O senador Ciro Nogueira confirmou que foi convidado para assumir a Casa Civil (Foto: Divulgação/Facebook) |
O presidente Jair Bolsonaro prepara mudança no governo, mais uma vez. Mexe, de novo, com o núcleo do governo. Trocará mais uma vez o comando da Casa Civil, a ser entregue ao senador Ciro Nogueira (PP-PI). É a apoteose do centrão. Atual detentor da Casa Civil, o general Luiz Eduardo Ramos deverá ir para a Secretaria-Geral, onde hoje está Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que já esteve antes na Casa Civil.
Aliás, em dois anos e meio de governo, Onyx pode estar indo para o quarto ministério. Já passou por Casa Civil, Ministério da Cidadania, Secretaria-Geral. E agora se cogita que ele vá para um novo Ministério do Trabalho e Previdência, que ressurgiria de um desmembramento do Ministério da Economia. A se confirmar, será a retirada de poder de Paulo Guedes.
Tanta troca em equipe de governo não é rara. Dilma Rousseff (PT), por exemplo, trocou sete ministros no primeiro ano de governo, no que foi chamado “faxina”. Não creio que, para Bolsonaro, seja a melhor das referências. O que chama atenção são tantas mudanças feitas por Bolsonaro no coração do governo. A Casa Civil vai para o quarto ministro. O governo tem dois anos, seis meses e 22 dias. A Casa Civil faz o gerenciamento da administração. Uma empresa que troque de gerente a cada oito meses tem como dar certo? Que dirá um País.
A Secretaria-Geral vai para o quinto ministro. A Secretaria de Governo está sob terceiro comando diferente. Não só essa área. O governo está no terceiro ministro da Educação, quarto ministro da Saúde, terceiro ministro da Justiça e Segurança Pública. Isso para ficar no miolo do governo.
O centrão (aquele que o general Augusto Heleno cantava que se gritar "pega ladrão" não ficava um) já tomou assento no governo, em lugar de honra. Em março passado, a deputada federal Flávia Arruda (PL-DF) assumiu a Secretaria de Governo. O grupo, indo agora também para a Casa Civil, comandará o centro nevrálgico do governo Bolsonaro.
O centrão teve papel-chave em todos os governos desde a redemocratização. Todos. Mas, não me recordo de ter tido pastas tão estratégicas. Tão ligadas pessoalmente ao presidente. Justamente o presidente que dizia não fazer indicações políticas.
O centrão esteve junto de todos os governos. Quando debandou, como fez com Dilma, o governo caiu. A cada dia, Bolsonaro precisa mais desse grupo de parlamentares. Quanto mais fraco o governo é, melhor para o centrão. E o de Bolsonaro, para eles, é ótimo.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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