Segundo os membros da CPI, o silêncio do presidente acerca do assunto prejudica a conclusão das investigações (Foto: Jefferson Rudy) |
A Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid protocolou no Palácio do Planalto ontem (08/07) uma carta endereçada ao presidente Jair Bolsonaro na qual pede que o mandatário explique as acusações feitas pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF) e o irmão, o servidor público Luís Ricardo Miranda sobre suspeitas de corrupção no contrato de compra da vacina indiana Covaxin.
"Após treze dias, o senhor não emitiu qualquer manifestação afastando de forma categórica, pontual, e esclarecedora as graves afirmações atribuídas a Vossa Excelência, que recaem sobre o líder de seu governo", diz um trecho do documento.
"Entre os inúmeros temas tratados, os depoentes descreveram em detalhes o encontro que tiveram com Vossa Excelência, no Palácio do Planalto, no dia 20 de março de 2021, ocasião na qual teriam lhe alertado a respeito de vícios insanáveis e indícios de irregularidades na documentação referente à importação de 20 milhões de doses da vacina Covaxin."
A carta ainda faz referência ao deputado Ricardo Barros, apontado como possível chefe do esquema por trás da compra do imunizante. Após pressão dos senadores na CPI, Luis Miranda disse que o nome de Barros foi citado por Bolsonaro como o responsável, após o presidente ouvir a denúncia das irregularidades.
"Um dos temas mais sensíveis, motivo deste expediente especificamente, constitui a referência que teria sido feita por Vossa Excelência ao líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros."
O texto aborda depoimento do deputado Luís Miranda, que relatou que Bolsonaro teria dito que entendeu a gravidade da situação e acionaria a Polícia Federal. Segundo Miranda, Bolsonaro teria dito que, aparentemente, se tratava de "um rolo" de Ricardo Barros.
"Somente Vossa Excelência pode retirar o peso terrível desta suspeição tão grave dos ombros deste experimentado politico, o Deputado Ricardo Barros, o qual serve seu governo em uma função proeminente".
Segundo os membros da CPI, o silêncio do presidente acerca do assunto prejudica a conclusão das investigações. "Solicitamos em caráter de urgência, diante da gravidade das imputações feitas, que Vossa Excelência desminta ou confirme o teor da declaração do deputado Luís Miranda. Frisamos que a manutenção do silêncio de Vossa Excelência em relação ao fato específico cria uma situação duplamente perturbadora. De um lado, contribui para a execração do Deputado Ricardo Barros. Segundo, ao não desmentir o relato do deputado Luis Miranda, impede-se que, em não sendo verdadeiras as referenciadas informações, sejam tomadas medidas disciplinares pertinentes", diz o documento.
A carta, assinada pelo presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), pelo vice-presidente, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL), conclui que, caso Bolsonaro desminta de forma assertiva o deputado, a CPI se compromete a dele solicitar esclarecimentos adicionais e provas. "Havendo tal conflito, será permitido à sociedade que tenha o direito de saber a verdade sobre os fatos".
Por fim, citou um salmo que o presidente costuma usar em viagens pelo Brasil: "E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará".
Com
informações portal Correio Braziliense
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