23 de março de 2021

Sem ministro da Saúde efetivo, Brasil se aproxima de 300 mil mortes por Covid

Para analistas a indefinição sobre o futuro político de Pazuello atrasa a nomeação de Queiroga (Foto: Reprodução/Facebook)

Anunciado há uma semana como substituto de Eduardo Pazuello à frente do Ministério da Saúde, o médico Marcelo Queiroga só deve tomar posse no cargo na próxima quinta-feira, 25. Sem ministro de fato, a pasta da gestão Bolsonaro enfrenta um vácuo de comando no pior momento da pandemia de Covid-19, quando o País se aproxima rapidamente do patamar de 300 mil óbitos.

Dois fatores estão por trás da demora na nomeação de Queiroga: a desincompatibilização do cardiologista de empresa na qual é sócio-administrador, ainda não efetivada, e a indefinição sobre o futuro político de Pazuello.

Alvo de investigação no Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de omissão no episódio da falta de oxigênio em Manaus (AM), o general deve ocupar posto no Governo se pretender manter foro especial por prerrogativa de função. Do contrário, o inquérito no qual é parte é remetido à Justiça comum, possivelmente no Distrito Federal.

Nessa hipótese, o andamento da apuração seria mais célere e seu desfecho, imprevisível, podendo resultar mesmo na prisão do futuro ex-ministro, a depender de como o magistrado a cargo de quem esteja o processo se posicione.

A fim de salvaguardar Pazuello, o presidente Jair Bolsonaro cogita até mesmo criar um Ministério Extraordinário da Amazônia, para o qual ele seria realocado. Outra possibilidade é assegurar status de ministério a alguma secretaria.

Para deputados federais do Ceará ouvidos pelo jornal O POVO, o impasse no Ministério da Saúde trava negociações importantes sobre a vacinação e conversas entre o Governo Federal e os estados, que tentam viabilizar a compra de mais imunizantes e acelerar a cobertura vacinal.

"O governo não tem nenhuma noção da responsabilidade que deveria ter. É inimaginável que a gente teve ciência de que haveria um novo ministro da Saúde há uma semana e até agora não foi nomeado, na tentativa de blindar o que está de plantão", critica o líder da oposição na Câmara, André Figueiredo (PDT).

"É uma vergonha", continua o pedetista. "Enquanto isso, a população brasileira padece e mais e mais óbitos vão se acumulando dia após dia por conta da irresponsabilidade desse presidente."

Parlamentar do PV, Célio Studart considera que a incerteza em torno de quem ocupa a chefia do ministério, se Pazuello ou Queiroga, "deixa mais ainda a logística da vacinação a cargo dos estados", o que, segundo ele, "dificulta, pois nem todos os estados possuem a mesma força de negociação, de entrância e articulação com o mercado e fabricantes que o Governo Federal possui".

Integrante da mesa-diretora da Câmara, o também pedetista Eduardo Bismarck avalia o cenário como preocupante. "O Ministério da Saúde antes tinha uma postura errática com relação à vacinação, hoje parece cachorro de dois donos: morre gordo ou de fome", compara.

De acordo com o deputado, o legado de Pazuello é ruim, o que torna a sua saída ainda mais urgente. "Por mais que o ministro tenha iniciado tardiamente um plano de aquisição, tomou muitas decisões erradas na condução da crise e perdeu capacidade de continuar à frente do ministério", aponta.

E acrescenta: "Mandado ou não, sua performance prejudicou a população e a economia do País. Um novo ministro da Saúde deve, necessariamente, estar focado na vacinação e no suporte aos estados e municípios, mas não temos um novo ministro".

Com informações portal O Povo Online

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