações terem encabeçado os protestos que levaram à derrubada da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016.

Também presente nos atos em Brasília, o presidente regional do Cidadania, Chico Andrade, lamentou a ausência do PT e PSol. “Isso aqui é só o começo, as pessoas estão se dando conta. Foi uma pena terem se negado (PT e PSoL), a gente teria botado muito mais gente na rua”, afirmou. Andrade mantém a esperança de que o movimento ganhará força e de que a pauta do impeachment ganhará adesão no Congresso Nacional.

“(Essa manifestação) representa o sentimento de 70% da população, isso é o início, crescerá a adesão pelo impeachment dentro do Congresso. Vamos nos unir para tirar Bolsonaro. Ou todo mundo se une, ou briga por mais dois anos. E ele vai tentar golpe mais uma vez”, alertou o representante do Cidadania.

Até o momento, nenhuma Polícia Militar dos estados ou organizadores divulgaram a estimativa de público das manifestações.

Com informações portal Correio Braziliense

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