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23 de julho de 2021

Negativa de Braga Netto sobre ameaça a eleições não convence parlamentares

O general Walter Braga Netto é ministro da Defesa e teria ameaçou as eleições de 2022 (Foto Sergio Lima)

A negativa do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, não foi suficiente para convencer parlamentares de que o militar não ameaçou as eleições de 2022. Ninguém acreditou no “desmentido”. Até porque a nota do general não é enfática em relação aos fatos relatados na reportagem do Estadão.

O deputado Fábio Trad (PSD-MS) um dos vice-líderes do partido, ressaltou que os fatos narrados pela reportagem são uma afronta ao Estado democrático de direito. Com a deputada Fernanda Melchionna (PSol-RS), fez um requerimento para que Braga Netto compareça à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para prestar esclarecimentos sobre o caso.

Há outro requerimento, nesse sentido, do deputado Rogério Correia (PT-MG). “Não é a primeira nem será a última notícia relacionada à inocorrência das eleições de 2022 se o Parlamento não votar da forma como o presidente quer. Isso é intimidação”, frisou o parlamentar.

Vice-líder do PP na Câmara, Franco Cartafina (MG) afirmou que “não tem nenhum cabimento falar que não vai ter eleição” caso não seja aprovada a PEC do voto impresso.

“A democracia não pode ser ameaçada por essa situação. Caso vá a discussão, que seja votada e aprovada, ou não. Mas a possível não aprovação não significa que se fale sobre não haver eleição, ou que se coloque o nosso processo democrático em xeque”, criticou.

De acordo com um vice-líder de legenda de centro na Casa, que não integra a base do Planalto, nos grupos de WhatsApp, deputados dessas siglas mostraram-se perplexos e irritados com a postura do governo. Eles viram uma tentativa de intimidação do Legislativo. Agora, muitos defendem “enterrar” a PEC, e alguns que cogitavam votar favoráveis estão repensando a decisão.

O líder do PSC e vice-líder do bloco PROS, PSC e PTB, deputado Aluisio Mendes (MA), também não acredita em ameaça de golpe. “Quando eu soube, como líder, liguei para o Lira, conheço a personalidade dele e perguntei se tinha fundo de verdade. Ele disse que, se tivesse acontecido, seria no mesmo tom a resposta. Isso, para mim, é factoide”, frisou. “E eu, conhecendo o Arthur, tenho certeza de que a atitude dele seria muito dura. Teria partido para o ataque.”

O senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI da Covid, afirmou que se a notícia for verídica é “um fato muito grave”. Perguntado se o governo deveria se posicionar sobre o assunto, respondeu:

“O posicionamento do presidente não é diferente desse recado que possivelmente o Lira tenha recebido. O presidente tem falado isso, que não vai participar de eleição se não tiver voto impresso. Eleição não é isso, eleição não pode acontecer com A ou B colocando condições. Existe uma lei eleitoral e ela precisa ser cumprida. Quer discutir voto impresso? Isso é uma discussão que tem que ser tratada em nível de Congresso”.

Pelas redes sociais, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), refutou a possibilidade de não haver eleição.

“Decisões sobre o sistema político-eleitoral, formas de financiamento de campanhas, voto eletrônico ou impresso, entre outros temas, cabem ao Congresso Nacional, a partir do debate próprio do processo legislativo e com respeito às divergências e à vontade da maioria”, escreveu.

“Seja qual for o modelo, a realização de eleições periódicas, inclusive em 2022, não está em discussão. Isso é inegociável. Elas vão acontecer, pois são a expressão mais pura da soberania do povo. Sem elas, não há democracia, e o país não admite retrocessos.”

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), não negou as informações publicadas no jornal O Estado de São Paulo de que ele recebeu de um interlocutor, no dia 8 de julho, um recado do ministro da Defesa, general Braga Netto, de que não haveria eleições em 2022 se o Congresso não aprovar o voto impresso para fins de auditagem.

"A despeito do que sai ou não na imprensa, o fato é: o brasileiro quer vacina, quer trabalho e vai julgar seus representantes em outubro do ano que vem através do voto popular, secreto e soberano. As últimas decisões do governo foram pelo reconhecimento da política e da articulação como único meio de fazer o País avançar", disse pelo Twitter.

A assessoria de imprensa da Câmara havia dito mais cedo que Lira não iria se pronunciar. Braga Netto, por sua vez, disse na entrada do ministério que "não manda recados" e que "isso é mentiroso". A proposta de voto impresso auditável vem da base bolsonarista, e o presidente tem feito coro, falando em fraude nas eleições, mas nunca trazendo provas.

Com informações portal Correio Braziliense

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