10 de junho de 2021

Bolsonaro volta a promover desinformação sobre vacinas em culto

Presidente Bolsonaro, durante Culto Interdenominacional das Igrejas de Anápolis (Foto: Alan Santos)

O presidente Jair Bolsonaro voltou a promover desinformação sobre vacinas. As declarações foram dadas durante culto numa igreja em Anápolis (GO), quando o mandatário alegou que chás indígenas combatem o vírus.

 “Estive, há três semanas, visitando os tukanos e ianomâmis na região de São Gabriel da Cachoeira (AM) e perguntei se os índios haviam sido acometido de covid nas duas etnias. Quase todo mundo, sim. E nas duas etnias, perguntei: ‘Quantos morreram?’. ‘Nenhum’. ‘Tomaram o quê?’ Citaram três nomes de chá de casca de árvore”, afirmou.

O presidente brincou dizendo que os chás indígenas não tem comprovação científica. “E eu pergunto: a vacina tem comprovação científica ou está em estado experimental ainda? Está em estado experimental”, destacou.

Mais uma vez o Chefe do executivo falta com a verdade, pois no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) atestou a eficácia e a segurança de vacinas e as liberou para aplicação no país.

Bolsonaro também voltou a afirmar que há supernotificação de casos de covid-19 no país e creditou ao “tratamento precoce” a salvação de pacientes com a doença. “Se retirarmos as possíveis fraudes, teremos em 2020 o país como aquele com menor número de mortos por milhão de habitantes por conta da covid. Que milagre é esse? O tratamento precoce”, enfatizou.

“Eu tomei hidroxicloroquina, outros tomaram ivermectina, outros, em estado mais grave, alguns poucos, estão tomando porque é difícil encontrar no Brasil a proxalutamida”, disse o presidente.

Os medicamentos, no entanto, são fortemente desaconselhados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O próprio ministro da Saúde do governo relatou, na quarta-feira, durante depoimento na CPI da Covid, que hidroxicloroquina, cloroquina e ivermectina não têm eficácia comprovada contra a doença.

Mais cedo, a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro já tinha repetido sua acusação de números superdimensionadas de casos do novo coronavírus — o número de mortes está em 479.515. Segundo o mandatário, registros falsos chegariam a 45%.

“O TCU (Tribunal de Contas da União) fez dois acórdãos — não sei por que tiraram do ar —, dizendo que o critério mais importante para mandar recursos para estados são as notificações de covid. O próprio TCU disse que essa prática poderia não ser a mais salutar, porque incentivaria supernotificações. Alguns governadores, para poder receber mais dinheiro, notificavam mais mortes por covid”, sustentou.

“Vocês devem ter visto na internet a quantidade de pessoas revoltadas que o parente não havia morrido de covid e botavam no atestado de óbito ‘covid’. Isso, pelo que tudo indica, é um forte indício de tivemos supernotificações no Brasil”, continuou. “No meu entendimento, sim, tivemos supernotificações no Brasil. Alguns governadores praticaram isso aí. Em consequência, tem gente querendo desqualificar o que estou falando para não incriminar governadores. Agora, uma coisa é real: segundo os estudos ali, são estudos estatísticos, não conclusivos, a supernotificação pode chegar a 45%, quase metade”, alegou.

O TCU, porém, já desmentiu três vezes que tenha elaborado relatório sugerindo que metade das mortes atribuídas à covid-19 ocorreu por outras causas.

Bolsonaro também disse que pediu um estudo sobre o tema à CGU. “É uma questão que eu já passei para a Controladoria-Geral da União para estudar, para nós buscarmos realmente uma maneira de salvar vidas, e não ficar agindo como aquelas pessoas lá, né. Não são todas, lá da CPI. Ali, agora, têm gênios sobre saúde, como Renan Calheiros (relator da CPI) e Omar Aziz (presidente da comissão), pelo amor de Deus”, ironizou.

Com informações portal Correio Braziliense

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