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| O presidente Bolsonaro, faz declaração à imprensa após reunião com chefes dos três poderes e seus ministros (Foto: Evaristo Sa) |
Apenas quando o Brasil é considerado o epicentro mundial da pandemia, se destacando pela má atuação no enfrentamento da doença, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) achou por bem criar um grupo para estruturar medidas nacionalmente. Antes tarde do que nunca? Sim. É um passo mínimo. Principalmente considerando que Bolsonaro, por vezes, colaborou com o vírus. Mas pouco deve mudar. A criação do Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento da Pandemia mais de um ano após confirmação da Covid-19 no País, além de escandalosamente atrasada, visa sustentar uma falsa mudança de postura. Uma resposta superficial à pressão política e ao efeito Lula. Sempre de olho em 2022.
A mudança repentina não foi motivada para evitar o aumento das mortes que se acumulam de forma desenfreada. Mas pela inquietação do setor econômico diante desse cenário. Mais de 1,5 mil economistas, banqueiros e empresários assinaram e divulgaram, há uma semana, carta pedindo medidas mais eficazes no combate à pandemia.
Na terça-feira, 23, sob pressão do Centrão, o presidente deu posse ao quarto ministro da Saúde de sua gestão, que volta a ter um médico no comando. O cardiologista Marcelo Queiroga defendeu o uso de máscara e prometeu ampliar a vacinação. Mas afastou apoio a um lockdown no País.
Na quinta-feira, 25, Bolsonaro assinou decreto formalizando a criação do Comitê, que visa a "discussão das medidas a serem tomadas e o auxílio na articulação entre poderes e entre os estados". Contudo, o presidente continua confrontando medidas restritivas adotadas pelos governos locais e defendendo o tratamento precoce. Os chefes dos executivos estaduais sequer compõem o comitê.
Nessa semana, o País ultrapassou as 300 mil vítimas da Covid-19. Um terço desse total foi registrado apenas nos últimos dois meses e meio, o que demonstra o estado de descontrole. Enquanto Bolsonaro aposta em mudança de postura de faz de conta, no pior momento da pandemia, milhares de famílias vivem um drama real.
Publicado originalmente no portal O Povo Online
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