Para o relator da CPI da Covid, o senador Renan Calheiros "A tragédia brasileira não é fruto do acaso" (Foto: Reprodução/Facebook)
Em entrevista ao Correio Braziliense, publicada hoje (24/05), o relator da CPI da Covid, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) faz um resumo das primeiras três semanas de funcionamento da comissão, com cuidado para evitar qualquer antecipação ou conclusão precipitada. Renan elege a imparcialidade e a isenção como premissas para acompanhá-lo na relatoria. “Não serei um relator das minhas convicções”, avisa. Mas, como político de longa data, sabe que resposta pronta nem precisa esperar pergunta. Ou seja: tem coisa que já dá para dizer. E ele diz.
Renan afirma que o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, “mentiu compulsivamente” em seu depoimento, o que deve, inclusive, motivar nova convocação. Que dos oito depoentes, apenas um não era aliado do governo e, ainda assim, as tentativas de blindagem foram infrutíferas — o que causou perplexidade e desespero à tropa de choque do governo.
E vai além: “Estamos diante de uma nova cepa do negacionismo. Nega-se tanto, com tamanha intensidade e despudor que chegam a negar o próprio negacionismo. Surreal esse momento da vida nacional, onde a mentira alienante passou a ser um método”.
Calheiros acredita que a investigação em curso já legou avanços. Uma delas é, após 1 ano e 3 meses, o governo assumir um posicionamento técnico, desaconselhando o uso da cloroquina. Afirma ainda que “as cornetas golpistas silenciaram”. Acredita que o primeiro efeito da CPI já está alcançado. “Nessa perspectiva de reafirmar conceitos civilizatórios, resgates iluministas e humanos, a CPI foi pedagógica.”
Para ele, “a tragédia brasileira não é fruto do acaso, mas consequência de erros, muitos, em várias esferas da administração pública” e complementa “Nós temos, provavelmente, o único chefe de Estado que conspirou diariamente contra todas as orientações da ciência. Um obscurantismo medieval, macabro.”
Embora esteja mergulhado na CPI, Renan não deixa de observar o cenário político. Defende candidatura própria do MDB à Presidência da República. Mas observa os passos dos opositores e aliados históricos. Sobre o recente encontro entre Lula e Fernando Henrique Cardoso, entende ser um sinal alvissareiro de retomada do diálogo e civilidade na política. “Esse fundamentalismo, essa jihad política, não pertence à nossa sociedade.”
Com
informações portal Correio Braziliense
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