Em entrevista a rádio de Fortaleza ex-presidente Lula elogia Camilo

 

O ex presidente Lula foi entrevistado na rádio O Povo/CBN pelo jornalista Jocélio Leal (Foto: Julio Caesar)

“Eu vou disputar esse coração bondoso do Camilo”, disse, em entrevista ao jornalista Jocélio Leal na Rádio O POVO CBN. A declaração ocorreu logo após o presidente ser questionado sobre o “coração dividido” do governador, que, apesar de ser petista, tem relação próxima no Ceará do grupo político dos irmãos Cid e Ciro Gomes (PDT).

Antes, Lula destacou que não apoiou diretamente Camilo na primeira eleição do governador, em 2014, por conta da candidatura do ex-senador Eunício Oliveira (MDB) na disputa. “O Temer era vice da Dilma”, justifica, dizendo ainda que, por conta disso, entendeu postura pró-Ciro de Camilo em 2018. O petista afirma, no entanto, que “as coisas evoluíram de lá para cá”.

“Vamos ver o que vai acontecer em 2022. Se eu vou ser candidato, ver o que o Camilo quer ser. O Camilo é um companheiro que pode crescer, ele pode ter aspirações maiores, para ser até presidente. O Rui Costa (governador da Bahia) pode ser, o Wellington (Dias, governador da Bahia) pode ser. Por isso acho cedo discutir isso”, disse. 

Lula também destacou trabalho de Camilo na resposta à pandemia, que classificou como "extraordinário". "Não só no combate ao coronavírus, mas pelo que tem feito de política de auxílio às pessoas mais pobres, inclusive com compra de hospitais novos e o aumento de leitos”, disse, afirmando que o governador poderia “ensinar” a Bolsonaro sobre o tema.

O petista também respondeu uma série de recentes críticas e cobranças que recebeu do ex-ministro Ciro Gomes, aliado maior de Camilo e pré-candidato do PDT à Presidência. Recentemente, Ciro declarou que Lula deveria "seguir o exemplo" de Cristina Kirchner, ex-presidente da Argentina que, diante de um desgaste próprio com a opinião pública, abriu mão da cabeça de chapa na eleição do país em 2019.

“Falam isso, mas a Cristina indicou um candidato do partido dela, tá? Lá a briga foi dentro do próprio partido", diz Lula. "Eu acho que tem que ter uma aliança política ampla em 2022, mas ninguém pode vetar ninguém. Não pode ser 'nós vamos ter aliança se o Lula não for candidato', 'se o Haddad não for candidato', se o PT não tiver cabeça de chapa'".

Nesse contexto, Lula disse ainda que ainda espera um "Ciro afável" com a esquerda até 2022. "O Ciro agora está fazendo uma inflexão política, na minha opinião, equivocada. Ele resolveu colocar o PT e a esquerda como inimigos, para tentar namorar quem? Qual é a dama que ele acha que vai ganhar nesse baile do jogo político? Os herdeiros dos tucanos? Os setores da direita?”, questionou, afirmando que Ciro deve “colocar a cabeça no lugar”.

O ex-presidente fez ainda aceno ao empresariado cearense. "Faça um levantamento e veja na história republicana do Brasil em que momento o Estado do Ceará recebeu mais investimento público federal, se não foi no meu governo ou no da Dilma”, disse, destacando início de obras como a Transposição do rio São Francisco e a Siderúrgica do Pecém.

"Se não fosse uma batalha nossa, essa Siderúrgica teria ido para São Paulo, para Minas Gerais ou para o Rio Grande do Sul. Porque é assim, quando o governo não tem uma visão de desenvolvimento para o país, só quem leva as indústrias é São Paulo, é o Rio de Janeiro. Ou você acha que a Fiat foi do nada para Pernambuco, que essa indústria automobilística foi para o Ceará? Ela foi porque nós brigamos para ela ir”, diz.

Ele destacou, no entanto, que teria como prioridade ainda a população mais pobre do País nas ações do governo. "Entre ceder para a Faria Lima e ceder ao povo pobre do Cariri, eu cedo ao povo pobre do Cariri, ao povo pobre de Fortaleza".

Com informações portal O Povo Online

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Publicado originalmente no Blog Negro Nicolau com foto de

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