Ontem (23/03) o Brasil superou mais uma vez um preocupante recorde no que diz respeito à pandemia de Covid-19. Pela primeira vez em 24 horas, foram registradas 3.251 mortes em decorrência da infecção causada pelo coronavírus. Esse é o número mais alto já contabilizado nas atualizações diárias desde que a doença chegou ao País. Segundo dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e do Ministério da Saúde (MS), nesse mesmo período foram somados novos 82.493 diagnósticos.o mesmo tempo, o Ceará ultrapassou ontem a marca de 13 mil óbitos por Covid-19. Com 178 novas mortes registradas em relação aos dados disponibilizados pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) na véspera, 22, o Estado chegou a 13.048 vítimas da doença. Ao todo, 511.170 casos da doença foram confirmados. As informações foram atualizadas na plataforma IntegraSus às 13h35min.
Em apenas dois dias deste mês de março o registro de mortes no Brasil esteve abaixo de mil óbitos em 24 horas: nos dias 1º (778 novos óbitos) e 8 (987 mortes).
Ao todo, ao longo deste mês de março, foram registradas 43.734 vítimas da Covid-19. É o correspondente a 14,6% dos quase 300 mil óbitos acumulados em um ano de pandemia no Brasil. Esses dados são contabilizados no momento em que o País enfrenta desabastecimento de oxigênio medicinal e de medicamentos para intubação, além de altas taxas de ocupação de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) em diversos estados.
Nesse
contexto, o Comitê Extraordinário de Monitoramento Covid-19 da Associação
Médica Brasileira (CEM COVID/AMB) publicou ontem um boletim extraordinário para
fornecer orientações a médicos e pacientes e cobrar autoridades sobre medidas
para controlar a pandemia no País.
No documento, a entidade alerta sobre a maior capacidade de transmissão da variante P1 do coronavírus. Além disso, cobra celeridade na vacinação contra a doença; reafirma a falta de comprovação científica de medicamentos como hidroxicloroquina e ivermectina no tratamento ou na prevenção da Covid-19 e aponta a importância dos protocolos sanitários e do isolamento social.
"Reiteramos que o Brasil requer ações unificadas e coordenadas de combate à Covid-19 dos governantes das esferas federal, estadual e municipal, incluindo ações coordenadas de todos os ministérios, e gestores públicos e privados da saúde, sem qualquer resquício de ideologias e interesses políticos", diz um dos pontos da nota.
Na noite de ontem, 23, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez um pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV. Após um ano marcado por falas e atitudes em que menosprezou a gravidade da doença, promoveu aglomerações e pôs em xeque a eficácia das vacinas, o presidente mudou o tom: apontou desafios do atual cenário, solidarizou-se com quem perdeu entes para a doença e afirmou que 2021 será "o ano da vacinação dos brasileiros".
Em nota, o Coletivo Rebento — Médicos em Defesa da Vida, da Ciência e do SUS (Sistema Único de Saúde) afirmou que o novo recorde atingido nesta terça-feira não é uma fatalidade, "mas uma escolha política". "Na segunda-feira, dia 22, Bolsonaro falava que não mudaria sua posição, porque até então ninguém o havia convencido do contrário", pontua o grupo.
Na publicação, o coletivo também questionou a fala do presidente em cadeia nacional. "'Solidarizo-me com todos aqueles que tiveram perdas em suas famílias', disse no pronunciamento. Que solidariedade é essa, se ele desrespeita e debocha da dor e do luto dos brasileiros, falando, a cada recorde negativo de mortes, expressões como 'não sou coveiro', 'vá comprar vacina na casa da sua mãe', 'chega de mimimi'?."
Em carta aberta também publicada ontem, a Confederação Nacional de Municípios (CNM) cobrou que o presidente assuma "de uma vez por todas" a coordenação nacional no enfrentamento da Covid-19 no País, empenhando-se "pessoalmente" em campanha em prol da vacina e da adoção de medidas como o distanciamento social, o uso de máscaras e álcool gel, além do fomento à produção e à importação de neurobloqueadores e oxigênio.
Com
informações portal O Povo Online
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