Ex-ministro Luiz Henrique Mandetta depõe na CPI da Pandemia ao lado dos senadores Omar Aziz e Renan Calheiros (Foto: Edilson Rodrigues) |
O
depoimento do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) na CPI da Covid
deu a senadores as primeiras pistas sobre o caminho a seguir. Dois pontos
ficaram evidentes: a necessidade de investigar a existência de um comitê
paralelo de combate à doença, que serviria para sustentar o negacionismo do
presidente Jair Bolsonaro, e a necessidade de ouvir o ministro da Economia,
Paulo Guedes, acusado pelo ex-titular da Saúde de ser o pivô da criação do
falso argumento de que ou o governo cuidaria da saúde, ou da economia.
Para alguns senadores, o depoimento de Mandetta também dá pistas da possibilidade de o Executivo ter trabalho deliberadamente para a transmissão do coronavírus, na tentativa de criar uma imunidade de rebanho. É outro ponto que será investigado. Sobre o comando paralelo, surgiram nomes que podem entrar na lista de requerimentos para convocação. Entre eles, o do hoje ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Onyx Lorenzoni; e o do policial militar da reserva Jorge Oliveira, que ocupou o cargo na pasta até 31 de dezembro. Outro que entra na mira é o filho 02 do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).
O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), elogiou a sessão. “O ministro fez um depoimento produtivo, além da expectativa, recheado de informações, de números e de testemunhos. Sua presença nessa comissão vai ajudar muito para que possamos aprofundar toda a investigação”, destacou.
Suplente da CPI, o senador governista Luis Carlos Heinze (PP-RS) criticou os trabalhos. Defensor do uso da hidroxicloroquina no tratamento contra a covid-19, ele acusou a oposição de combinar o depoimento com o ex-ministro. “A gente sabia que senadores jogariam ensaiado com Mandetta. Já tinha uma ordem de perguntas e respostas. Faz parte do processo. Não achei que seria diferente. A realidade tem de vir à tona. O que eu pautei é que temos que ter um tratamento. Tem médicos fazendo tratamento no peito e na raça”, enfatizou.
O também governista Eduardo Girão (Podemos-CE) voltou a defender a alternância de convocados e disse que o depoimento de Mandetta foi “satisfatório”. “Ainda temos um longo trabalho pela frente. Hoje (ontem), foi somente o primeiro depoimento, portanto, é prematura qualquer análise conclusiva”, ponderou.
Vice-presidente do colegiado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que vai apresentar requerimento para convocação do ministro Paulo Guedes. Em relação ao depoimento de hoje, de Nelson Teich, outro ex-ministro Saúde, o parlamentar disse a expectativa é saber se a saída do médico tem relação com a imposição do governo em usar o chamado tratamento precoce, com cloroquina e outros medicamentos sem eficácia comprovada contra a covid-19.
“Sobre Teich, ele ficou pouco tempo no ministério (28 dias). Mas, com ele, começaram as tratativas sobre vacinas. Sobre ele, também, não ficou clara a razão da saída. É importante perguntar se a saída dele teve a ver com a imposição do tratamento precoce”, destacou Rodrigues.
Com
informações portal Correio Braziliense
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