17 de junho de 2021

Senadores querem fazer reunião fechada com Witzel na CPI da Covid

A proposta foi do senador Randolfe Rodrigues para que Witzel fosse ouvido se tivesse informações sensíveis para compartilhar (Foto: Edilson Rodrigues)

A sessão da CPI de ontem (16/06) foi marcada por momentos de tensão e tumulto após Flávio Bolsonaro interromper diversas vezes o depoimento. Após uma acalorada discussão com o filho do presidente, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) questionou se o ex-governador se sentia intimidado pela presença de Flávio Bolsonaro ali.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) então sugeriu uma reunião fechada, apenas com membros da CPI, para que Witzel fosse ouvido se tivesse informações sensíveis para compartilhar.

A possibilidade também foi aventada por Witzel, que sofreu um impeachment em abril de 2020 em meio a acusações de corrupção envolvendo propinas pagas por Organizações Sociais (OSs) na área de saúde.

Witzel, que sempre negou as acusações, disse à CPI que nunca recebeu dinheiro das OSs. "Eu quero saber para quem foi o dinheiro", afirmou. "Eu saí, e as OSs estão lá, operando livremente". "Eu tenho certeza que tem miliciano atrás disso, e eu corro risco de vida", afirmou à CPI.

Witzel também declarou que não tinha como participar da gestão de leitos em hospitais federais do Rio de Janeiro, porque eles "têm dono".

"Os hospitais federais são intocáveis. Se a CPI quebrar os sigilos das OS que gerem os hospitais, vai descobrir quem é o dono dos hospitais", disse.

Questionado sobre quem seria essa pessoa e se Bolsonaro interferiu em seu governo, Witzel disse que só falaria em uma sessão reservada, porque as "acusações são gravíssimas".

Witzel acabou deixando a comissão em meio a uma discussão com o senador Jorginho Melo (PL-SC), após uma pergunta do senador Eduardo Girão (Podemos-CE) sobre suposto desvio de verbas na aquisição de respiradores durante a pandemia no Rio de Janeiro.

"O senador se referiu a mim de forma leviana, até mesmo chula. Continuei enquanto a sessão foi civilizada. Quando isso mudou, eu e meus advogados decidimos que era melhor sair", afirmou Witzel à imprensa após o encerramento da sessão.

Ainda não há data marcada para a realização de uma sessão fechada de Witzel apenas com os membros da comissão. A expectativa é que isso seja decidido na sexta-feira (19/6).

O senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI, disse que iria checar a possibilidade da reunião ser realizada com a consultoria jurídica do Senado.

A princípio, isso seria permitido. Os senadores já fizeram diversos encontros fechados para o público, apenas com membros da comissão, para discussão sobre temas que estão em segredo de Justiça.

O senador Otto Alencar (PSD-BA) disse que a reunião fechada é necessária para Witzel levar informações que não poderia apresentar ao plenário da comissão.

"Até porque, segundo ele, ele está ameaçado de morte", disse Alencar à imprensa após a sessão.

Witzel, que era aliado da família Bolsonaro, disse que foi perseguido pelo Planalto por fazer críticas públicas à resposta do governo federal à pandemia. Afirmou também que tem sofrido ameaças.

"A gente recebe sempre ameaças, (dizendo) que eu deveria estar morto. Quando eu tinha a minha segurança como governador, eu ficava mais tranquilo. Hoje, eu não tenho mais essa prerrogativa. Consequentemente, eu evito sair à rua, sair à noite, ter rotina", disse.

O ex-governador também afirmou que "tem certeza que tem milicianos por trás" da perseguição que estaria sofrendo.

"Miliciano não se declara miliciano. Mas a minha segurança sempre observou a aproximação de veículos. Intimidações houve", disse ele.

Flávio Bolsonaro afirmou que, se houver esta reunião, "ele iria participar", o que Randolfe Rodrigues considerou uma "clara tentativa de intimidação" da testemunha.

Aziz afirmou que checaria se é possível impedir que o filho do presidente esteja presente. Ele não é membro da comissão, mas senadores podem circular livremente pela Casa.

Embora uma reunião fechada seja plausível, nunca houve a necessidade de ativamente excluir um senador que queria participar.

Com informações portal Correio Braziliense

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