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9 de agosto de 2021

Mulheres e nordestinos levam Brasil ao recorde de medalhas em Olimpíadas

 Medalhista de ouro e de prata, a ginasta Rebeca Andrade foi a porta-bandeira do Brasil na cerimônia de encerramento das Olimpíadas de Tóquio (Foto: Gaspar Nóbrega)

Rio de Janeiro, 2016. Como país-sede da Olimpíada, o Brasil incrementa investimentos em formação de atletas e atinge os recordes de 7 ouros e 19 medalhas, resultados que o catapultaram à 13ª colocação no quadro geral de pódios. Cinco anos depois, mesmo com investimento 47% menor no ciclo (2016–2019), as então melhores marcas histórias foram praticamente todas batidas.

A delegação nacional chegou a 21 medalhas, com sete títulos e um 12º lugar geral. A principal mudança entre os dois ciclos são os números puxados por nordestinos e mulheres — ou mulheres nordestinas, como a campeã da maratona aquática, a baiana Ana Marcela Cunha. Três dos sete ouros foram em modalidades femininas. Quatro dos cinco títulos individuais foram de atletas da região Nordeste — três deles da Bahia.

O símbolo da delegação feminina é a ginasta Rebeca Andrade, primeira mulher brasileira a subir em dois pódios na mesma edição de Jogos — e única, entre homens e mulheres, a fazê-lo em Tóquio-2020. Campeã no salto e vice no individual geral, ela finalmente fez a tradição brasileira na ginástica artística feminina virar medalha. Virar ouro.

Ao todo, foram três ouros, quatro pratas e dois bronzes para as "meninas", que só puderam conquistar as primeiras medalhas olímpicas para o Brasil em 1996, com a final do vôlei de praia entre Jackie Silva/Sandra Pires e Adriana Samuel/Mônica Rodrigues, superando décadas de proibições e negligências. De lá pra cá, o recorde era de Pequim-2008, com cinco pódios.

O esporte feminino, que por puro preconceito não pôde participar dos primeiros Jogos Olímpicos, sofrem de falta de investimentos e até de reconhecimento. Estudo da Unesco revelou que apenas 4% da cobertura esportiva é voltada a modalidades femininas. Ainda assim, elas conquistaram 42% das medalhas brasileiras, elevando a marca tímida de 26% na Rio-2016.

Os atletas nordestinos vivem quadro de segundo plano histórico, tal qual as mulheres. Até 2008, a Região sequer tinha uma medalha individual — o vôlei de praia cearense, em duplas, tinha pratas com Shelda Bedê em 2004 e 2008 e Márcio Araújo, em Pequim. Em Londres, a pioneira piauiense Sarah Menezes foi ouro no judô. Os Jogos de 2012 ainda tiveram dois bronzes individuais, com a pernambucana Yane Marques no pentatlo moderno e a baiana Adriana Araújo no boxe. O Ceará deixou a marca com o bronze de Juliana/Larissa, radicadas no Estado.

Em 2016, o Nordeste teve mais três pódios, todos baianos: Robson Conceição no boxe (ouro) e duas de Isaquias Queiroz na canoagem velocidade (prata e bronze).

A explosão veio em Tóquio. O primeiro ouro foi do atual campeão mundial de surfe, o potiguar Ítalo Ferreira, da minúscula Baía Formosa. O segundo foi da baiana Ana Marcela Cunha, da capital Salvador, na maratona aquática. O terceiro foi a promessa cumprida de Isaquias Queiroz, de Ubaitaba. De quebra,  o canoísta chegou a quatro medalhas olímpicas, marca que só é superada pelos velejadores Torben Grael e Robert Scheidt na história do Brasil em Olimpíadas. Ele ainda tem 27 anos, com muitas braçadas a dar até um recorde individual.

Assim, entre os cinco ouros individuais do Brasil, quatro são nordestinos, com a paulista Rebeca Andrade (de Garulhos), fechando a conta. A dupla sudestina Martine Grael, de Nitéroi (RJ) e Kahena Kunze, de São Paulo (SP), também subiu ao alto do pódio, bem como os 22 jogadores da seleção masculina de futebol — que conta com quatro nordestinos, o capitão Daniel Alves (BA), Santos (PB), Nino (PE) e Matheus Cunha (PB).

Além dos medalhistas de ouro, a maranhense Rayssa Leal, a Fadinha, ficou com a prata e foi uma das estrelas dos Jogos. Bia Ferreira também foi vice no boxe, sedimentando a Bahia como maior celeiro de talentos olímpicos nacionais recentes, com dois ouros, uma prata e dois bronzes. O esporte radical, com três pratas, e o de luta, com um ouro, uma prata e um bronze, foram os carros-chefes da medalhas, superando a tradição de vôlei, judô e vela.

O quadro de medalhas conjunto de todos os países é claro sobre o caminho para mais medalhas. Basta investir bem, dividir riquezas e dar chances a várias modalidades, tanto na base quanto ao permitir bolsas para que atletas de alto rendimento possam viver do esporte. O Brasil terminou em 12º. Acima dele, os Países Baixos e 10 das 11 maiores economias do mundo.

Medalhas do Brasil em Tóquio:

Ouros (7): Ítalo Ferreira (surfe); Rebeca Andrade (ginástica, salto); Martine Grael e Kahena Kunze (vela, classe 49er FX); Ana Marcela Cunha (maratona aquática); Isaquias Queiroz (canoagem velocidade, C1 1000m); Hebert Conceição (boxe, peso médio); futebol masculino.

Pratas (6): Kelvin Hoefler (skate street); Rayssa Leal (skate street); Pedro Barros (skate park); Rebeca Andrade (ginástica, individual geral); Bia Ferreira (boxe, peso leve); vôlei feminino.

Bronzes (8): Daniel Cargnin (judô, peso meio leve); Mayra Aguiar (judô, peso meio-pesado); Fernando Scheffer (natação, 200m livres); Bruno Fratus (natação, 50m livres); Laura Pigossi e Luisa Stefani (tênis, duplas femininas); Alison dos Santos (atletismo, 400m com barreiras); Thiago Braz (atletismo, salto com vara); Abner Teixeira (boxe, peso pesado)

Com informações portal O Povo Online

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