A imagem do almoço entre os ex-presidentes Lula e FHC "viralizou" nas redes (Foto: Ricardo Stuckert) |
Os tucanos devem colocar na rua uma candidatura própria rumo ao Palácio do Planalto em 2022, indicam as principais vozes do partido. A disputa interna ocorre de modo mais destacado entre o governador de São Paulo, João Doria, o senador cearense Tasso Jereissati e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.
FHC, que já confessou "mal-estar" por não ter votado em Fernando Haddad (PT) em 2018, adiantou que fará diferente no próximo ano. Isto é, se Lula e Bolsonaro avançarem ao segundo turno da disputa, cerrará fileiras ao lado do petista.
Antes, porém, disse que se dedicará à construção de uma candidatura peessedebista que possa se fortalecer como alternativa aos dois, a chamada terceira via.
O líder máximo do Partido dos Trabalhadores deu declaração na mesma linha, assegurando que "faria o mesmo se fosse o contrário".
Lula e Fernando Henrique já estiveram lado a lado em outros momentos delicados da vida brasileira, como no movimento Diretas Já, iniciado em 1983, à época reivindicando eleições pelo voto direto no Brasil. O petista havia apoiado FHC - então no MDB - ao Senado Federal em 1979.
Para o presidente do PSDB no Ceará, Luiz Pontes, o almoço entre os dois arranjado pelo ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim, veio em má hora, pois "eu acho que não se mistura o PSDB com o PT a nível nacional", ainda mais porque a candidatura de Lula se torna cada dia mais clara.
O dirigente partidário definiu o almoço como o encontro de um "ex-presidiário que quer ser candidato a presidente da República" com "um ex-presidente de 90 anos". "Deve ter sido interessante essa conversa, Lula dizendo que não vai mais roubar, vai fazer direito", ironizou.
"Se você olhar o PSDB, o PSDB não gostou de maneira nenhuma", disse ainda o ex-senador. É uma posição divergente da do senador Tasso Jereissati, com quem Pontes geralmente tem alinhamento de ideias.
Em áudio enviado ao jornal O POVO pela assessoria de comunicação, o ex-governador do Ceará avaliou como positiva a disposição para o diálogo entre diferentes.
"Acho que a nossa principal missão, hoje, talvez a mais importante seja parar o clima de ódio que está existindo nesse País. Nós nunca vivemos um momento em que País está tão divido e tão cheio de ódio", comentou Tasso, segundo quem é fundamental entender que adversários políticos não devem ser inimigos.
"Entendo esse gesto do presidente FHC nessa direção. Eu, por exemplo, como ex-presidente do PSDB, sempre tentei ter o diálogo aberto com todos os partidos e com todas as lideranças, independente das nossas diferenças", acrescentou o tucano.
Opositor de Bolsonaro, Tasso é entusiasta de um PSDB ao centro, ligado aos valores de social democracia de sua fundação, assim como o ex-presidente Fernando Henrique. O sociólogo, aliás, já afirmou que apoia o amigo cearense na disputa interna que ainda será iniciada para valer, mas já começou informalmente.
A voz do hoje presidente de honra da sigla é importante para o caminho do congressista rumo à candidatura presidencial pelo PSDB.
O deputado federal Danilo Forte (PSDB-CE) afirmou ao O POVO que o "combustível da democracia" é o diálogo, motivo pelo qual, na visão dele, não só Lula e FHC deveriam sentar para a conversa, mas um leque maior de ex-presidentes, de José Sarney (MDB) a Michel Temer (MDB).
Dentro de uma perspectiva eleitoral é que a conversa é mais necessária ainda, segue Forte. "Acho que o debate interno do PSDB precisa estar sintonizado com os demais segmentos da sociedade do mesmo campo. Estamos no centro, que vai construir uma alternativa. Só vai construir se dialogar com outras forças", afirma o tucano.
Em outras palavras, Forte diz que o PSDB tem de estar sintonizado com os segmentos da sociedade identificados com o centro político. O melhor intérprete desse perfil dentro do PSDB, ele opina, é Tasso Jereissati.
Ele então diz que o adversário local do ex-ministro Ciro Gomes (PDT) poderia praticar um "gesto de grandeza" e retirar a candidatura em benefício do empresário tucano.
"Ele (Tasso) precisaria sair com as forças do centro unificadas, poderia ter um reflexo na questão nacional e o Ceará apresentar um candidato competitivo", analisou o deputado, para quem Ciro tem um "teto de votos".
Questionado sobre se apoiaria uma definição do PSDB de recomendação de voto no PT em 2022, caso os tucanos não acessem o segundo turno, Forte respondeu que ainda é cedo para saber quem seguirá para a parte complementar do pleito.
"As variáveis são muito grandes. Da economia, da pandemia, dos candidatos, como o mundo, as mudanças são muito rápidas. O mundo está evoluindo numa velocidade muito grande", analisou o parlamentar.
Prefeito de Maracanaú e vice-presidente nacional do PSDB, Roberto Pessoa disse que encarou com naturalidade o encontro entre os dois ex-presidentes. "Eu achei coerente com a história dele (Fernando Henrique). O que está levantando essa polemica é que isso teria enfraquecido nosso pré-candidato, o Tasso, o gaúcho ou o Doria", disse.
Assim como Forte, Pessoa rende elogios a Tasso, a quem defendeu como "o melhor candidato que o partido tem, pela sua história, pela sua experiência. Pelo momento que estamos vivendo, não tenho dúvida que é o melhor nome", disse.
Histórico
de polarizações PT e PSDB:
1994 - Fernando Henrique Cardoso (PSDB) x Luiz Inácio Lula da Silva (PT): Vitória do PSDB em primeiro turno;
1998 - FHC (PSDB) x Lula (PT): Vitória do PSDB em primeiro turno;
2002 - Lula (PT) x José Serra (PSDB): Vitória do PT em segundo turno;
2006 - Lula (PT) x Geraldo Alckmin (PSDB): Vitória do PT em segundo turno;
2010 - Dilma Rousseff (PT) x José Serra (PSDB): Vitória do PT em segundo turno;
2014 - Dilma Rousseff (PT) x Aécio Neves (PSDB): Vitória do PT em segundo turno.
Com informações portal O Povo Online
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