16 de junho de 2021

Ceará pode ser o primeiro estado a vacinar 100% da população

O Ceará pode ser o primeiro estado do Brasil a vacinar, com ao menos uma dose, 100% da população apta a ser imunizada contra a Covid-19. O cronograma do governo estadual, segundo o Plano de Operacionalização para Vacinação contra a Covid-19, prevê que pessoas de 18 anos a 59 anos sejam vacinadas até o dia 25 de agosto. A data coloca o Estado em primeiro lugar em levantamento feito pelo portal Poder360 com as unidades federativas que já informaram previsão para imunizar a população geral.

Sete estados brasileiros — São Paulo, Paraná, Goiás, Sergipe, Maranhão, Pará e Rio Grande do Sul — preveem vacinar essa parcela da população pelo menos com a primeira dose até setembro desde ano, segundo o portal. Outras sete unidades — Santa Catarina, Alagoas, Pernambuco, Espírito Santo, Piauí, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte — indicaram outubro como prazo para atingir essa meta. Já Minas Gerais aponta que as pessoas com 18 anos ou mais serão vacinadas até dezembro deste ano.

"Dá para perceber que é como se a campanha de vacinação tivesse dado uma engrenada", comenta Robério Dias Leite, professor adjunto de pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (Famed/UFC) e coordenador do departamento científico de Infectologia da Sociedade Cearense de Pediatria (Socep).

"Se fosse uma vacina só, uma dose única, era muito mais fácil. Então, realmente é uma situação bem complexa, mas acho que o sistema de saúde tem aprendido e tem fluído relativamente bem. Acho que melhorou bastante desde o início. Foram aprendendo com os acertos e com os erros, como é normal", avalia.

Ao todo, 3.371.070 doses de vacinas contra a Covid-19 já foram aplicadas no Ceará, de acordo com o Vacinômetro da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa). O Estado soma 1.091.864 pessoas vacinadas com as duas doses contra a Covid-19, o equivalente a 11,88% da população de 9,1 milhões de residentes no Estado.

O "nó" que o médico ainda percebe na campanha de imunização é "uma certa incerteza" em relação à disponibilidade das vacinas, devido à "situação em que o Brasil se encontra, do atraso e de todos os erros da administração dessa questão a nível nacional". O cumprimento da meta estabelecida por cada estado depende do envio e dessa disponibilidade de vacinas.

Acre, Amazonas, Bahia, Mato Grosso, Roraima, Tocantins, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal não divulgaram estimativas justificando exatamente que o calendário de imunização depende de cada município e do envio das doses pelo Ministério da Saúde (MS). O levantamento do portal Poder360 pondera ainda que os prazos estabelecidos consideram as estimativas do MS, porém, atrasos no envio de lotes dos imunizantes já ocorreram.

Apesar do andamento da campanha de vacinação, o médico Robério Dias Leite tem a percepção de que as pessoas estão "desistindo" de medidas não farmacológicas de prevenção contra a Covid-19, necessárias enquanto a população não estiver efetivamente vacinada. "Nós ainda estamos muito vulneráveis, e as pessoas não estão tendo essa dimensão da situação", afirma o médico.

Ele ainda aponta a vacinação do público pediátrico como um desafio a ser encarado em meio à pandemia. As pesquisas para a administração dos imunizantes em crianças e adolescentes ainda estão sendo realizadas. "Mesmo que as crianças tenham doença menos grave e representem um fator menos importante na transmissão, se não forem vacinadas, ao que tudo indica, elas seriam uma espécie de reservatório do vírus e das mudanças do vírus em um futuro próximo."

Com informações portal O Povo Online

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