Os primeiros ouvidos foram ex-ministros Mandetta e Nelson Teich e atual ministro da Saúde Marcelo Queiroga (Foto: Edilson Rodrigues) |
Terceiro a passar pela comissão, Queiroga se esquivou ontem de responder diretamente sobre o uso da hidroxicloroquina para tratamento da enfermidade, medida defendida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no curso da pandemia.
Questionado, o ministro assegurou não ter autorizado "distribuição de cloroquina na minha gestão", acrescentando que não tem "conhecimento de que esteja havendo distribuição de cloroquina".
Interpelado sobre sua posição pessoal em relação à substância, recusou-se a falar claramente e alegou que o tema seria matéria de análise pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec), do SUS.
"Segundo o decreto-lei que regulamenta a Conitec, eu sou instância final decisória. Então, eu posso ter que dar um posicionamento acerca desse protocolo, de tal sorte que eu gostaria de manter o meu posicionamento final acerca do mérito do protocolo quando o protocolo for elaborado", desconversou.
Ao longo de quase nove horas de sessão, Queiroga se desvencilhou de inquirições dos senadores, que se concentraram na recomendação do fármaco feita sistematicamente pelo presidente.
Em transmissão pelas redes sociais ontem, enquanto o depoimento do ministro ainda se desenrolava, Bolsonaro declarou: "Eu nunca vi ninguém morrer por ter usado hidroxicloroquina, que é largamente usada na região amazônica para combater malária e lúpus".
Em seguida, chamou de "canalhas" quem postula que a cloroquina não tem eficácia contra a Covid. "Canalha é aquele que critica cloroquina e ivermectina e não apresenta alternativa", atacou - Bolsonaro ainda classificou a CPI como uma "xaropada".
De acordo com entidades científicas e a Organização Mundial da Saúde (OMS), os remédios, porém, não têm qualquer efeito benéfico para infectados pela Covid. Em seu depoimento, o próprio Queiroga chegou a admitir que a cloroquina pode causar arritmia.
Para o senador cearense Tasso Jereissati (PSDB-CE), o ministro da Saúde ficou na dúvida "entre ser médico ou obedecer ao Bolsonaro" e "não conseguiu responder perguntas ou assuntos que desagradem ao presidente".
Segundo Tasso, contudo, a "CPI superou as expectativas com as duas primeiras oitivas, principalmente dos ministros Mandetta e Teich", que "deixaram muito claro e trouxeram comprovação da impossibilidade de fazer um Ministério da Saúde técnico e científico compatibilizado com as ideias do Bolsonaro e sequer ter autonomia para fazer uma política de saúde".
Também membro da CPI, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) diverge do colega de Legislativo. "Foi uma semana marcada pela conduta parcial do relator, que tratou o Mandetta de uma forma e os demais de outra, mais incisivo, não dando espaço para respostas, tentando induzir e intimidar, principalmente o ministro Queiroga", critica.
Girão avalia ainda que os trabalhos do colegiado "estão prejudicados pela tendência de alguns senadores de deturpar o despacho do presidente do Senado que assegura que sejam atendidos os dois requerimentos que ensejaram a criação da CPI".
Com informações portal O Povo Online
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