O presidente se defendeu citando governos do PT, dizendo que houve indicações à pasta de pessoas ligadas diretamente à legenda (Foto: Reprodução/Facebook)
Após a demissão do ex-ministro da Defesa general Fernando Azevedo e de todos os comandantes das Forças Armadas, o presidente Jair Bolsonaro negou ontem (01/04) que haja politização da pasta. A questão foi levantada depois da exoneração de Azevedo, apontando-se que a mudança promovida pelo presidente se deu por solicitar um maior alinhamento político da pasta e das Forças, algo que não estava tendo.
O ex-ministro, inclusive, pontuou no comunicado no qual anunciou a sua saída que preservou "as Forças Armadas como instituições de Estado". Após sua saída, foram demitidos os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica.
“Houve especulação enorme da mídia, ‘está politizando, quer fazer isso, quer fazer aquilo’. Curiosidade: ambos são generais do último posto da carreira, de quatro estrelas. Vocês sabem que um militar da ativa não pode ser filiado a partido político? Agora, eu estou politizando ao colocar generais do último posto dentro da Defesa? Quem acha que sim, vou responder aqui”, afirmou Bolsonaro.
Em seguida, citou que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) colocou à frente da pasta, entre 2015 e 2016, o senador Jaques Wagner (PT-BA) e também Aldo Rebelo, que era do PCdoB. "Isso é politizar ou eu que estou politizando?", questionou, dizendo que quando "estava sendo aparelhado com gente do PT, (a imprensa) não falava nada".
O presidente elogiou o novo ministro, o general Braga Netto, que até então ocupava a chefia da Casa Civil. “Ele me conhecia, eu conhecia ele, só nós sabemos basicamente o motivo disso tudo, e morreu aqui essa história, não tem que se discutir nada, e (ele) foi para Defesa”, pontuou.
O mandatário ainda agradeceu aos três comandantes: o ex-chefe do Exército, general Edson Leal Pujol, que foi substituído pelo general Paulo Sérgio Oliveira; o então comandante da Marinha, o almirante de esquadra Ilques Barbosa Júnior, que foi substituído pelo almirante Almir Garnier dos Santos; e o tenente-brigadeiro Antonio Carlos Moretti Bermudez, substituído na Aeronáutica pelo tenente-brigadeiro do ar, Carlos de Almeida Baptista Junior. “Só tenho a agradecer aos três comandantes, o trabalho deles para comigo foi excepcional'', disse.
Ainda justificando que não há intenção de politizar a pasta que coordena os militares do país, Jair Bolsonaro afirmou que sempre disse aos seus ministros que o governo joga "dentro das quatro linhas da Constituição". "Não vamos sair desse quadrado e temos que nos preocupar com quem está jogando fora desse quadrado; quem está agindo de forma errada", afirmou, pontuando que providências legais devem ser tomadas "contra quem está agindo fora dessas linhas".
O mandatário ainda defendeu que nunca agiu de forma autoritária. "Onde vocês ouviram ou viram uma só ação minha que visasse termos aqui algo fora da Constituição? Um arroubo de autoritarismo? 'Vamos fechar isso' ou 'vamos censurar aquilo'? Nada", disse.
Mais cedo, durante a transmissão, Bolsonaro voltou a chamar o Exército brasileiro de "meu Exército", ao dizer que os militares não iriam às ruas para atuar no cumprimento de decretos de governadores que determinem fechamento de comércios ou outras medidas restritivas de circulação para conter o avanço do coronavírus no país.
"Meu Exército brasileiro não vai às ruas para agir contra o povo ou cumprir decreto de governadores e prefeitos. Meu Exército, enquanto eu for presidente, não vai", disse. Em outros momentos, no mês passado, o presidente usou a mesma expressão.
No dia 13 de novembro do ano passado, durante um seminário sobre a Defesa Nacional, o então comandante do Exército, general Edson Pujol, disse que a instituição não tem partido e não é "de governo". "Não somos instituição de governo, não temos partido. Nosso partido é o Brasil. Independente de mudanças ou permanências de determinado governo por período longo, as Forças Armadas cuidam do país, da nação, elas são instituições de Estado, permanente. Não mudamos a cada quatro anos a maneira de pensar em como cumprir as nossas missões", afirmou.
Um dia antes, o ex-comandante havia dito que os militares não querem fazer parte da política. A fala foi em resposta ao presidente, que naquela semana havia falado no uso de "pólvora" numa suposta hipótese de um conflito armado contra os Estados Unidos, após um comentário do presidente eleito dos EUA, Joe Biden, que em um debate da corrida à Casa Branca ameaçou impor sanções ao país caso o governo federal não estancasse as queimadas na Amazônia.
Com
informações portal Correio Braziliense
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